4º DOMINGO DO ADVENTO ANO B - 2011
Tema: “Deus
encarnou-se em nossa história.” Deus oferece aos homens vida plena e salvação definitiva.
Primeira leitura: Deus anuncia a Davi,
pelo profeta Natã, que nunca abandonará o seu Povo e o conduzirá à felicidade e
à realização plena. A “promessa” irá concretizar-se num “filho” de David.
Evangelho: Jesus se encarna na história dos homens, a fim de lhes trazer a salvação e a vida definitiva. A concretização deste projeto só é possível quando dizemos “sim” ao projeto de Deus.
Segunda: a salvação se manifestou, em Jesus, a todos os povos, a fim de que a humanidade integre a família de Deus.
Evangelho: Jesus se encarna na história dos homens, a fim de lhes trazer a salvação e a vida definitiva. A concretização deste projeto só é possível quando dizemos “sim” ao projeto de Deus.
Segunda: a salvação se manifestou, em Jesus, a todos os povos, a fim de que a humanidade integre a família de Deus.
5.
PRIMEIRA LEITURA (2Sm
7,1-5.8b-12.14a.16) Leitura do Segundo Livro de Samuel.
Tendo-se
o rei Davi instalado já em sua casa e tendo-lhe o Senhor dado a paz, livrando-o
de todos os seus inimigos, ele disse ao profeta Natã: “Vê: eu resido num
palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!” Natã respondeu ao
rei: “Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo”.
Mas, nessa mesma noite, a palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos:
“Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor: Porventura és tu que me
construirás uma casa para eu habitar? Fui eu que te tirei do pastoreio, do meio
das ovelhas, para que fosses o chefe do meu povo, Israel. Estive contigo em
toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus inimigos,
fazendo o teu nome tão célebre como os dos homens mais famosos da terra. Vou
preparar um lugar para o meu povo, Israel: eu o implantarei, de modo que possa
morar lá sem jamais ser inquietado. Os homens violentos não tornarão a oprimi-lo como
outrora, no tempo em que eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel.
Concedo-te uma vida tranquila, livrando-te de todos os teus inimigos. E o
Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e
repousares com teus pais, então suscitarei, depois de ti, um filho teu e confirmarei a
sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e
teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para
sempre”.
AMBIENTE: Os Livros de Samuel referem-se a um dos momentos mais importantes da história do Antigo Testamento: o momento da constituição de Israel como Povo, no sentido estrito e pleno da palavra. É durante a época a que os Livros de Samuel aludem que, pela primeira vez na sua história, as tribos do Norte (Israel) e do Sul (Judá) se reúnem em torno de um único rei (David) e em torno de uma capital comum (Jerusalém). Estamos nos finais do séc. XI e princípios do séc. X a.C..
David tornou-se rei de Judá (Sul) por volta de
Ora, uma vez em Jerusalém, a “Arca” pedia um Templo adequado para lhe dar abrigo. David pensou em construir esse Templo; mas o profeta Natã, inspirado por Jahwéh, segundo o teólogo deuteronomista, opôs-se. Encontramos aqui o eco de uma disputa que dividirá durante muito tempo o Povo de Deus… Para alguns ambientes proféticos, o Templo era uma ofensa a Deus, uma tentativa de encerrá-lO, em vez de deixar-se guiar por Ele. Jahwéh é visto pelos teólogos do Povo de Deus como um Deus “nômade”, que acompanha o seu Povo pelos caminhos da vida e da história e que não tem um lugar fixo, limitado, fechado, para se encontrar com os homens.
MENSAGEM:
Portanto, Davi não irá construir o Templo. Mas se Davi não pode
dar “estabilidade” ao Senhor, este pode dar estabilidade a Davi e ao Povo de
Deus. Jogando com o duplo significado da palavra hebraica “bait” (“casa”), que
pode usar-se para definir a casa de pedra (“Templo”) e a casa real (“família”,
“dinastia”). O teólogo deuteronomista explica que se David não vai construir
uma “casa” (Templo) para Deus, Deus vai construir uma “casa” (família) para
David (“o Senhor anuncia que te vai fazer uma casa” – vers. 11). Trata-se da
“Aliança davídica”, que constitui a família de David como depositária das
promessas divinas e garantia de um futuro de estabilidade, de segurança, de paz
para o Povo de Deus.
Esta “Aliança” garante – quer a David, quer a todo o Povo de Deus – quatro elementos fundamentais… Em primeiro lugar, garante uma relação especial entre Jahwéh e a descendência de David, expressa em termos de filiação (“serei para ele um pai e ele será para mim um filho” – 2 Sm 7,14a); em segundo lugar, garante que, através dos reis descendentes de David, o próprio Jahwéh cuidará do seu Povo e o conduzirá pelos caminhos da vida e da história (cf. 2 Sm 7,8.12.16; em terceiro lugar, garante a prosperidade, a paz e a justiça para o Povo de Deus (cf. 2 Sm 7,10); em quarto lugar, garante a eternidade da dinastia e da nação (cf. 2 Sm 7,16). Trata-se de uma “promessa” que põe em relevo a fidelidade de Deus ao seu Povo, o seu amor nunca desmentido e mil vezes provado na história, a sua vontade de cuidar do seu Povo, de o libertar e de o conduzir ao encontro da salvação e da vida. Nesta “promessa”, Jahwéh revela-se como esse Deus peregrino, permanentemente a caminho com o seu Povo e que, ao longo dessa caminhada, se vai revelando como a rocha segura e firme na qual o Povo de Deus encontra a salvação.
