5º DOMINGO DA QUARESMA ANO A 2014 (Adaptado e postado
pelo Diácono Ismael)
SINOPSE: Veja meu Blog: http://www.diaconoismaelpereira.blogspot.com.br/
Tema: Ressurreição para a vida. “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”
Primeira leitura: Deus oferece uma vida
nova, Na obediência a Deus e no amor aos irmãos.
Evangelho: - Cristo, ÁGUA para a nossa sede (Samaritana);
Evangelho: - Cristo, ÁGUA para a nossa sede (Samaritana);
- Cristo, LUZ para as nossas trevas (Cura do cego);
Hoje: - Cristo,
Ressurreição para a VIDA (Lázaro).
Jesus veio dar a vida
definitiva pela proposta de obediência ao Pai.
Segunda leitura: no Batismo optamos pela vida nova que
Jesus nos dá. Que sejamos coerentes.
5. PRIMEIRA LEITURA (Ez
37,12-14) Leitura da Profecia de Ezequiel.
Assim fala o Senhor Deus: “vou abrir as sepulturas e
conduzir-vos para a terra de Israel; Porei em vós o meu espírito, para que
vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e
faço – oráculo do Senhor”.
AMBIENTE - Ezequiel, “o profeta da
esperança entre os exilados na Babilônia. Os exilados estão desesperados e
duvidam da bondade de Deus; Deus libertador e salvador não os abandonou;
regressarão a Jerusalém.
Visão
da planície cheia de ossos; o Senhor sopra e eles são revestidos de pele e
ganham vida.
MENSAGEM A situação é de
morte. Eles não vêem perspectivas de futuro; ausência de esperança.
Jahwéh vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação. Mas Deus vai fazer ainda mais: vai derramar o seu Espírito (o “ruah”). É o mesmo contexto de Gn 2,7: no homem que criou do barro, Deus infundiu o seu “hálito de vida” (“neshamá”) para o tornar um ser vivente; aqui, sobre o Povo que jaz no túmulo, Deus “infunde o seu Espírito” (“ruah”; nova criação: Jahwéh é o Deus da vida. Em cada instante da história Ele está presente, recriando o seu Povo,transformando-o, renovando-o, encaminhando-o para a vida plena.
Jahwéh vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação. Mas Deus vai fazer ainda mais: vai derramar o seu Espírito (o “ruah”). É o mesmo contexto de Gn 2,7: no homem que criou do barro, Deus infundiu o seu “hálito de vida” (“neshamá”) para o tornar um ser vivente; aqui, sobre o Povo que jaz no túmulo, Deus “infunde o seu Espírito” (“ruah”; nova criação: Jahwéh é o Deus da vida. Em cada instante da história Ele está presente, recriando o seu Povo,transformando-o, renovando-o, encaminhando-o para a vida plena.
ATUALIZAÇÃO • não estamos
abandonados à nossa miséria e finitude… Deus caminha ao nosso lado; em cada
instante Ele lá está, tirando vida da morte, “escrevendo direito por linhas
tortas”.
• Apesar do sofrimento que faz parte da fragilidade em que
vivemos, Deus está presente criando vida e oferecendo a esperança a cada
instante.
• Deus age através de homens – como Ezequiel – dando vida
nova, com palavras e com gestos.
9. EVANGELHO (Jo 11,1-45) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Lázaro, que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta,
sua irmã. Maria era aquela que ungira o Senhor com perfume e enxugara os pés
dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava doente. As irmãs
mandaram então dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. Ouvindo
isto, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de
Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. Jesus ficou ainda
dois dias onde se encontrava. ...Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”.
Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”.
Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que
morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?”
: “Sim, Senhor, eu creio... “Onde o colocastes?” Responderam: “Vem ver,
Senhor”. E Jesus chorou.
...disseram: “Vede como ele o amava!” ...Disse Jesus: “Tirai a
pedra!”... Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou
graças... para que creia que tu me enviaste”. ...exclamou com voz forte:
“Lázaro, vem para fora!” O morto saiu, atado de mãos e pés e o rosto coberto...
...disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” Então, muitos ...viram o que Jesus
fizera creram nele.
AMBIENTE João apresenta Jesus
como o enviado pelo Pai para criar um Homem Novo.
MENSAGEM: Jesus
ama a Lázaro; mas atrasa-se deliberadamente. Provavelmente significa que Jesus
não veio para alterar o ciclo normal da vida física do homem, libertando-o da
morte biológica; veio, sim, para dar um novo sentido à morte física e oferecer
ao homem a vida eterna.
Depois de dois dias, Os discípulos tentam dissuadi-lo: Jesus não dá atenção
ao medo dos discípulos: quer realizar o plano do Pai de dar vida ao homem. Ele
é o pastor que desafia o perigo.
Sepultado há já quatro dias; a morte era considerada definitiva a partir do
terceiro dia. Jesus não elimina a morte física; mas, para quem é “amigo” de
Jesus, a morte não é mais do que um sono. Para que essa vida definitiva possa
chegar é necessário aderir a Jesus no amor (“todo aquele que vive e acredita em
mim, nunca morrerá”). Maria tinha ficado em casa imobilizada, pela dor sem
esperança. Marta convida a irmã a sair da sua dor e a ir ao encontro de Jesus.
Nas palavras de Maria há uma reprovação a Jesus por não ter estado presente,
impedindo a morte física de Lázaro. Jesus
chora mostrando o seu afeto por Lázaro.
A pedra separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Jesus manda
tirar essa “pedra”: oferece a vida plena. A morte física não afasta o homem da
vida.
A ação de dar vida a Lázaro é a
concretização da missão que o Pai confiou a Jesus: dar vida plena e definitiva
ao homem. É por isso Jesus ergue os
olhos ao céu e dá graças ao Pai: Depois, Jesus mostra Lázaro vivo na morte,
pois a morte física não interrompe a vida plena do discípulo que ama Jesus e O
segue.
A família de Betânia representa a
comunidade cristã, formada por irmãos e irmãs. Todos eles conhecem Jesus, são
amigos. Ser amigo de Jesus é saber que Ele é a ressurreição e a vida e que dá
aos seus a vida plena. Ele não evita a morte física; é, para os que aderiram a
Jesus, apenas a passagem para a vida definitiva. Podemos chorar a saudade pela
partida de um irmão, mas temos de saber que, ao deixar este mundo, ele
encontrou a vida plena, na glória de Deus.
ATUALIZAÇÃO • Não há morte para os “amigos” de Jesus – Os “amigos” de Jesus experimentam a morte física; mas essa morte não é aniquilação: é, apenas, a passagem para a vida definitiva.
• No Batismo, escolhemos vida plena e
definitiva que Jesus oferece e que garante a eternidade.
• Diante da certeza que a fé nos dá, somos convidados a
viver a vida sem medo da morte. Jesus torna-nos livres para gastar a vida ao
serviço dos irmãos contra tudo aquilo que oprime o homem
7. SEGUNDA LEITURA (Rom 8,
8-11) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos, os que vivem
segundo a carne não podem agradar a Deus. ...E, se o Espírito daquele que
ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou
Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio
do seu Espírito que mora em vós.
AMBIENTE Deus tem um projeto de
vida plena que Jesus Cristo nos comunica.
Acolhendo essa graça recebida no Batismo, Cristo
transforma-nos em pessoas novas.
MENSAGEM “Viver segundo a carne” é viver à margem de Deus no egoísmo e da autossuficiência, cujos valores são o ciúme, o ódio, a ambição, a inveja, a libertinagem; “viver segundo o Espírito” significa vida vivida nos valores da caridade, da alegria, da paz, da fidelidade e da temperança.
A partir do batismo vivemos sob o domínio do Espírito como “filhos de Deus”. É,
pois, o Espírito que nos liberta do pecado e da morte e nos transforma em
pessoas novas em direção à vida plena, à vida definitiva.
ATUALIZAÇÃO • O batizado é alguém que escolheu identificar-se com Cristo na obediência aos planos do Pai e no dom da vida em favor dos irmãos. O exemplo de Cristo garante-nos: uma vida que está dentro do projeto do Pai não termina no fracasso, mas na vida definitiva, na felicidade total.
OBS.
Caríssimos, Jesus é a
própria Ressurreição; ele é a própria Vida, Vida plena, Vida divina, Vida
eterna! Jesus é a plenitude da vida, da nossa existência: nele, o nosso caminho
termina não no Nada, mas na plenitude da Glória. Sem ele, seríamos nada, sem
ele, tudo quanto vivemos terminaria no aniquilamento: Num mundo que
procura a felicidade, Jesus nos apresenta como a própria vida!
