DOMINGO
DE RAMOS ANO A 2014
Preparar:
turíbulo, velas, asperge, cruz com ramo e ramos para o povo
Primeira forma: Procissão
À hora marcada, reúnem-se
todos numa igreja secundária ou noutro lugar apropriado fora da igreja para a
qual se dirige a procissão. Os fiéis levam ramos na mão.
O sacerdote e o diácono,
revestidos de paramentos vermelhos
próprios da Missa, dirigem-se para o lugar onde o povo está reunido.
Anim. Contemplemos esse Deus
que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-
se servo dos
homens, deixou-se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz,
que a liturgia, hoje, coloca no horizonte próximo de Jesus, apresenta-nos a
lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que nele, Deus nos
propõe: a doação da vida por amor. Cantemos:
I – ENTRADA DO SENHOR EM JERUSALÉM.
1. CANTO DE ABERTURA
//:Hosana hei, hosana ha, hosana hei, hosana hei, hosana
ha.://
1. Ele é o Santo, é o Filho de Maria, / é o Deus de Israel,
é o Filho de Davi. / Santo é seu nome, é o Senhor
Deus do Universo. / Glória a Deus de Israel, nosso
Rei e Salvador.
2. Vamos a Ele com as flores dos trigais, / com os ramos
de oliveira, com alegria e muita paz. / Santo é seu
nome, é o Senhor Deus do Universo. / Glória a Deus
de Israel, nosso Rei e
Salvador.
O Presidente, ao chegar, saúda
o povo na forma habitual. Depois exorta os fiéis a participarem ativa e
conscientemente na celebração deste dia, dizendo estas palavras ou outras
semelhantes:
2. SAUDAÇÃO
S. Em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo.
T. Amém.
S. A vós, irmãos e irmãs, paz e fé da parte de Deus,
o Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
T. Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.
3. EXORTAÇÃO
S. Meus irmãos e minhas irmãs, durante as cinco
semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência
e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a
celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e
ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e
piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador, para que,
associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de
sua vida.
Seguidamente, o Presidente, de
mãos juntas, diz uma das seguintes orações:
4. BÊNÇÃO DOS RAMOS
S. Oremos. (pausa)
Ó Deus de bondade, aumentai a
fé dos que esperam
em vós e ouvi as nossas preces.
Apresentando hoje
ao Cristo os nossos ramos, possamos
frutificar em boas
obras. P.C.N.S.
T. Amém.
(Terminada a oração, o presidente da celebração, sem nada
dizer, asperge os ramos com água benta.
Logo em seguida, proclama o
Evangelho que segue. ((Esta proclamação é feita do modo
habitual pelo diácono, ou, na
falta dele, pelo presbítero.)
ANO – A - (ANO B; MC 11, 1-10 ou Jo 12,
12-16 / ANO C Lc 19, 28-40))
5. EVANGELHO (Mt 21,1-11 –
Missal p. 221)
S. O Senhor esteja
convosco.
T. Ele está no meio
de nós.
S. Proclamação do
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
T. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo,
Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no
monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: “Ide até
o povoado que está ali na frente e logo encontrareis uma jumenta amarrada e,
com ela, um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém vos disser
alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá’. Isso
aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Dizei à filha de Sião:
Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num
potro de jumenta”. Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia
mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e
Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto
outros cortavam ramos das árvores e os espalhavam pelo caminho. As multidões
que iam à frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: “Hosana ao Filho de
Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”
Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: “Quem é
este homem?” E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da
Galiléia”. Palavra da Salvação.
T. Glória a vós,
Senhor.
(Neste momento poderá haver breve homilia.)
HOMILIA
Durante 40 dias nos preparamos entrarmos com Jesus em Jerusalém. Devemos
segui-lo com ramos nas mãos. Hoje, com esta solene liturgia, damos inicio a
Semana Santa, centro do grande acontecimento de nossa fé: o mistério da paixão,
morte e ressurreição de Jesus, o Cristo que, a preço de sangue, nos resgata
para o Pai: morrendo, vence a morte e, com sua ressurreição, nos dá a vida.
Como cristãos temos a liberdade de participar deste mistério... Entremos
triunfantes com Jesus em Jerusalém.
Nos reunimo-nos para ir ao encontro de Cristo que vem. Não se trata de uma
celebração em que recordamos um acontecimento. Fazemos memória, isto é, vivemos
o mesmo mistério na celebração. Acolhemos Cristo. Nas celebrações da Semana
Santa não há diferença entre o que ocorreu no momento histórico e o que vivemos
na fé. Por isso, digamos levantando os ramos espirituais: “Bendito o que vem em
nome do Senhor”. TODOS: “Bendito o que vem em nome do Senhor”.
Em todas as Celebrações nós repetimos estas palavras para significar que
Ele sempre vem ao nosso encontro e nós O acolhemos com alegria.