Lázaro estava doente, sofrendo; Os
caminhos de Deus não são os nossos caminhos, os nossos tempos e modos não são
os dele. Jesus chorou por Lázaro, mas não impediu sua doença e sua morte!
Ele nos ama, ele é fiel, ele se preocupa conosco, ele conhece nossas dores.
Mas, jamais compreenderemos seu modo de agir na nossa vida! Uma coisa é certa:
se crermos, veremos sempre a glória de Deus em tudo e em tudo Deus será
glorificado!
Então, Jesus diz: “Eu sou a Ressurreição! Eu sou
a Vida!” Atenção! A Ressurreição é uma pessoa: A Ressurreição é
Jesus em pessoa: “Eu
sou a Ressurreição e a Vida! Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá!”
É na força dele que seremos erguidos da morte, é nele que nossa vida é salva do
Vazio! “Se o Espírito
do Pai que ressuscitou Jesus dentre os mortos já habita em vós, então o Pai que
ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos
mortais por meio do Espírito que habita em vós!”
É esta a nossa esperança: a
Ressurreição! Por ela vivemos! E já possuímos como garantia o Espírito Santo de
ressurreição. Então, vivamos uma vida nova, uma vida de ressuscitados em Cristo
Jesus! Deixemo-nos guiar pelo Espírito! Renovemo-nos! Convertamo-nos!
--------------- PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:
LOUVOR (QUANDO O PÁO
CONSAGRADO ESTIVER NO ALTAR)
à O Senhor esteja com todos vocês... demos graças aos Senhor,
nosso Deus...
è COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, DEUS DE BONDADE.
èDeus, nosso Pai, nós Vos bendizemos,
porque sois o Deus da Vida, o Deus libertador; Vos agradecemos o envio de vosso
Filho para nos transformar em novas pessoas através do batismo; Nele somos
cidadãos do alto.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, DEUS DE BONDADE.
èÓ Pai, nós vos damos graças pelo vosso
Espírito santo que nos alimenta e nos transforma. Que Ele nos justifique para
que nos tornemos vossa imagem e semelhança. Que um dia possamos estar junto ao
vosso Filho na eternidade vos louvando para sempre.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, DEUS DE BONDADE.
à Pai, despertai em nós uma
fé viva e uma esperança que nos faça agir como filhos na construção de vosso
reino.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, DEUS DE BONDADE.
à PAI NOSSO... a paz de cristo... eis o cordeiro...
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Homilia de D. Henrique Soares
De hoje a oito estaremos entrando na Semana Santa, com
a solenidade dos Ramos e da Paixão do Senhor. Agora, neste último Domingo antes
dessa Grande Semana, a Liturgia nos apresenta o Senhor Jesus como nossa
Ressurreição e nossa Vida. Aqui, não estamos falando de modo figurado,
metafóricos! Jesus é realmente, propriamente, a nossa Vida, a nossa
Ressurreição! Ele é o cumprimento do sonho de vida e felicidade que o Pai,
desde o início, tem para nós: “Ó
meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel.
Porei em vós o meu Espírito, para que vivais!” É em Jesus que esta
promessa se cumpre, é nele que somos arrancados das sepulturas da vida e da
sepultura da morte; é no seu Espírito Santo, derramado sobre nós, que o Pai nos
vivifica!
Caríssimos, Jesus é a própria Ressurreição; ele é a
própria Vida, Vida plena, Vida divina, Vida eterna! Jesus é a plenitude da
vida, da nossa existência: nele, o nosso caminho termina não no Nada do
absurdo, do vazio, mas na plenitude da Glória. Sem ele, seríamos nada, sem ele,
tudo quanto vivemos terminaria no aniquilamento: “De que nos valeria ter
nascido, se não nos redimisse em seu amor?” – é o que vai perguntar
a liturgia da Igreja daqui a poucos dias, na noite da Páscoa. Num mundo que
procura desesperadamente a vida, a felicidade; numa época como a nossa, em que
se tem sede de um motivo para viver, de um sentido para a existência, Jesus se
nos apresenta como a própria vida!
Mas, escutemo-lo falar, ele mesmo nos Evangelho deste
Domingo. Deixemos que ele nos fale da vida, que ele mesmo nos ensine a viver!
Lázaro estava doente, sofrendo; depois, morreu. Suas
irmãs estavam sofridas, angustiadas, imploraram tanto pela vinda do Senhor para
curar o irmão… E Jesus não vai; Jesus demora-se. Quantas vezes fazemos, nós
também, esta mesma experiência em nossa vida. “Esta doença não leva à morte; ela serve para a
glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela!”
E, pensemos bem:
“Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. Quando ouviu
que estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar em que se encontrava”…
Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos, os nossos tempos e modos não
são os dele. “Senhor,
se estivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido…” Jesus
sentiu a morte de Lázaro, Jesus“ficou
profundamente comovido” e chorou por Lázaro, mas não impediu sua
doença e sua morte! Vede, irmãos: nosso Deus não é tapa-buracos; jamais
compreenderemos seu modo de agir! Ele nos ama, ele é fiel, ele se preocupa
conosco, ele conhece nossas dores. Mas, jamais compreenderemos seu modo de agir
no mundo e na nossa vida! Uma coisa é certa: se crermos, veremos sempre a
glória de Deus, em tudo no mundo e em tudo na nossa vida Deus será glorificado!
Então, Jesus consola Marta e Maria. Jesus lhes promete
a Ressurreição. Como todo judeu, as irmãs esperam a Ressurreição no Último Dia,
no final dos tempos. Jesus, então, faz uma das revelações mais impressionantes
de todo o Evangelho: “Eu
sou a Ressurreição! Eu sou a Vida!” Atenção! Levemos a sério esta
afirmação! Detenhamo-nos diante dela, admirados! A Ressurreição que os judeus
esperavam chegou: é Jesus! A Ressurreição não é uma coisa, uma realidade
impessoal! Não! A Ressurreição é uma pessoa: ela tem coração, rosto, voz e amor
sem fim! A Ressurreição é Jesus em pessoa: “Eu sou a Ressurreição e a Vida! Quem crê em mim,
mesmo que esteja morto, viverá!” É ele quem vem nos buscar, é na
força dele que seremos erguidos da morte, é nele que nossa vida é salva do
Absurdo, do Nada, do Vazio: “quem
vive e crê em mim, não morrerá para sempre!” Nunca será demais a
surpresa, a admiração, a grandeza dessas palavras! Caríssimos, “Deus nos deu a Vida eterna, e
essa Vida está no seu Filho” (1Jo 5,11), esta Vida é o seu Filho!
Caríssimos, estamos para celebrar a Páscoa. Não
esqueçamos que é para que tenhamos a vida que o nosso Jesus se entregou por
nós: morto na carne foi vivificado no Espírito Santo pela sua ressurreição (cf.
1Pd 3,18). Ressuscitado, plenificado no Espírito Santo, derramou sobre nós esse
Espírito de vida, dando-nos, assim, a semente de Vida eterna: “Se o Espírito do Pai que
ressuscitou Jesus dentre os mortos já habita em vós, então o Pai que
ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais
por meio do Espírito que habita em vós!”
É esta a nossa esperança: a Ressurreição! Por ela
vivemos, dela temos certeza! E já possuímos, como primícias, como garantia o
Espírito Santo de ressurreição. Então, vivamos uma vida nova, uma vida de
ressuscitados em Cristo
Jesus : “Os
que vivem segundo a carne, segundo o pecado, não podem agradar a Deus! Vós não
viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito” do Cristo Jesus!
Então, vida nova! Deixemo-nos guiar pelo Espírito! Renovemo-nos!
Convertamo-nos! Que as observâncias da santa Quaresma, o combate aos vícios, a
abstinência dos alimentos e a confissão dos pecados nos preparem para celebrar
de coração renovado a Santa Páscoa – esta, de 2005 e aquela, da Vida eterna!
Amém.
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Homilia do Pe.
Françoá Costa
Protesto! A quantidade também é
importante!