A liturgia do dia tem dois momentos: o alegre e festivo da procissão e o
doloroso da narrativa da Paixão. Pela Paixão chegamos à glória. Jesus entra em
Jerusalém como o rei prometido e o povo O identifica. Jesus entra em confronto
com os fariseus que dizem: Mestre, repreende teus discípulos!. Ao que
responde: Se eles se calarem as pedras gritarão.
A Semana Santa é
um tempo forte de reflexão para conhecer Jesus. Jesus é o exemplo de humildade
e obediência. Jesus era aberto ao Pai. O sentido da humildade é o entendimento
da Paixão. Ele se rebaixou ao extremo humilhando-se até à morte de Cruz. Ele
passa pelo abandono total. Sua morte é um serviço que leva à glorificação.
A entrada de Jesus
em Jerusalém ilumina a Paixão que não é o fim, mas o meio de chegar à
glorificação. No mundo há oposição a Jesus. Não podemos perder de vista que
Cristo venceu e tudo será submetido a seu domínio. Mesmo entre os opositores há
semente do Evangelho que Ele plantou.
Que a contemplação
da morte de Jesus nos torne sensíveis às injustiças que, ainda hoje, se cometem
contra tantos inocentes.
==============----------------======== OU
Homilia de D.
Henrique Soares
Mt 21,1-11
“Dizei
à filha de Sião: ‘Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num
jumentinho, num potro de jumenta!” – Assim, caríssimos irmãos, o nosso
Jesus entra hoje em Jerusalém para sofrer sua paixão e fazer sua Páscoa deste
mundo para o Pai.
Jerusalém é a cidade do Messias; nele deveria manifestar-se
o Reino de Deus. O Senhor Jesus, ao entrar nela de modo solene, realiza a
esperança de Israel. Por isso o povo grita: “Hosana ao Filho de Davi!
Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” Hoje, com nossos ramos levados em
procissão, fazemos solene memória desse acontecimento e proclamamos com nossos
cânticos que Jesus é o Messias prometido! Também nós cantaremos daqui a pouco:
Hosana ao Filho de Davi!
Mas, atenção! Este Messias não vem como rei potente,
num majestoso cavalo de guerra, símbolo de força e poder! Ele vem num burrico,
usado pelos servos nos seus duros trabalhos. Ele vem como manso e humilde
servo! Eis o escândalo que Israel não suporta! Esperava-se um Messias que fosse
Rei potente e Deus envia um servo humilde e frágil! Que lógica, a de Deus! E,
misteriosamente, Israel não consegue compreendê-la e refutará Jesus! Mas, e
nós, compreendemos de verdade essa lógica? Hoje, seguir o Cristo em procissão é
estar dispostos a aceita-lo como Messias que tem como trono a cruz e como coroa
os espinhos! Segui-lo pela rua é comprometer-se a segui-lo pela vida! Caso
contrário, nossa liturgia não passará de um teatro vazio...
Vamos com Jesus! Aclamemos Jesus! E quando na vida, a
cruz vier, a dor vier, os espinhos vierem, tomemos nas mãos os ramos que
levaremos hoje para nossas casas e recordemos que nos comprometemos a seguir o
Cristo até a morte e morte de cruz, para chegarmos à Páscoa da Ressurreição!
à Imitemos a multidão que aclamava Jesus na cidade santa de Jerusalém, e
caminhemos em paz.
À frente vai o
turiferário com o turíbulo aceso (com incenso); depois, no meio de dois
ministros com velas acesas, o cruciferário com a cruz ornamentada; segue-se o
presidente da Celebração com os ministros: finalmente, os fiéis com os ramos na
mão.
7. CANTO DA PROCISSÃO
Os filhos dos hebreus, com ramos de palmeiras, /
correram ao encontro de Jesus, nosso Senhor, / cantando
e gritando: “Hosana, ó Salvador” / Cantando e gritando:
“Hosana, ó Salvador!”
1. O mundo e tudo o que
tem nele é de Deus, / a terra
e os que aí vivem, todos
seus! / Foi Deus que a terra
construiu por sobre os
mares, / no fundo do oceano, seus pilares!
2. Quem vai morar no
Templo de sua cidade? / Quem
pensa e vive longe da
vaidade! / Pois Deus, o Salvador,
o abençoará, / no
julgamento o defenderá!
3. Assim, são todos os
que prestam culto a Deus, / que
adoram o Senhor, Deus dos
hebreus! / Portões antigos,
se escancarem; vai
chegar. / Alerta! O Rei da glória vai entrar!
4. Quem é, quem é, então,
quem é o Rei da glória? / O
Deus, forte Senhor da
nossa história! / Portões antigos,
se escancarem; vai
chegar. / Alerta! O Rei da glória vai
entrar!
5. Quem é, quem é, então,
quem é o Rei da glória? / O
Deus que tudo pode é o
Rei da glória! / Aos Três: ao
Pai, ao Filho e ao
Consolador / da Igreja que caminha, o louvor!
Ao chegar ao altar, o presidente faz-lhe a devida
reverência e, conforme as circunstâncias, incensa-o (se o presidente for um
bispo ou presbítero ). Seguidamente, dirige-se para a sua cadeira (depõe o
pluvial e veste a casula ou se for diácono a dalmática) e, diz a oração coleta.
Terminada esta oração, a celebraçãocontinua na forma habitual.
8. ORAÇÃO
S. Oremos: (pausa)
Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade,
quisestes que o
nosso Salvador se
fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua
paixão e ressuscitar com ele em sua glória. P.N.S.J.C.
T. Amém.
LITURGIA DA PALAVRA
A. A Palavra de
Deus na missa de hoje nos insere na obediência absoluta de Cristo ao Pai,
entregando-se à cruz.
Nesse ato sublime e
oblativo, revela- se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz
dom total. Redescubramos, pela escuta e meditação da Palavra, o sentido da
entrega d’Aquele Rei, cujo único trono
foi a cruz.
9. PRIMEIRA LEITURA
(Is 50,4-7) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
O Senhor Deus
deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa
abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção
como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei
atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba;
não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu
auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível
como pedra, porque sei que não sairei humilhado. Palavra do Senhor.
AMBIENTE - Quem é este profeta? É Jeremias, o paradigma do profeta que sofre por causa da Palavra? É o próprio Deutero-Isaías, chamado a dar testemunho da Palavra no ambiente hostil do Exílio? É um profeta desconhecido? É uma figura coletiva, que representa o Povo exilado, humilhado, esmagado, mas que continua a dar testemunho de Deus, no meio das outras nações? Não sabemos; no entanto, a figura apresentada nesses poemas vai receber uma outra iluminação à luz de Jesus Cristo, da sua vida, do seu destino.
MENSAGEM - Em primeiro lugar, a missão que este
“profeta” recebe de Deus tem claramente a ver com o anúncio da Palavra. O
profeta é o homem da Palavra, através de quem Deus fala. O profeta é modelado
por Deus; mas tem de estar, continuamente, numa atitude de escuta de Deus, para
que possa apresentar – com fidelidade – essa Palavra de Deus para os homens.
Em segundo lugar, a
missão profética concretiza-se no sofrimento: o anúncio das propostas de Deus
provoca resistências que, para o profeta, se consubstanciam, quase sempre, em
dor e perseguição. No entanto, o profeta não se demite: a paixão pela Palavra
sobrepõe-se ao sofrimento.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aqueles a quem chama. A certeza de que não está só, mas de que tem a força de Deus, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição. Por isso, o profeta “não será confundido”.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aqueles a quem chama. A certeza de que não está só, mas de que tem a força de Deus, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição. Por isso, o profeta “não será confundido”.
ATUALIZAÇÃO • Jesus, o “servo” sofredor, que faz da sua vida um dom por amor, mostra aos seus seguidores o caminho: a vida, quando é posta ao serviço da libertação dos pobres e dos oprimidos, não é perdida mesmo que pareça, em termos humanos, fracassada e sem sentido.
10. SALMO RESPONSORIAL / SI 21 (22).
Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonastes?
• Riem de mim todos
aqueles que me veem, / torcem os
lábios e sacodem a
cabeça: / “Ao Senhor se confiou, ele
o liberte / e agora
o salve, se é verdade que ele o ama!”
• Cães numerosos me
rodeiam furiosos, / e por um
bando de malvados
fui cercado. / Transpassaram
minhas mãos e os
meus pés / e eu posso contar todos os meus ossos.
• Eles repartem
entre si as minhas vestes / e sorteiam entre
si a minha túnica.
/ Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis
longe; / ó minha
força, vinde logo em meu socorro!
• Anunciarei o
vosso nome a meus irmãos / e no meio da
assembleia hei de
louvar-vos! / Vós que temeis ao Senhor
Deus, dai-lhe
louvores; glorificai-o, descendentes de
Jacó, / e
respeitai-o, toda a raça de Israel!
11. SEGUNDA LEITURA
(Fl 2,6-11) Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses.
Jesus Cristo,
existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas
ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual
aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se
obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo
e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo
joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame:
“Jesus Cristo é o Senhor” para a glória de Deus Pai.
AMBIENTE - A comunidade cristã, fundada por Paulo, era uma comunidade entusiasta, generosa, comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja. Apesar destes sinais positivos, não era, no entanto, uma comunidade perfeita… O desprendimento, a humildade e a simplicidade não eram valores apreciados entre os altivos patrícios que compunham a comunidade.
Paulo convida os Filipenses a encarnar os valores de Cristo.
MENSAGEM - Adão (o homem que reivindicou ser como Deus e Lhe desobedeceu) e Cristo (o Homem Novo que, ao orgulho e revolta de Adão responde com a humildade e a obediência ao Pai). A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Jesus aceitou uma morte infamante – a morte de cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
No entanto, essa entrega completa ao plano do Pai não foi uma perda nem um fracasso: a obediência e entrega de Cristo aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória.