Não gosto de visões estreitas e pessimistas dentro do
cristianismo. Talvez se poderia dizer que esse sacerdote tem uma visão
triunfalista. Então, que se diga! Não me importa. O fato é que você e eu
nascemos para dominar, para conquistar, para dar sentido a esse mundo. É
urgente que cumpramos essa nossa missão. Já chega de ficar num anonimato
morticínio. Um cristão que não tenha fome apostólica de “comer o mundo”, ou
seja, um filho de Deus que não deseje evangelizar, “já cheira mal, pois há
quatro dias que ele está aí…” (Jo 11,39), na tumba; está num estado cadavérico.
Já estamos no quinto domingo da quaresma e temos que
sentir a urgência daquilo que o Papa lembrava para esse domingo, que “Deus
criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão
autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu
viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o
universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança” (Papa
Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2011).
Concretamente, nesses últimos dias: a quantas pessoas
vamos fazer a proposta de que tenham uma vida cristã comprometida? A quantos
dos nossos amigos convidaremos a fazer uma boa confissão? A quantos
companheiros de profissão insistiremos para que participem conosco de algum
meio de formação cristã? Por quantos familiares estamos fazendo penitência para
que durante essas celebrações quaresmais e de semana santa tenham um encontro
com Deus? Eu quero números. Não podemos conformar-nos com aquele ditado que
reza assim: “o importante é a qualidade, não a quantidade”. Eu protesto! A
quantidade também é importante! A Igreja Católica não é uma espécie de
oligarquia, de gente selecionada porque seria o melhor da society, de gente
chique e inteligente que forma um gueto de iluminados. Não! Na Casa de Deus
cabem todos.
O cristão que não sente os interesses de Deus como
sendo os seus próprios interesses ainda não saiu da casca do ovo do egoísmo.
Deus quer salvar a todos. Jesus morreu por todos. O nosso Salvador não se
contenta em ficar com noventa e nove ovelhas, ele quer as cem dentro do
rebanho. Quem somos nós para diminuir a vontade salvífica e universal de Deus?
Seria uma pretensão boba, sem sentido e destinada ao fracasso. Deus quer a
todos! A todos!
Como é importante examinar-nos para que deixemos pra
trás o nosso sepulcro, o nosso fedor pessoal, a nossa visão míope! Como?
Começando com uma boa confissão? Poderia ser. Também é importante ter um
pequeno plano de vida espiritual no qual esteja presente momentos de oração
pessoal, de devoção a Nossa Senhora e de tempo para a leitura daqueles bons
livros que nos vão dando formação. Sem dúvida, a Missa, pelo menos dominical, e
a santa comunhão, ocuparão o centro da nossa vida. Um cristão forte no seu
interior, vivo pela graça de Deus, sempre sentirá o desejo de compartir com os
demais a alegria que vive e que sente. Somente quem tem vida interior
experimenta de verdade o que é ser apóstolo, evangelizador no século XXI.
Fora os fedores! Ao contrário, levemos sempre em todo
o nosso ser o “perfume de Cristo” (2 Cor 2,15), esse perfume da graça que atrai
e que satisfaz, que nos transporta à eternidade fazendo-nos permanecer com uma
dedicação intensa às nossas ocupações habituais. A graça de Deus vai trabalhar
justamente dentro daquelas realidades na quais nós nos encontramos imersos. Não
nos tirará do mundo, mas nos pedirá espalhar o cheiro de Cristo nesse mundo,
assim o mundo será mais agradável. O viver social, a cultura, a política, a
economia também devem cheirar bem; e essa é uma tarefa encarregada
especialmente aos cristãos que estão nesses ambientes.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons.
José Maria Pereira
Jesus e a Morte
No evangelho (Jo 11, 1-45) Jesus se apresenta como o
SENHOR DA VIDA. A doença e a morte do amigo Lázaro constituem ótima
oportunidade para uma profissão de fé em Jesus Cristo , que se
apresenta como a ressurreição e a vida. Entre as ressurreições operadas
por Cristo, a de Lázaro tem uma importância fundamental, pois se trata de um
morto que está no sepulcro há quatro dias. A resposta dada por Jesus àqueles
que Lhe anunciam a doença de Lázaro: “Essa doença não leva à morte; é antes
para a glória de Deus” (Jo 11,4): A glória de que fala Cristo, diz Santo
Agostinho, “não foi um ganho para Jesus, mas proveito para nós. Portanto, diz
Jesus que a doença não é de morte,porque aquela morte não era para morte, mas
antes em ordem a um milagre, pelo qual os homens cressem em Cristo e evitassem
assim a verdadeira morte.” É encantador o diálogo entre Jesus e Marta: “Disse
Marta a Jesus: Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas,
mesmo assim eu sei que o que pedires a Deus, Ele te concederá. Disse-lhe Jesus:
Teu irmão ressuscitará. Eu sei , disse Marta, que ele ressuscitará na
ressurreição, no último dia! Disse-lhe Jesus:Eu sou a ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim
não morrerá jamais! Crês isto? Disse ela: Sim, Senhor, eu creio que tu és o
Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (Jo 11, 21-27). Segundo Santo
Agostinho, o pedido de Marta é um exemplo de oração confiante e de abandono nas
mãos do Senhor que sabe melhor que nós o que nos convém. Por isso, “não Lhe
disse: Rogo-Te agora que ressuscites meu irmão (…) Somente disse: Sei que tudo
podes e fazes tudo o que queres; mas fazê-lo fica ao Teu juízo, não aos meus
desejos.” “Eu sou a ressurreição e a vida …” (Jo 11, 25). Estamos diante de uma
das definições concisas que o Senhor deu de Si mesmo! É a ressurreição porque
com a Sua Vitória sobre a morte é causa da ressurreição de todos os homens. O
milagre que vai realizar com Lázaro é um sinal desse poder vivificador de
Cristo. Assim, pela fé em
Jesus Cristo que foi o primeiro a ressuscitar de entre os
mortos, o cristão está seguro de ressuscitar também um dia, como Cristo (1 Cor
15,23; Col. 1,18). Por isso para quem tem fé a morte não é o fim, mas a
passagem para a vida eterna, uma mudança de morada como diz um dos Prefácios da
Liturgia dos defuntos: “Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada,
mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus, um
corpo imperecível.” “ E Jesus chorou” (Jo 11, 35). Podemos contemplar a
profundidade e delicadeza dos sentimentos de Jesus. Se a morte corporal do
amigo arranca lágrimas ao Senhor, que não fará a morte espiritual do pecador,
causa da sua condenação eterna? Disse Santo Agostinho: “ Cristo chorou: chore
também o homem sobre si mesmo. Por que chorou Cristo senão para ensinar o homem
a chorar?” Choremos nós também, mas pelos nossos pecados, para que voltemos à
vida da graça pela conversão e pelo arrependimento. Não desprezemos as lágrimas
do Senhor, que chora por nós, pecadores. Disse São Josemaria Escrivá: “Jesus é
teu amigo. – O Amigo. – Com coração de carne, como o teu. – Com olhos de
olhar amabilíssimo, que choraram por Lázaro… E tanto como a Lázaro, quere-te a
Ti” (Caminho, nº 422). Ao aproximar-se a Páscoa, o relato da ressurreição de
Lázaro é uma exortação para que nos libertemos, cada vez mais, do pecado, confiando
no poder vivificador de Cristo que quer tornar os homens participantes de Sua
própria ressurreição. Santo Agostinho vê na ressurreição de Lázaro uma figura
do Sacramento da Penitência (Confissão): como Lázaro do túmulo “sais tu quando
te confessas. Pois, que quer dizer sair senão manifestar-se como vindo de um
lugar oculto? Mas para que te confesses, Deus dá um grande grito, chama-te com
uma graça extraordinária. E assim como o defunto saiu ainda atado, também o que
se vai confessar ainda é réu. Para que fique desatado dos seus pecados disse
Senhor aos ministros: Desatai-o e deixai-o andar. Que quer dizer desatai-o e
deixai-o andar? O que desligares na terra, será desligado no céu” Podemos
aplicar esse fato à ressurreição espiritual da alma em pecado que recobre a
graça. Deus quer a nossa salvação (1 Tm 2,4), portanto, jamais havemos de
desanimar no nosso afã e esperança por alcançar essa meta: “Nunca desesperes.
Morto e corrompido estava Lázaro: já fede, porque há quatro dias que está
enterrado (Jo 11, 3-9), diz Marta a Jesus. “Se ouvires a inspiração de Deus e a
seguires (Lázaro vem para fora!), voltarás à Vida” (Caminho, nº 719). Pela fé em Jesus Cristo , Vida e
Ressurreição, resolve-se a questão mais fundamental do homem: a vida. Jesus nos
garante: “ Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em Mim, mesmo que morra,
viverá. Que a Quaresma nos ajude na conversação ruma à Páscoa! Como discípulos
missionários ajudemos os muitos Lázaros que estão no sepulcro, esperando por
quem grite: “Lázaro, vem para fora!”
Mons. José Maria Pereira
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Vida nova
A liturgia desse domingo continua a Catequese Batismal da
Quaresma.
Depois de apresentar:
- Cristo, ÁGUA para a nossa sede (Samaritana);
- Cristo, LUZ para as nossas trevas (Cura do
cego);
Hoje nos fala de: - Cristo, Ressurreição para a VIDA (Lázaro).
Na 1a leitura, Ezequiel anuncia VIDA
NOVA. (Ez 37,12-14)
O Povo, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro,
vivia uma situação de Morte.
O profeta Ezequiel alimenta a esperança dos exilados dizendo
que Deus não os abandonou.
O texto apresenta a visão dos ossos ressequidos, que saem
dos "túmulos".
O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida.
Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em
esperança, a escravidão em libertação.
É Deus prometendo ao povo o regresso à sua terra,
restaurando a esperança dos exilados num futuro de felicidade e de Paz.
* O Espírito de Deus nos faz sair dos "túmulos" da
desesperança, do medo.
Na 2ª Leitura, Paulo lembra que
o Espírito de Deus ressuscitou Cristo e o introduziu na glória do Pai.
No Batismo, nós recebemos o mesmo Espírito, que dá vida.
No Evangelho, Jesus se apresenta
como o SENHOR DA VIDA. (Jo 11,1-45)
- O Fato:
Mandam dizer: "Lázaro está
doente..."
- Jesus: aparentemente não se preocupa... Os apóstolos até
estranham...
- Jesus tranqüiliza: "Essa
doença é para a glória de Deus...
Ele está dormindo" e fica com eles mais dois dias...
- No Encontro com Marta, Jesus se comove e chora... É
choro de afeto e solidariedade...
- O Diálogo: - Jesus afirma: "Eu sou a ressurreição e a Vida. Aquele que crer, ainda que
estiver morto viverá... "Você crê nisso?"
- Marta professa sua fé: "Sim, eu creio", que tu és o
Cristo..."
- No Sepulcro... "Tirai a pedra..." (que separa o mundo dos vivos do mundo dos
mortos...)
- A Oração: "Pai,
eu te dou graças, porque me ouvistes..."
- A Ordem: "Lázaro,
vem para fora... Desatai-o... e deixai-o andar". E Lázaro
recupera a Vida.
Duas formas de SOLIDARIEDADE
diante da Morte:
- Os amigos e vizinhos vão à casa de Marta e
Maria, para dar os pêsames e fazer lamentações:
desespero.
- Jesus nem entra na casa, nesse ambiente dominado
pelo desespero. Ele fica fora e chama para fora...
Os dois choram...
mas muito diferente...
+ A Família de Betânia representa a
Comunidade cristã, formada por irmãos e irmãs, não tem pais...
Todos conhecem Jesus, são amigos de Jesus e acolhem Jesus na
sua casa e na sua vida.
Essa família faz a experiência da morte. Mas os amigos de
Jesus sabem que Ele é a Ressurreição e a Vida, e que dá a vida plena aos seus.
A morte é apenas a passagem para a vida plena.
+ Ressurreição de Lázaro é um SINAL:
- A Ressurreição de Lázaro é uma prefiguração da Ressurreição
de Cristo.
O Batismo é um
morrer e ressuscitar com Cristo.
- O "Sinal" de Betânia é também um convite a crer
na Vida e a lutar por ela em todas as expressões.
- O discípulo de Jesus, renascido à Vida no Batismo, carrega
em si o germe da verdadeira Vida.
Pe. Antônio Geraldo
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5º Domingo da Quaresma (COMPLETO)
Tema: “Não te disse que, se creres, verás a glória de
Deus?”
Neste 5º Domingo da Quaresma,
a liturgia garante-nos que o desígnio de Deus é a comunicação de uma vida que
ultrapassa definitivamente a vida biológica: é a vida definitiva que supera a
morte.
Na primeira leitura,
Jahwéh oferece ao seu Povo exilado, desesperado e sem futuro (condenado à
morte) uma vida nova. Essa vida vem pelo Espírito, que irá recriar o coração do
Povo e inseri-lo numa dinâmica de obediência a Deus e de amor aos irmãos.
O Evangelho
garante-nos que Jesus veio realizar o desígnio de Deus e dar aos homens a vida
definitiva. Ser “amigo” de Jesus e aderir à sua proposta (fazendo da vida uma
entrega obediente ao Pai e um dom aos irmãos) é entrar na vida definitiva. Os
crentes que vivem desse jeito experimentam a morte física; mas não estão
mortos: vivem para sempre em Deus.
A segunda leitura
lembra aos cristãos que, no dia do seu Baptismo, optaram por Cristo e pela vida
nova que Ele veio oferecer. Convida-os, portanto, a ser coerentes com essa
escolha, a fazerem as obras de Deus e a viverem “segundo o Espírito”.
5. PRIMEIRA LEITURA (Ez 37,12-14) Leitura da Profecia de Ezequiel.
Assim fala o Senhor Deus: “Ó meu povo,
vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e, quando
eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o
Senhor. Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa
terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço – oráculo do Senhor”.
AMBIENTE
Ezequiel é chamado “o profeta da esperança”. Desterrado na Babilónia desde 597 a.C. (no reinado de Joaquin, quando Nabucodonosor conquista, pela primeira vez, Jerusalém e deporta para a Babilónia um primeiro grupo de jerusalimitanos), Ezequiel exerce aí a sua missão profética entre os exilados judeus.
A primeira fase do
ministério de Ezequiel decorre entre 593 a.C. (altura em que sentiu o
chamamento de Deus) e 586 a.C. (data em que Jerusalém é arrasada pelas tropas
de Nabucodonosor e uma nova leva de exilados é encaminhada para a Babilónia).
Nesta fase, Ezequiel procura destruir falsas esperanças e anuncia que, ao
contrário do que pensam os exilados, o cativeiro está para durar… Eles não só
não vão regressar em breve a Jerusalém, mas os que ficaram em Jerusalém (e que
continuam a multiplicar os pecados e infidelidades) vão fazer companhia aos que
já estão desterrados na Babilónia.
A segunda fase do
ministério de Ezequiel desenrola-se a partir de 586 a.C., até cerca de 570 a.C.
Instalados numa terra estrangeira, sem Templo, sem sacerdócio e sem culto, os
exilados estão desesperados e duvidam da bondade e do amor de Deus. Nessa fase,
Ezequiel procura alimentar a esperança dos exilados e transmitir ao Povo a
certeza de que o Deus libertador e salvador não os abandonou.
O texto que nos é
proposto como primeira leitura pertence à segunda fase. Faz parte da famosa
“visão dos ossos calcinados” (cf. Ez 37). Ezequiel descreve a visão de uma
planície cheia de ossos calcinados e sem vida; mas, na visão do profeta, o
Espírito do Senhor sopra sobre os ossos calcinados e eles são revestidos de
pele, de músculos e ganham vida. Nesta parábola, os ossos calcinados
representam o Povo de Deus, que jaz abandonado, sem esperança e sem futuro, no
meio da planície mesopotâmica.
MENSAGEM
A situação de desespero em que estão os exilados é uma situação de morte. Eles sentem-se próximos da ruína e do aniquilamento e não vêem no horizonte quaisquer perspectivas de futuro. O texto define esta situação de ausência total de esperança como “estar no túmulo”.
No entanto, é aqui que
Deus entra. Jahwéh vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança, a
escravidão em libertação. O que é que Deus vai fazer, nesse sentido?
Em termos concretos,
Jahwéh promete ao Povo o regresso à sua terra, restaurando a esperança dos
exilados num futuro de felicidade e de paz… Mas Deus vai fazer ainda mais: vai
derramar o seu Espírito (o “ruah”) sobre o Povo condenado à morte.
Esta referência à ação
do Espírito de Deus na revivificação do homem coloca-nos no mesmo contexto de
Gn 2,7: no homem que criou do barro, Deus infundiu o seu “hálito de vida”
(“neshamá”) para o tornar um ser vivente; aqui, sobre o Povo que jaz no túmulo,
Deus “infunde o seu Espírito” (“ruah” - Ez 37,14). Trata-se, portanto, de uma
nova criação.