O cristão deve ter como
exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da sua vida um dom a
todos. Esse caminho não levará ao aniquilamento, mas à glória.
ATUALIZAÇÃO • Também a nós é pedido, nestes últimos dias antes da Páscoa, um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.
• O caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.
13. EVANGELHO (Mt 27,11-54 - forma breve)
ATUALIZAÇÃO • Também a nós é pedido, nestes últimos dias antes da Páscoa, um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.
• O caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.
13. EVANGELHO (Mt 27,11-54 - forma breve)
N. Narrador / T. Todos / L. Leitor / J.
Jesus.
S. Paixão de Nosso
Senhor Jesus Cristo segundo Mateus.
N. Naquele tempo,
Jesus foi posto diante de Pôncio Pilatos, e este o interrogou:
L. “Tu és o rei dos
judeus?”
N. Jesus declarou:
J. “É como dizes”,
N. E nada
respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos
perguntou:
L. “Não estás
ouvindo de quantas coisas eles te acusam?”
N. Mas Jesus não
respondeu uma só palavra; e o governador ficou muito impressionado. Na festa da
Páscoa, o governador costumava soltar um prisioneiro famoso, que a multidão
quisesse. Naquela ocasião, tinham um preso famoso, chamado Barrabás. Então
Pilatos perguntou à multidão reunida:
L. “Quem vós
quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus, a quem chamam de Cristo?”
N. Pilatos bem
sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. Enquanto Pilatos estava sentado
no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele:
L. “Não te envolvas
com esse justo! Porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele”.
N. Porém, os sumos
sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e
que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a perguntar:
L. “Qual dos dois
quereis que eu solte?”
N. Eles gritaram:
T. “Barrabás.”
N. Pilatos
perguntou:
L. “Que farei com
Jesus, que se chama Cristo?”
N. Todos gritaram:
T. “Seja
crucificado!”
N. Pilatos, falou:
L. “Mas, que mal
ele fez?”
N. Eles, porém,
gritaram com mais força:
T. “Seja
crucificado”
N. Pilatos viu que
nada conseguia e que podia haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou
as mãos diante da multidão e disse:
L. “Eu não sou
responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso!”
N. O povo todo
respondeu:
T. “Que o sangue
dele caia sobre nós e sobre nossos filhos”.
N. Então Pilatos
soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. Em
seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador e
reuniram toda a tropa em volta dele. Tiraram sua roupa e o vestiram com um
manto vermelho; depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua
cabeça e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e
zombaram, dizendo:
T. “Salve, rei dos
judeus!”
N. Cuspiram nele e,
pegando uma vara, bateram na sua cabeça. Depois de zombar dele, tiraram-lhe o
manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram
para crucificá-lo. Quando saíam, encontraram um homem chamado Simão, da cidade
de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar
chamado Gólgota, que quer dizer, “lugar da caveira”. Ali deram vinho misturado
com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. Depois de o
crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as vestes. E ficaram ali
sentados, montando guarda. Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo de sua
condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”. Com ele também crucificaram dois
ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus. As pessoas que passavam por
ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
T. “Tu, que ias
destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti mesmo! Se
és o Filho de Deus, desce da cruz!”
N. Do mesmo modo,
os sumos sacerdotes, junto com os mestres da lei e os anciãos, também zombavam
de Jesus:
T. “A outros
salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... desça agora da cruz! E
acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o ama! Já
que ele disse: Eu Sou o Filho de Deus”.
N. Do mesmo modo
também os dois ladrões, que foram crucificados com Jesus, o insultavam. Desde o
meio-dia até às três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a terra. Pelas
três horas da tarde, Jesus deu um forte grito:
J. “Eli, Eli, lamá
sabactani?”
N. Que quer dizer:
J. “Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonaste?”
N. Alguns dos que
ali estavam, ouvindo-o, disseram:
L. “Ele está
chamando Elias!”.
N. E logo um deles,
correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma
vara e de lhe para beber. Outros, porém, disseram:
L. “Deixa, vamos
ver se Elias vem salvá-lo!”.
N. Então Jesus deu
outra vez um forte grito e entregou o espírito.
(Todos se ajoelham
e faz-se uma pausa)
N. E eis que a
cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu,
as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos
falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, apareceram
na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas. O oficial e os soldados que
estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia
acontecido, ficaram com muito medo e disseram:
T. “Ele era mesmo
Filho de Deus!”.
S. Palavra da
Salvação.
T. Glória a vós,
Senhor.
AMBIENTE - O Evangelho Descreve como o anúncio do
Reino choca com a mentalidade da opressão e, portanto, conduz à cruz e à morte;
no entanto, não podemos dissociar os acontecimentos da paixão daqueles que
celebraremos no próximo domingo: a ressurreição é a prova de que Jesus veio de
Deus e tinha um mandato do Pai para tornar realidade no mundo o “Reino dos
céus”.
MENSAGEM - Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos, não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; e avisou os “ricos” (os poderosos), de que o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
MENSAGEM - Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos, não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; e avisou os “ricos” (os poderosos), de que o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
O projeto libertador de
Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo, de má vontade, de opressão
que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se
incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses
mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios; não estavam
dispostas a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por
isso, prenderam Jesus, julgaram-n’O, condenaram-n’O e pregaram-no numa cruz.
A morte de Jesus é a
conseqüência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das tensões e resistências
que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam o mundo. Podemos,
também, dizer que a morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação
última, porém, mais radical e mais verdadeira, daquilo que Jesus pregou com
palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
•
Ao longo do relato da paixão, Mateus insiste nos acontecimentos estarem
relacionados com o cumprimento das Escrituras (cf. Mt 26,24.30.54.56;27,9).
Mateus liga os acontecimentos da paixão de Jesus com figuras e fatos do Antigo
Testamento, a fim de demonstrar que a paixão e morte de Jesus faz parte do
projeto de Deus, previsto desde sempre. Mateus escreve para cristãos que vêm do
judaísmo; Ele vai, portanto, fazer referência a citações e promessas do Antigo
Testamento – conhecidas de cor por todos os judeus – a fim de demonstrar que
Jesus era esse Messias anunciado pelos profetas e cujo destino passava pelo dom
da vida.
• Também Marcos (cf. Mc 14,47) e Lucas (cf. Lc 22,50-51) contam como, no Getsemani, na altura em que Jesus foi preso, um dos elementos do grupo de Jesus agrediu com uma espada um servo do sumo-sacerdote. No entanto, só Mateus apresenta Jesus a condenar explicitamente o gesto, explicando que o projeto do Pai não passa pela violência, mesmo contra os agressores (cf. Mt 26,51-54). O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida; por isso, os discípulos de Jesus não podem recorrer à violência, mesmo que se trate de defender uma causa justa: o “Reino” de Deus nunca passará por esquemas de violência, de imposição, de poder e de prepotência. Na lógica do “Reino”, os fins nunca justificarão os meios.
• Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da morte de Judas (cf. Mt 27,3-10. Temos uma outra versão do acontecimento em At 1,18-19). O episódio deixa clara a iniquidade do processo e a inocência de Jesus. A forma como Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas deixa clara a inocência de Jesus.
• São exclusivos de Mateus o sonho da mulher de Pilatos (cf. Mt 27,19) e a lavagem das mãos por parte do procurador romano (cf. Mt 27,24). Estes pormenores aparecem aqui com uma dupla finalidade: por um lado, Mateus quer deixar claro que Jesus é inocente e que os próprios romanos reconhecem o fato; por outro, Mateus sugere que não foi o império romano, mas sim o próprio judaísmo que rejeitou Jesus e a sua proposta de “Reino”. Os pagãos reconhecem a inocência de Jesus; mas o seu próprio Povo rejeita-O. A frase que, no contexto do julgamento de Jesus, Mateus atribui ao Povo (“o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos” – Mt 27,25) deve também ser entendida neste enquadramento. Mateus explica dessa forma – aos cristãos que vêm do judaísmo – porque é que o judaísmo como conjunto está fora do “Reino”: o judaísmo rejeitou Jesus e quis eliminar a sua proposta.
• Também é exclusiva de Mateus a descrição dos fatos que acompanharam a morte de Jesus: “o véu do Templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade e apareceram a muitos” (Mt 27,51-53). Através destes elementos, Mateus quer sublinhar a importância do momento. É o tipo de sinais que, segundo a tradição apocalíptica, precederiam a manifestação de Deus, no final dos tempos. Estes sinais mostram que, apesar do aparente fracasso de Jesus, Deus está ali, a manifestar-Se como o salvador e libertador do seu Povo.
• Finalmente, só Mateus narra o episódio da “guarda” do sepulcro (cf. Mt 27,62-66). Provavelmente, o relato de Mateus tem uma finalidade apologética… Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado; mas alguns grupos judeus puseram a circular o rumor de que o corpo de Jesus tinha sido roubado pelos discípulos. Mateus trata de explicar a origem do rumor e de negá-lo veementemente.
ATUALIZAÇÃO • Por amor, o Filho de Deus veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu as tentações, tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.
• No Getsêmani, um dos
elementos do grupo de Jesus agrediu com uma espada um servo do sumo-sacerdote.
o projeto do Pai não passa pela violência, mesmo contra os agressores: o
“Reino” de Deus nunca passará por esquemas de violência, de imposição, de poder
e de prepotência. Na lógica do “Reino”, os fins nunca justificarão os meios.