No entanto, o “ruah”, que aqui é transmitido ao Povo que jaz no túmulo, é mais do que a simples “força vital”, que dá vida física ao homem: é a vida divina que transforma completamente os homens, fazendo com que os corações de pedra – duros, insensíveis, autossuficientes – se transformem em corações de carne, sensíveis e bons, capazes de amar Deus e os irmãos (cf. Ez 36,26-27). Esta nova criação vai, portanto, muito mais longe do que a antiga criação.
Então, com um coração de carne capaz de compreender o amor, o Povo reconhecerá a bondade de Deus, a sua fidelidade à Aliança e às promessas que fez ao seu Povo.
No entanto, o “ruah”, que aqui é transmitido ao Povo que jaz no túmulo, é mais do que a simples “força vital”, que dá vida física ao homem: é a vida divina que transforma completamente os homens, fazendo com que os corações de pedra – duros, insensíveis, autossuficientes – se transformem em corações de carne, sensíveis e bons, capazes de amar Deus e os irmãos (cf. Ez 36,26-27). Esta nova criação vai, portanto, muito mais longe do que a antiga criação.
Então, com um coração de carne capaz de compreender o amor, o Povo reconhecerá a bondade de Deus, a sua fidelidade à Aliança e às promessas que fez ao seu Povo.
A questão mais
significativa é que, apesar das aparências, Deus não abandona o seu Povo à
morte. Mesmo quando tudo parece perdido e sem saída, Deus lá está,
transformando o desespero em esperança, a morte em vida. Jahwéh é o Deus da
vida, que encontra sempre formas de transmitir vida ao seu Povo. Em cada
instante da história Ele está presente, recriando o seu Povo, transformando-o,
renovando-o, encaminhando-o para a vida plena.
ATUALIZAÇÃO
• Na nossa existência pessoal passamos, muitas vezes, por situações de desespero, em que tudo parece perder o sentido. A morte de alguém querido, o desmoronar dos laços familiares, a traição de um amigo ou de alguém a quem amamos, a perda do emprego, a solidão, a falta de objetivos lançam-nos muitas vezes num vazio do qual não conseguimos facilmente sair. A Palavra de Deus garante-nos: não estamos perdidos e abandonados à nossa miséria e finitude… Deus caminha ao nosso lado; em cada instante Ele lá está, tirando vida da morte, “escrevendo direito por linhas tortas”, dando-nos a coragem de “sair do sepulcro” e avançar mais um passo ao encontro da vida plena.
• Mais: Deus recria-nos, cada dia, oferecendo-nos o Espírito transformador e renovador, que elimina dos nossos corações o orgulho e o egoísmo (afinal, os grandes responsáveis pelo sofrimento, pela injustiça, pela violência) e transformando-nos em pessoas novas, com um coração sensível ao amor e às necessidades dos outros.
• Ver os telejornais ou ler os jornais é – mais do que nos mantermos a par dos passos que o mundo vai dando – um autêntico exercício de masoquismo: parece que só há dramas, sofrimentos, injustiças e violências, como se o mundo fosse um imenso campo de morte. No entanto, nós os crentes sabemos que, apesar do sofrimento que faz parte da condição de fragilidade em que vivemos, Deus está presente na história humana, criando vida e oferecendo a esperança aos homens nesses mil e um gestos de bondade, de ternura e de amor que acontecem a cada instante (e que não chegam aos jornais ou às objetivas da televisão porque “não vendem” e, por isso, não são notícia). A Palavra Deus que hoje nos é proposta sugere que o crente – pelo simples facto de acreditar em Deus – deve ser um arauto da esperança.
ATUALIZAÇÃO
• Na nossa existência pessoal passamos, muitas vezes, por situações de desespero, em que tudo parece perder o sentido. A morte de alguém querido, o desmoronar dos laços familiares, a traição de um amigo ou de alguém a quem amamos, a perda do emprego, a solidão, a falta de objetivos lançam-nos muitas vezes num vazio do qual não conseguimos facilmente sair. A Palavra de Deus garante-nos: não estamos perdidos e abandonados à nossa miséria e finitude… Deus caminha ao nosso lado; em cada instante Ele lá está, tirando vida da morte, “escrevendo direito por linhas tortas”, dando-nos a coragem de “sair do sepulcro” e avançar mais um passo ao encontro da vida plena.
• Mais: Deus recria-nos, cada dia, oferecendo-nos o Espírito transformador e renovador, que elimina dos nossos corações o orgulho e o egoísmo (afinal, os grandes responsáveis pelo sofrimento, pela injustiça, pela violência) e transformando-nos em pessoas novas, com um coração sensível ao amor e às necessidades dos outros.
• Ver os telejornais ou ler os jornais é – mais do que nos mantermos a par dos passos que o mundo vai dando – um autêntico exercício de masoquismo: parece que só há dramas, sofrimentos, injustiças e violências, como se o mundo fosse um imenso campo de morte. No entanto, nós os crentes sabemos que, apesar do sofrimento que faz parte da condição de fragilidade em que vivemos, Deus está presente na história humana, criando vida e oferecendo a esperança aos homens nesses mil e um gestos de bondade, de ternura e de amor que acontecem a cada instante (e que não chegam aos jornais ou às objetivas da televisão porque “não vendem” e, por isso, não são notícia). A Palavra Deus que hoje nos é proposta sugere que o crente – pelo simples facto de acreditar em Deus – deve ser um arauto da esperança.
• É sempre Deus – e só Deus – que oferece aos homens a vida e a esperança… No entanto, Deus age no mundo através de homens – como Ezequiel – que distribuem a vida nova de Deus, com palavras e com gestos. Já pensei que Deus me chama a ser uma luz de esperança no mundo? Tenho consciência de que é através dos meus gestos e das minhas palavras que Deus oferece a sua vida aos homens meus irmãos?
6. SALMO RESPONSORIAL / 129 (130)
No Senhor, toda graça e redenção!
• Das profundezas eu clamo a vós,
Senhor, / escutai a
minha voz! / Vossos ouvidos estejam bem
atentos / ao
clamor da minha prece!
• Se levardes em conta nossas faltas, /
quem haverá de
subsistir? / Mas em vós se encontra o
perdão, / eu vos
temo e em vós espero.
• No Senhor ponho a minha esperança, /
espero em sua
palavra. / A minh’alma espera no Senhor
/ mais que o
vigia pela aurora.
• Espere Israel pelo Senhor, / mais que
o vigia pela
aurora! / Pois no Senhor se encontra
toda graça / e
copiosa redenção. / Ele vem libertar
Israel / de toda a
sua culpa.
7. SEGUNDA LEITURA (Rom 8, 8-11)
Leitura da Carta de São Paulo aos
Romanos.
Irmãos, os que vivem segundo a carne
não podem agradar
a Deus. Vós não viveis segundo a carne,
mas segundo o
Espírito, se realmente o Espírito de
Deus mora em vós.
Se alguém não tem o Espírito de Cristo,
não pertence
a Cristo. Se, porém, Cristo está em
vós, embora vosso
corpo esteja ferido de morte por causa
do pecado, vosso
espírito está cheio de vida, graças à
justiça. E, se o Espírito
daquele que ressuscitou Jesus dentre os
mortos mora em
vós, então aquele que ressuscitou Jesus
Cristo dentre os
mortos vivificará também vossos corpos
mortais por meio
do seu Espírito que mora em vós.
AMBIENTE
Já dissemos, noutras circunstâncias, que a Carta aos Romanos é um texto sereno e didático, no qual Paulo faz uma espécie de resumo do seu pensamento teológico e expõe a sua concepção daquilo que é essencial na mensagem cristã. Numa época (anos 57/58) em que existem problemas graves de entendimento e de perspectiva entre os cristãos vindos do judaísmo e os cristãos vindos do paganismo, Paulo sublinha a unidade da revelação e da história da salvação: Deus tem um projecto de salvação e de vida plena, que se destina a todos os homens, sem exceção.
Depois de provar que todos os homens (judeus e pagãos) vivem no domínio do pecado (cf. Rom 1,18-3,20), mas que a “justiça de Deus” oferece a vida a todos, sem distinção (cf. Rom 3,21-5,11), Paulo mostra como é que, através de Jesus Cristo, essa vida se comunica ao homem (cf. Rom 5,12-8,39).