• Contemplar a cruz, onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus, significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
* Jesus foi apaixonado de Deus seu Pai. Uma só coisa contava para Ele: fazer a sua vontade. Ora, a vontade de Deus não era que seu Filho morresse, mas que fosse até ao fim do amor. Com o risco de dar a sua vida… e foi o que Ele fez. Jesus foi um apaixonado dos homens seus irmãos. Uma só coisa contava para Ele: salvar a humanidade, arrancando-a do egoísmo, da violência, do orgulho, da riqueza, da idolatria, de tudo o que leva à morte e à infelicidade… para lhe propor o serviço, o acolhimento, o perdão, a pobreza, tudo o que leva à vida e à felicidade, e que tem um nome: o Amor.
• Contemplar a cruz, onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus, significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
* Jesus foi apaixonado de Deus seu Pai. Uma só coisa contava para Ele: fazer a sua vontade. Ora, a vontade de Deus não era que seu Filho morresse, mas que fosse até ao fim do amor. Com o risco de dar a sua vida… e foi o que Ele fez. Jesus foi um apaixonado dos homens seus irmãos. Uma só coisa contava para Ele: salvar a humanidade, arrancando-a do egoísmo, da violência, do orgulho, da riqueza, da idolatria, de tudo o que leva à morte e à infelicidade… para lhe propor o serviço, o acolhimento, o perdão, a pobreza, tudo o que leva à vida e à felicidade, e que tem um nome: o Amor.
Pe.
Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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Homilia de D. Henrique Soares:
O mistério que hoje estamos celebrando – a Paixão e
Morte do Senhor – e vamos celebrar de modo mais pausado e contemplativo nesses
dias da Grande Semana, foi resumido de modo admirável na segunda leitura desta
Eucaristia: o Filho, sendo Deus, tomou a forma de servo e fez-se obediente ao
Pai por nós até a morte de cruz. E o Pai o exaltou e deu-lhe um nome acima de
todo nome, para nossa salvação! Eis o mistério! Eis a salvação que nos foi
dada!
Mas isso custou ao Senhor! É sempre assim: os ideais são
lindos; coloca-los na vida, na carne de nossa existência, requer renúncia,
lágrimas, sangue! O Filho, para nos salvar, teve que aprender como um
discípulo, teve que oferecer as costas aos verdugos e o rosto às bofetadas! Que
ideal tão alto; que caminho tão baixo! Que ideal tão sublime, que meios tão
trágicos!
Foi assim com o nosso Jesus; é assim conosco! É na dor
da carne da vida que o Senhor nos convida a participar da sua cruz e caminhar
com ele para a ressurreição. Infelizmente, nós, que aqui nos sentamos à mesa
com ele, tantas vezes o deixamos de lado: “Quem vai me trair é aquele que
comigo põe a mão no prato!” –
Eis! É para nós esta palavra! Comemos o seu Pão ao redor deste Altar sagrado e,
no entanto, o abandonamos nas horas de cruz: “Esta noite vós ficareis
decepcionados por minha causa!” –
Que pena! Queríamos um Messias fácil, um Messias que nos protegesse contra as
intempéries da vida, que fosse bonzinho para o mundo atual. Como seria bom um
Messias de acordo com o assassinato de embriões, com o aborto, com a
libertinagem reinante... Mas, não! Esse Messias prefere morrer a matar, esse
Messias exige que o sigamos radicalmente, esse Messias nos convida a receber a
mesma rejeição que ele recebe do mundo: Minha alma está triste até à
morte. Ficais aqui e vigiai comigo!”
Irmãos, que vos preparais para celebrar estes dias
sagrados, não vos acovardeis, não renegueis o nosso Senhor, não o deixeis
padecer sozinho, crucificado por um mundo cada vez mais infiel e ateu, um mundo
que denigre o nome de Cristo e de sua Igreja católica! Cuidado, irmãos! Não é
fácil, não será fácil a luta: “Vigiai e orai, para não
cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca!” Que nos sustente a força daquele que
por nós se fez fraco! Que nos socorra a intercessão daquele que orou por Pedro
para que sua fé não desfalecesse! E se, como Pedro cairmos, ao menos, como
Pedro, arrependamo-nos e choremos!
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos
bendizemos porque pela vossa santa cruz remistes o mundo!
============----------------===============
Homilia Monsenhor José Maria
Com a celebração do Domingo de Ramos e
da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana Santa. No Evangelho (Mt 21, 1-11)
vemos que o cortejo organizou-se rapidamente. Jesus faz a sua entrada em
Jerusalém, como Messias, montado num burrinho, conforme havia sido profetizado
muitos séculos antes (Zac. 9,9). Jesus aceita a homenagem, e quando os
fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram sufocar aquelas
manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos digo, se eles se
calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40). Hoje Jesus quer também entrar
triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos
testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa
alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros.
Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano.
Naquele cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus
vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê
como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de
salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada.
Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de
Cristo. O Concílio Vaticano II, G.S,nº 22, diz: De certo modo, o próprio Filho
de Deus se uniu a cada homem pela sua Encarnação. Trabalhou com mãos humanas,
pensou com mente humana, amou com coração de homem. Nascido de Maria Virgem,
fez-se verdadeiramente um de nós, igual a nós em tudo menos no pecado. Cordeiro
inocente, mereceu-nos a vida derramando livremente o seu sangue, e n’Ele o
próprio Deus nos reconciliou consigo e entre nós mesmos e nos arrancou da
escravidão do demônio e do pecado, e assim cada um de nós pode dizer com o
Apóstolo: “Ele me amou e se entregou por mim (Gal. 2,20)”. A história de cada
homem é a história da contínua solicitude de Deus para com ele. Cada homem é
objeto da predileção do Senhor. Jesus tentou tudo com Jerusalém, e a cidade não
quis abrir as portas à misericórdia. É o profundo mistério da liberdade humana,
que tem a triste possibilidade de rejeitar a graça divina. Como é que estamos
correspondendo às inúmeras instâncias do Espírito Santo para que sejamos santos
no meio das nossas tarefas, no nosso ambiente? Quantas vezes em cada dia
dizemos sim a Deus e não ao egoísmo à preguiça, a tudo o que significa falta de
amor, mesmo em pormenores insignificantes? A entrada triunfal de Jesus foi
bastante efêmera para muitos. Os ramos verdes murcharam rapidamente. O hosana
entusiástico transformou-se, cinco dias mais tarde, num grito furioso:
Crucifica-o! Por que foi tão brusca a mudança, por que tanta inconsistência?
São Bernardo comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora,
crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são
diferentes as vozes que agora o aclamam Rei de Israel e dentro de poucos
dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos
verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as
próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.”
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência e
perseverança,aprofundamento da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos
não sejam luz que brilha momentaneamente e logo se apaga. Muito dentro do nosso
coração, há profundos contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se
queremos ter em nós a vida divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes
e matar pela penitência o que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o
Senhor até a Cruz. A Igreja nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar
todos os passos da Paixão de Cristo. Terminada a procissão mergulha-se no
mistério da Paixão de Jesus Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na
esperança da vitória final. Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl
2,6-11 temos a chave principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus
humilhou-se e por isso Deus o exaltou! Em Mt 26, 14-27,66 somos chamados a
contemplar a PAIXÃO e a MORTE de Jesus. Que durante a Semana Santa possamos
tirar muitos frutos da meditação da Paixão de Cristo. Que em primeiro lugar
tenhamos aversão ao pecado; possamos avivar o nosso amor e afastar a tibieza!
Mons. José Maria Pereira
==============--------------------===========
Homilia Pe. Françoá Costa
Durante muitos anos eu preguei que a multidão que estava com
Jesus na entrada de Jerusalém foi a mesma que depois gritaria “crucifica-o”. No
entanto, J. Ratzinger-Bento XVI, no seu novo livro “Jesus de Nazaré – Da
entrada de Jerusalém até a Ressurreição”, deu-me outra visão das coisas. Ratzinger
nos explica que há duas multidões, a primeira é a que acompanhava a Jesus e que
o aclamava com “hosanna” e com “bendito o que vem em nome do Senhor”; a outra
multidão foi a que gritou “crucifica-o”. Ainda que não me estranhasse que
algumas pessoas que faziam parte da primeira multidão estivessem entre os da
segunda, pareceu-me convincente a explicação de Ratzinger. Ajuda-me a ver a
primeira multidão de uma maneira mais próxima a nós. As pessoas que aclamam a
Jesus no dia de hoje não aparecem como falsas ou mesquinhas e traidoras no
porvir. Elas atuavam com um coração sincero. Ainda que as pessoas possam
perverter-se, é preciso dar-lhes sempre um voto de confiança.
Nós, quando louvamos e bendizemos a Deus, quando estamos bem
perto dele e dizemos que nós o amamos e depois, talvez não muitas horas depois,
o traímos com alguma ofensa grave ou pedimos a sua morte a través dos nossos
pecados, não estávamos sendo falsos nem hipócritas. Nós que louvamos a Deus,
mas depois nos deparamos com as nossas fraquezas patentes, temos que apoiar-nos
mais na misericórdia, mas não devemos pensar que estamos fazendo teatro.
Quando nós dizemos nos nossos atos de contrição, “eu não
quero mais pecar”, o Senhor sabe que a nossa vontade é débil e sabe que o
ofenderemos novamente, no entanto, Deus acredita de verdade, ele não finge que
acredita na nossa contrição. Ele conhece o nosso coração e sabe que não
queremos enganá-lo, sabe também que nem sempre nós acreditamos nas nossas
promessas de fidelidade e de bons desejos. Não é verdade que nalgum momento
fizemos um ato de contrição com aquela pergunta mais profunda que questionava a
nossa sinceridade para com Deus?
Deus sabe mais. Claro que sim. Não é hipócrita quem peca e
se arrepende, não é falso que ofende a Deus e se confessa, não é descarado quem
chora os seus próprios pecados e depois se alegra em praticá-los. Não. A
debilidade humana existe. E como existe! Mas a graça de Deus também existe. E
como existe!