Indo mais ao pormenor:
como é, então, que a vida de Deus se comunica ao homem? Paulo desenvolve o seu
pensamento de acordo com a seguinte sequência: a obediência de Cristo ao plano
do Pai fez com que a graça da salvação fosse oferecida a todos os homens (cf.
Rom 5,12-20); acolhendo essa graça e aceitando receber o Baptismo, os homens
tornam-se todos participantes do dom de Deus (cf. Rom 6,1-23); a adesão a
Cristo faz os homens livres das cadeias do egoísmo e do pecado e transforma-os
em homens novos (cf. Rom 7,1-25); e é o Espírito (dado ao crente no baptismo)
que potencia essa vida nova (cf. Rom 8,1-39).
MENSAGEM
O Espírito é, verdadeiramente, a personagem central do capítulo 8 da Carta aos Romanos (o termo “pneuma” – “espírito” – aparece trinta e quatro vezes na Carta aos Romanos; e, dessas trinta e quatro, vinte e uma são neste capítulo). De acordo com a perspectiva teológica de Paulo, o Espírito é o responsável pelo facto de a vida nova que Deus oferece ao homem crescer e se desenvolver.
Neste capítulo, Paulo desenvolve
uma das suas mais famosas antíteses: “carne”/”Espírito”. “Viver segundo a
carne” significa, em Paulo, uma vida conduzida à margem de Deus: o “homem da
carne” é o homem do egoísmo e da autossuficiência, cujos valores são o ciúme, o
ódio, a ambição, a inveja, a libertinagem (cf. Gal 5,19-21); “viver segundo o
Espírito” significa, em Paulo, uma vida vivida na órbita de Deus, pautada pelos
valores da caridade, da alegria, da paz, da fidelidade e da temperança (cf. Gal
5,22-23).
Paulo recorda aos crentes,
no texto que nos é proposto, que o cristão, no dia do seu baptismo, optou pela
vida do Espírito. A partir daí, vive sob o domínio do Espírito – isto é, vive
aberto a Deus, recebe vida de Deus, torna-se “filho de Deus”. Identifica-se,
portanto, com Cristo; e assim como Cristo – depois de uma vida vivida “no
Espírito” (isto é, depois de uma vida de renúncia ao egoísmo e ao pecado e de
opção por Deus e pelas suas propostas) – ressuscitou e foi elevado
definitivamente à glória do Pai, assim o cristão está destinado à vida nova, à
vida plena, à vida eterna.
É, pois, o Espírito –
presente naqueles que renunciaram à vida da “carne” e aderiram a Jesus – que
liberta os crentes do pecado e da morte, que os transforma em homens novos e
que os leva em direção à vida plena, à vida definitiva.
ATUALIZAÇÃO
• Na verdade, no dia do meu Baptismo, eu escolhi a vida “segundo o Espírito” (provavelmente, fui batizado muito pequenino, numa altura em que não tinha consciência plena do que isso significava; mas, mais tarde, tive a oportunidade – em vários momentos da minha caminhada cristã – de validar e confirmar essa opção inicial). A minha vida tem sido coerente com essa opção? A minha vida tem-se desenrolado à margem de Deus e das suas propostas (“vida segundo a carne”) ou na escuta atenta e consequente dos projetos de Deus (“vida segundo o Espírito”)?
• O batizado é alguém que escolheu identificar-se com Cristo – isto é, alguém que escolheu viver na obediência aos planos do Pai e no dom da vida em favor dos irmãos. O exemplo de Cristo garante-me: uma vida gasta desse jeito não termina no fracasso, mas na vida definitiva, na felicidade total. A realização plena do homem não está nos valores efémeros (muitas vezes propostos como os valores mais fundamentais), mas no amor e no dom da vida. É daí que brota a ressurreição.
ATUALIZAÇÃO
• Na verdade, no dia do meu Baptismo, eu escolhi a vida “segundo o Espírito” (provavelmente, fui batizado muito pequenino, numa altura em que não tinha consciência plena do que isso significava; mas, mais tarde, tive a oportunidade – em vários momentos da minha caminhada cristã – de validar e confirmar essa opção inicial). A minha vida tem sido coerente com essa opção? A minha vida tem-se desenrolado à margem de Deus e das suas propostas (“vida segundo a carne”) ou na escuta atenta e consequente dos projetos de Deus (“vida segundo o Espírito”)?
• O batizado é alguém que escolheu identificar-se com Cristo – isto é, alguém que escolheu viver na obediência aos planos do Pai e no dom da vida em favor dos irmãos. O exemplo de Cristo garante-me: uma vida gasta desse jeito não termina no fracasso, mas na vida definitiva, na felicidade total. A realização plena do homem não está nos valores efémeros (muitas vezes propostos como os valores mais fundamentais), mas no amor e no dom da vida. É daí que brota a ressurreição.
9. EVANGELHO (Jo 11,1-45) Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, havia um doente, Lázaro,
que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta, sua irmã. Maria era
aquela que ungira o Senhor com perfume
e enxugara os pés dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava
doente. As irmãs mandaram então dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está
doente”. Ouvindo isto, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve
para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”.
Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. Quando ouviu que
estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. Então,
disse aos discípulos: “Vamos de novo à Judéia”. Os discípulos disseram-lhe:
“Mestre, ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te e agora vais outra vez
para lá?” Jesus respondeu: “O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de
noite, tropeça, porque lhe falta a luz”. Depois acrescentou: “O nosso amigo
Lázaro dorme. Mas eu vou acordá-lo”. Os discípulos disseram: “Senhor, se ele
dorme, vai ficar bom”. Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos
pensaram que falasse do sono mesmo. Então Jesus disse abertamente: ”Lázaro está
morto. Mas por causa de vós, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais.
Mas vamos para junto dele”. Então Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos
companheiros: “Vamos nós também para morrermos com ele”. Quando Jesus chegou,
encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias. Betânia ficava a uns três
quilômetros de Jerusalém. Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria
para as consolar por causa do irmão. Quando Marta soube que Jesus tinha
chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a
Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas,
mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá.” Respondeu-lhe
Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na
ressurreição, no último dia”. Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em
mim, não morrerá jamais. Crês isto?” Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio
firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.
Depois de ter dito isto, ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho: “O
Mestre está aí e te chama”. Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi
ao encontro de Jesus. Jesus estava ainda fora do povoado, no mesmo lugar onde
Marta se tinha encontrado com ele. Os judeus que estavam em casa consolando-a,
quando a viram levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que
fosse ao túmulo para ali chorar. Indo para o lugar onde estava Jesus, quando o
viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui,
o meu irmão não teria morrido”. Quando Jesus a viu chorar, e também os que
estavam com ela, estremeceu interiormente, ficou profundamente comovido e
perguntou: “Onde o colocastes?” Responderam: “Vem ver, Senhor”. E Jesus chorou.
Então os judeus disseram: “Vede como ele o amava!” Alguns deles, porém, diziam:
“Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro
não morresse?” Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. Disse
Jesus: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira
mal. Está morto há quatro dias”. Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se
creres, verás a glória de Deus?” Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos
para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que
sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que
creia que tu me enviaste”. Tendo dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro,
vem para fora!” O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o
rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o
caminhar!” Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o
que Jesus fizera, creram nele.
AMBIENTE
O Evangelho segundo João procura apresentar Jesus como o Messias, Filho de Deus, enviado pelo Pai para criar um Homem Novo. No “Livro dos Sinais” (cf. Jo 4,1-11,56), o autor apresenta – recorrendo aos “sinais” da água (cf. Jo 4,1-5,47), do pão (cf. Jo 6,1-7,53), da luz (cf. Jo 8,12-9,41), do pastor (cf. Jo 10,1-42) e da vida (cf. Jo 11,1-56) – um conjunto de catequeses sobre a acção criadora e vivificadora do Messias.
O texto que hoje nos é proposto é, exatamente, a quinta catequese (a da vida) do “Livro dos Sinais”. Trata-se de uma narração única, que não tem paralelo nos outros três Evangelhos.
A cena situa-nos em
Betânia, uma aldeia a Este do monte das Oliveiras, a cerca de três quilómetros
de Jerusalém. O autor da catequese coloca-nos diante de um episódio – um triste
episódio – familiar: a morte de um homem. A família mencionada, constituída por
três pessoas (Marta, Maria e Lázaro), parece conhecida de Jesus: no vers. 5,
diz-se que Jesus amava Marta, a sua irmã Maria e Lázaro. A visita de Jesus a
casa desta família é, aliás, mencionada em Lc 10,38-42; e João tem o cuidado de
observar que a Maria, aqui referenciada, é a mesma que tinha ungido o Senhor
com perfume e lhe tinha enxugado os pés com os cabelos (vers. 2, cf. Jo
12,1-8).