Aclamemos o Senhor no dia de hoje com todas as nossas
forças. Nós nem sabemos quando gritaremos “crucifica-o”, talvez nunca mais
diremos essas palavras. No entanto, livre-nos Deus da “presunção petrina”.
Presunção petrina? Refiro-me àquele episódio no qual Jesus anuncia a Pedro que
ele o negaria três vezes. O apóstolo, confiando nas suas próprias forças e no
seu amor ao Senhor, diz que isso não aconteceria. Pobre Pedro! Nós já sabemos
como termina a história. Graças a Deus termina bem: com um ato de
arrependimento, com o perdão de Jesus e com um trabalho apostólico depositado nos
ombros de Pedro que o faria não complicar a própria existência, mas
simplesmente continuar trabalhando pela glória de Deus e pelo bem dos irmãos.
Não nos compliquemos a existência desde o começo, ou seja,
evitaremos inclusive a presunção petrina. Deus nos recorda com frequência: “meu
filho, cuidado, confia mais em mim; do contrário, você se quebrará”. Digamos ao
Senhor: “é certo, Senhor, reconheço o real perigo de quebrar-me interiormente.
Salva-me; do contrário, perecerei.” Digamos com o coração, sem nenhuma falsa
humildade: “salva-me!” Não nos assustemos conosco mesmos. Haja sempre paz em
nossa alma. Deus é nosso Pai e nós somos os seus filhos. Que mais queremos?
Além do mais, o Senhor colocou à nossa disposição os meios para que fôssemos
restaurados: a confissão, a comunhão, a oração, a caridade, etc. Permanecendo
sempre no caminho de Deus, continuemos o nosso louvor a ele junto aos da
primeira multidão: “bendito o que vem em nome do Senhor”.
Pe. Françoá Costa
==============-----------------=============
Domingo
de Ramos 2014
Celebramos hoje o DOMINGO
DE RAMOS.
A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE
JESUS EM JERUSALÉM, com a procissão de Ramos... num clima de alegria...
como GESTO de FÉ e
de COMPROMISSO.
- O INÍCIO DA
SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor, na missa, relembrando
o caminho do sofrimento e da Cruz.
= Dois momentos
distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
Jesus se
apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...
As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que
celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus, a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)
* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida
para trazer a salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de
toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte, a
obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com
humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar
totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida
plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos
propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus,
segundo São Mateus. (Mt
26,14-27,66)
O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus,
mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor:
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o
bem" e anunciando
um mundo novo de
vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem
os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos,
não deviam ser
marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de
Deus e
aqueles que tinham
um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os
instalados), de que o egoísmo,
o orgulho, a
autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
è
Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo e
de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se
incomodadas com a denúncia de Jesus:
não estavam
dispostas a renunciar aos mecanismos que lhes asseguravam poder, influência,
domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a
aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa
cruz.
A morte de Jesus é a consequência do anúncio do "Reino", que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo.
A morte de Jesus é o
ponto mais alto de sua vida; é a afirmação mais radical de tudo aquilo que
pregou: o dom total.
Aprofundemos alguns dados que são exclusivos da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:
- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo...
por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado
pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote...
O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.
- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte
de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência
de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e deixa
clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos.
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de
Jesus e o próprio povo o rejeita.
- Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus:
"O véu do Templo
rasgou-se em duas partes... a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se
os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram
na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador
e libertador do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus,
- Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda"
do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que
Jesus tinha ressuscitado.

Nós também queremos
saudar a vida que ele trouxe e
a misericórdia que
encontramos em seu bondoso coração.
Pe. Antônio Geraldo
Para a Celebração da Palavra:
LOUVOR: O SENHOR ESTEJA COM... DEMOS GRAÇAS AO
SENHOR NOSSO DEUS...
è
Com Jesus, por Jesus e em
Jesus, na força do Esp. Santo, louvemos ao Pai:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
à Ó Pai, nós Vos damos
graças pelo testemunho de não-violência ensinado pelos Profetas e pelo Vosso
Filho Jesus. Que nós saibamos, ser solidários para com os fracos e
necessitados. Que sejamos a força dos oprimidos e o grito dos emudecidos. Que
sejamos amor para com todos os vossos filhos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
à DEUS, NOSSO PAI, nós Vos adoramos e vos
bendizemos: Vós nos enviastes vosso Filho para nos dar a salvação. Nós vos
glorificamos, pois Ele foi humilhado até a morte e nos deu provas de vosso amor
por nós. Que sejamos transformados pelos seus exemplos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
à Senhor, Somos o vosso povo e cremos
que Jesus é o Salvador que nos enviastes. Sabemos que nunca nos abandonais. Pedimos perdão
quando somos egoístas e autossuficientes. Perdão pelas vezes que atiramos
pedras em nosso irmão indefeso. Perdão pelas vezes que não sabemos ler na cruz
a prova de amor.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
à
Pai nosso... A Paz... Eis o cordeiro...
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