MENSAGEM
A família de Betânia apresenta algumas características dignas de nota…
MENSAGEM
A família de Betânia apresenta algumas características dignas de nota…
Em primeiro lugar, o
autor da narração não faz qualquer referência a outros membros, para além de
Maria, Marta e Lázaro: não há pai, nem mãe, nem filhos. Além disso, João
insiste no grau de parentesco que une os três: são “irmãos” (vers.
1.2b.3.5.19.21.23.28.32.39). A palavra “irmão” (“adelfós”) será a palavra usada
por Jesus, após a ressurreição, para definir a comunidade dos discípulos (Jo
20,17); e este apelativo será comum entre os membros da comunidade cristã
primitiva (Jo 21,23).
Por outro lado,
notemos a forma como é descrita a relação entre Jesus e esta família de irmãos…
Trata-se de uma família amiga de Jesus, que Jesus conhece e que conhece Jesus,
que ama Jesus e que é amada por Jesus, que recebe Jesus em sua casa.
Um facto abala a vida
desta família: um irmão (Lázaro) está gravemente doente. As “irmãs” mostram o
seu interesse, preocupação e solidariedade para com o “irmão” doente e informam
Jesus.
A relação de Jesus com
Lázaro é de afeto e amizade; mas Jesus não vai imediatamente ao seu encontro;
parece, até, atrasar-se deliberadamente (vers. 6). Com a sua passividade, Jesus
deixa que a morte física do “amigo” se consume. Provavelmente, na intenção do
nosso catequista, o pormenor significa que Jesus não veio para alterar o ciclo
normal da vida física do homem, libertando-o da morte biológica; veio, sim,
para dar um novo sentido à morte física e para oferecer ao homem a vida eterna.
Depois de dois dias,
Jesus resolve dirigir-se à Judeia ao encontro do “amigo”. No entanto, a
oposição a Jesus está, precisamente, na Judeia e, de forma especial, em
Jerusalém. Os discípulos tentam dissuadi-lo: eles não entenderam, ainda, que o
plano do Pai é que Jesus dê vida ao homem enfermo, mesmo que para isso corra riscos
e tenha de oferecer a sua própria vida. Jesus não dá atenção ao medo dos
discípulos: a sua preocupação única é realizar o plano do Pai no sentido de dar
vida ao homem. Jesus não pode abandonar o “amigo”: Ele é o pastor que desafia o
perigo por amor dos seus.
Ao chegar a Betânia,
Jesus encontrou o “amigo” sepultado há já quatro dias. De acordo com a
mentalidade judaica, a morte era considerada definitiva a partir do terceiro
dia. Quando Jesus chega, Lázaro está, pois, verdadeiramente morto. Jesus não
elimina a morte física; mas, para quem é “amigo” de Jesus, a morte física não é
mais do que um sono, do qual se acorda para descobrir a vida definitiva.
Por esta altura,
entram em cena as “irmãs” de Lázaro. Marta é a primeira. Vem ao encontro de
Jesus e insinua a sua reprovação: Jesus podia ter evitado a morte do amigo, se
tivesse estado presente, pois onde Ele está reina a vida. No entanto, mesmo
agora, Jesus poderá interceder junto de Deus, Deus atendê-lo-á e devolverá a
vida física a Lázaro. Marta acredita em Deus; acredita que Jesus é um profeta,
através de quem Deus atua no mundo; mas ainda não tem consciência de que Jesus
é a vida do Pai e que Ele próprio dá a vida.
Jesus inicia a sua catequese dizendo-lhe: “teu irmão ressuscitará”. Marta pensa que as palavras de Jesus são uma consolação banal e que Ele se refere à crença farisaica, segundo a qual os mortos haveriam de reviver, no final dos tempos, quando se registasse a última intervenção de Deus na história humana. Isso ela já sabe; mas não chega: esse último dia ainda está tão longe…
Jesus inicia a sua catequese dizendo-lhe: “teu irmão ressuscitará”. Marta pensa que as palavras de Jesus são uma consolação banal e que Ele se refere à crença farisaica, segundo a qual os mortos haveriam de reviver, no final dos tempos, quando se registasse a última intervenção de Deus na história humana. Isso ela já sabe; mas não chega: esse último dia ainda está tão longe…
Jesus, no entanto, não
fala da ressurreição no final dos tempos. O que Ele diz é que, para quem é
amigo de Jesus, não há morte, sequer. Jesus é “a ressurreição e a vida”. Para
os seus amigos, a morte física é apenas a passagem desta vida para a vida
plena. Jesus não evita a morte física; mas Ele oferece ao homem essa vida que
se prolonga para sempre. Para que essa vida definitiva possa chegar ao homem é
necessário, no entanto, que o homem adira a Jesus e O siga, num caminho de amor
e de dom da vida (“todo aquele que vive e acredita em mim, nunca morrerá”). A
comunidade de Jesus (a comunidade dos que aderiram a Ele e ao seu projeto) é a
comunidade daqueles que já possuem a vida definitiva. Eles passarão pela morte
física; mas essa morte será apenas uma passagem para a verdadeira vida. E é
essa vida verdadeira que Jesus quer oferecer. Confrontada com esta catequese
(“acreditas nisto?”), Marta manifesta a sua adesão ao que Jesus diz e professa
a sua fé no Senhor que dá a vida (“acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o
Filho de Deus que havia de vir ao mundo”).
Maria, a outra irmã,
tinha ficado em casa. Está imobilizada, paralisada pela dor sem esperança.
Marta – que falara com Jesus e encontrara n’Ele a resposta para a situação que a
fazia sofrer – convida a irmã a sair da sua dor e a ir, por sua vez, ao
encontro de Jesus. Maria vai rapidamente, sem dar explicações a ninguém: ela
tem consciência de que só em Jesus encontrará uma solução para o sofrimento que
lhe enche o coração. Também nas palavras de Maria há uma reprovação a Jesus
pelo facto de Ele não ter estado presente, impedindo a morte física de Lázaro.
Jesus não pronuncia qualquer palavra de consolo, nem exorta à resignação (como
é costume fazer nestes casos): vai fazer melhor do que isso e vai mostrar que
Ele é, efetivamente, a ressurreição e a vida.
A cena da ressurreição de Lázaro começa com Jesus a chorar (vers. 35). Não é pranto ruidoso, mas sereno… Jesus mostra, dessa forma, o seu afeto por Lázaro, a sua saudade do amigo ausente. Ele – como nós – sente a dor, diante da morte física de uma pessoa amada; mas a sua dor não é desespero.
A cena da ressurreição de Lázaro começa com Jesus a chorar (vers. 35). Não é pranto ruidoso, mas sereno… Jesus mostra, dessa forma, o seu afeto por Lázaro, a sua saudade do amigo ausente. Ele – como nós – sente a dor, diante da morte física de uma pessoa amada; mas a sua dor não é desespero.
Jesus chega junto do
sepulcro de Lázaro. A entrada da gruta onde Lázaro está sepultado está fechada
com uma pedra (como era costume, entre os judeus). A pedra é, aqui, símbolo da
definitividade da morte. Separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos, cortando
qualquer relação entre um e outro.
Jesus, no entanto,
manda tirar essa “pedra”: para os crentes, não se trata de duas realidades sem
qualquer relação. Jesus, ao oferecer a vida plena, abate as barreiras criadas
pela morte física. A morte física não afasta o homem da vida.
A ação de dar vida a Lázaro representa a concretização da missão que o Pai confiou a Jesus: dar vida plena e definitiva ao homem. É por isso que Jesus, antes de mandar Lázaro sair do sepulcro, ergue os olhos ao céu e dá graças ao Pai (vers. 41b-42): a sua oração demonstra a sua comunhão com o Pai e a sua obediência na concretização do plano do Pai. Depois, Jesus mostra Lázaro vivo na morte, provando à comunidade dos crentes que a morte física não interrompe a vida plena do discípulo que ama Jesus e O segue.
A família de Betânia representa a comunidade cristã, formada por irmãos e irmãs. Todos eles conhecem Jesus, são amigos de Jesus, acolhem Jesus na sua casa e na sua vida. Essa família também faz a experiência da morte física. Como é que deve lidar com ela? Com o desespero de quem acha que tudo acabou? Com a tristeza de quem acha que a morte venceu, por algum tempo, até que Deus ressuscite o “irmão” morto, no final dos tempos (perspectiva dos fariseus da época de Jesus)?
A ação de dar vida a Lázaro representa a concretização da missão que o Pai confiou a Jesus: dar vida plena e definitiva ao homem. É por isso que Jesus, antes de mandar Lázaro sair do sepulcro, ergue os olhos ao céu e dá graças ao Pai (vers. 41b-42): a sua oração demonstra a sua comunhão com o Pai e a sua obediência na concretização do plano do Pai. Depois, Jesus mostra Lázaro vivo na morte, provando à comunidade dos crentes que a morte física não interrompe a vida plena do discípulo que ama Jesus e O segue.
A família de Betânia representa a comunidade cristã, formada por irmãos e irmãs. Todos eles conhecem Jesus, são amigos de Jesus, acolhem Jesus na sua casa e na sua vida. Essa família também faz a experiência da morte física. Como é que deve lidar com ela? Com o desespero de quem acha que tudo acabou? Com a tristeza de quem acha que a morte venceu, por algum tempo, até que Deus ressuscite o “irmão” morto, no final dos tempos (perspectiva dos fariseus da época de Jesus)?
Não. Ser amigo de
Jesus é saber que Ele é a ressurreição e a vida e que dá aos seus a vida plena,
em todos os momentos. Ele não evita a morte física; mas a morte física é, para
os que aderiram a Jesus, apenas a passagem (imediata) para a vida verdadeira e
definitiva. Para os “amigos” de Jesus – para aqueles que acolhem a sua proposta
e fazem da sua vida uma entrega a Deus e um dom aos irmãos – não há morte… Podemos
chorar a saudade pela partida de um irmão, mas temos de saber que, ao deixar
este mundo, ele encontrou a vida plena, na glória de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• A questão principal do Evangelho deste domingo – e que é uma questão determinante para a nossa existência de crentes – é a afirmação de que não há morte para os “amigos” de Jesus – isto é, para aqueles que acolhem a sua proposta e que aceitam fazer da sua vida uma entrega ao Pai e um dom aos irmãos. Os “amigos” de Jesus experimentam a morte física; mas essa morte não é destruição e aniquilação: é, apenas, a passagem para a vida definitiva. Mesmo que estejam privados da vida biológica, não estão mortos: encontraram a vida plena, junto de Deus. A história de Lázaro pretende representar essa realidade.
• No dia do nosso Baptismo, escolhemos essa vida plena e definitiva que Jesus oferece aos seus e que lhes garante a eternidade. A nossa vida tem sido coerente com essa opção? A nossa existência tem sido uma existência egoísta e fechada, que termina na morte, ou tem sido uma existência de amor, de partilha, de dom da vida, que aponta para a realização plena do homem e para a vida eterna?
• Ao longo da nossa existência nesta terra, convivemos com situações em que somos tocados pela morte física daqueles a quem amamos… É natural que fiquemos tristes pela sua partida e por eles deixarem de estar fisicamente presentes a nosso lado. A nossa fé convida-nos, no entanto, a ter a certeza de que os “amigos” não são aniquilados: apenas encontraram essa vida definitiva, longe da debilidade e da finitude humanas.
• Diante da certeza que a fé nos dá, somos convidados a viver a vida sem medo. O medo da morte como aniquilamento total torna o homem cauteloso e impotente face à opressão e ao poder dos opressores; mas libertando-nos do medo da morte, Jesus torna-nos livres e capacita-nos para gastar a vida ao serviço dos irmãos, lutando generosamente contra tudo aquilo que oprime e que rouba ao homem a vida plena.
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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9. EVANGELHO (Jo 11,1-45) - (N,
L, J = NARRADOR, LEITOR, JESUS)
S. O Senhor esteja convosco.
T. Ele está no meio de nós.
S. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
T. Glória a vós, Senhor.
N - Naquele
tempo, havia um doente, Lázaro,
que era de Betânia,
o povoado de Maria e de Marta, sua irmã.
Maria era aquela que ungira o Senhor com perfume e
Enxugara os pés dele com seus cabelos.
O irmão dela, Lázaro, é que estava doente.
As irmãs mandaram então dizer a Jesus:
L - “Senhor,
aquele que amas está doente”.
N - Ouvindo
isto, Jesus disse:
J - “Esta
doença não leva à morte;
ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus
seja glorificado por ela”.
N - Jesus era
muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e
de Lázaro. Quando ouviu que estava doente,
Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava.
Então, disse aos discípulos:
J - “Vamos de
novo à Judéia”.
N - Os
discípulos disseram-lhe:
L - “Mestre,
ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te
e agora vais
outra vez para lá?”
N - Jesus
respondeu:
J - “O dia não
tem doze horas? Se alguém caminha de noite,
tropeça, porque lhe falta a luz”.
N - Depois
acrescentou:
J - “O nosso
amigo Lázaro dorme. Mas eu vou acordá-lo”.
N - Os
discípulos disseram:
L -“Senhor,
se ele dorme, vai ficar bom”.
N - Jesus
falava da morte de Lázaro,
mas os discípulos pensaram que falasse do sono mesmo.
Então Jesus disse abertamente:
J - ”Lázaro
está morto. Mas por causa de vós,
alegro-me por não ter estado lá, para que creiais.
Mas vamos para junto dele”.
N - Então
Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos
companheiros:
L - “Vamos nós
também para morrermos com ele”.
N - Quando
Jesus chegou,
encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias.
Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém.
Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as
consolar por causa do irmão.
Quando Marta soube que Jesus tinha chegado,
foi ao encontro dele.
Maria ficou sentada em casa.
Então Marta disse a Jesus:
L - “Senhor,
se tivesses estado aqui,
meu irmão não teria morrido.
Mas, mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus,
ele te concederá.”
N - Respondeu-lhe
Jesus
J - “Teu
irmão ressuscitará”.
N - Disse
Marta:
L - “Eu sei
que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”.
N - Então
Jesus disse:
J - “Eu sou a
ressurreição e a vida.
Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá.
E todo aquele que vive e crê em mim,
Não morrerá jamais. Crês isto?”
N - Respondeu
ela:
L - “Sim,
Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias,
o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.
N - Depois de
ter dito isto,
ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho:
L - “O Mestre
está aí e te chama”.
N - Quando
Maria ouviu isso, levantou se depressa e
foi ao encontro de Jesus.
Jesus estava ainda fora do povoado,
no mesmo lugar onde Marta se tinha encontrado com ele.
Os judeus que estavam em casa consolando-a,
quando a viram levantar-se depressa e sair,
foram atrás dela,
pensando que fosse ao túmulo para ali chorar.
Indo para o lugar onde estava Jesus, quando o viu,
caiu de joelhos diante dele e disse-lhe:
L - “Senhor,
se tivesses estado aqui,
o meu irmão não teria morrido”.
N – Quando
Jesus a viu chorar, e
também os que estavam com ela,
estremeceu interiormente,
ficou profundamente comovido e perguntou:
J - “Onde o
colocastes?”
N - Responderam:
L - “Vem ver,
Senhor”.
N - E Jesus
chorou. Então os judeus disseram:
L - “Vede
como ele o amava!”
N - Alguns
deles, porém, diziam:
L - “Este, que
abriu os olhos ao cego, não podia também
ter feito com que Lázaro não morresse?”
N - Chegou ao
túmulo.
Era uma caverna, fechada com uma pedra. Disse Jesus:
J - “Tirai a
pedra!”
N - Marta, a
irmã do morto, interveio:
L - “Senhor,
já cheira mal. Está morto há quatro dias”.
N - Jesus lhe
respondeu:
J - “Não te
disse que, se creres, verás a glória de Deus?”
N - Tiraram
então a pedra.
Jesus levantou os olhos para o alto e disse:
J - “Pai, eu
te dou graças porque me ouviste.
Eu sei que sempre me escutas.
Mas digo isto por causa do povo que me rodeia,
para que creia que tu me enviaste”.
N - Tendo dito
isso, exclamou com voz forte:
J - “Lázaro,
vem para fora!”
N - O morto
saiu,
atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e
o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse:
J - “Desatai-o
e deixai-o caminhar!”
N - Então,
muitos dos judeus
que tinham ido à casa de Maria
e viram o que Jesus fizera
creram nele.
Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.
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