A profecia de Natã constitui o ponto de partida do chamado “messianismo régio”: a promessa de Deus rapidamente extravasa o filho e sucessor de David (Salomão), para se dirigir a uma figura de rei “ideal”, que dará cumprimento a todas as aspirações e esperanças que o Povo depositava na dinastia davídica.
Esta “profecia/promessa” tornar-se-á, com o passar do tempo, um dos artigos fundamentais da fé de Israel. Sobretudo em épocas dramáticas de crise e de angústia nacional, a “Aliança davídica” será um “capital de esperança” que ajudará o Povo a enfrentar as vicissitudes da história. O Povo de Deus passará, então, a sonhar com um Messias, da descendência de David, que oferecerá ao Povo de Deus um futuro de liberdade, de abundância, de fecundidade, de paz e de bem-estar sem fim.
Esta “Aliança” garante – quer a David, quer a todo o Povo de Deus – quatro elementos fundamentais… Em primeiro lugar, garante uma relação especial entre Jahwéh e a descendência de David, expressa em termos de filiação (“serei para ele um pai e ele será para mim um filho” – 2 Sm 7,14a); em segundo lugar, garante que, através dos reis descendentes de David, o próprio Jahwéh cuidará do seu Povo e o conduzirá pelos caminhos da vida e da história (cf. 2 Sm 7,8.12.16; em terceiro lugar, garante a prosperidade, a paz e a justiça para o Povo de Deus (cf. 2 Sm 7,10); em quarto lugar, garante a eternidade da dinastia e da nação (cf. 2 Sm 7,16). Trata-se de uma “promessa” que põe em relevo a fidelidade de Deus ao seu Povo, o seu amor nunca desmentido e mil vezes provado na história, a sua vontade de cuidar do seu Povo, de o libertar e de o conduzir ao encontro da salvação e da vida. Nesta “promessa”, Jahwéh revela-se como esse Deus peregrino, permanentemente a caminho com o seu Povo e que, ao longo dessa caminhada, se vai revelando como a rocha segura e firme na qual o Povo de Deus encontra a salvação.
A profecia de Natã constitui o ponto de partida do chamado “messianismo régio”: a promessa de Deus rapidamente extravasa o filho e sucessor de David (Salomão), para se dirigir a uma figura de rei “ideal”, que dará cumprimento a todas as aspirações e esperanças que o Povo depositava na dinastia davídica.
Esta “profecia/promessa” tornar-se-á, com o passar do tempo, um dos artigos fundamentais da fé de Israel. Sobretudo em épocas dramáticas de crise e de angústia nacional, a “Aliança davídica” será um “capital de esperança” que ajudará o Povo a enfrentar as vicissitudes da história. O Povo de Deus passará, então, a sonhar com um Messias, da descendência de David, que oferecerá ao Povo de Deus um futuro de liberdade, de abundância, de fecundidade, de paz e de bem-estar sem fim.
ATUALIZAÇÃO • A
questão fundamental que o nosso texto põe é a da atitude de Deus diante dos
homens e do mundo. O catequista deuteronomista, autor deste texto, está seguro
de que Jahwéh, o Senhor da história, se preocupa com o caminho que os homens
percorrem e encontra sempre forma de derramar o seu amor e a sua bondade sobre
o Povo que ele próprio elegeu. Numa época em que a cultura dominante parece
apostada em decretar a “morte” de Deus ou, pelo menos, em torná-lo uma
inofensiva figura de cera e em exilá-lo para o museu das experiências
pré-racionais, é importante para nós crentes não esquecermos esta certeza que a
Palavra de Deus nos deixa: o nosso Deus preside à história humana, vem
continuamente ao encontro dos homens, faz com eles uma Aliança, oferece-lhes a
paz e a justiça e aponta-lhes o caminho para a verdadeira vida, a verdadeira
liberdade, a verdadeira salvação.
• Se é Deus quem conduz a história humana, não temos razão para
temer o futuro do mundo. Os homens podem inventar a morte, a violência, a
injustiça, a opressão, a exploração, os imperialismos; mas Deus saberá conduzir
a história dos homens e do mundo a bom porto, de acordo com o seu projeto de
amor e de salvação. Esta certeza deve levar-nos a encarar a história humana com
otimismo, com esperança e com confiança, mesmo quando as forças da morte
parecerem controlar a nossa história e dirigir as nossas vidas.
• É preciso, nestes dias que antecedem o Natal, ter consciência
de que a promessa de Deus a David se concretiza em Jesus… Ele é esse “rei” da
descendência de David que Deus enviou ao nosso encontro para nos apontar o
caminho para o reino da justiça, da paz, do amor e da felicidade sem fim.
• Mais uma vez, a Palavra de Deus deixa claro que Deus intervém
no mundo e concretiza os seus projetos de salvação através de homens a quem Ele
confia determinada missão (“tirei-te das pastagens onde guardavas os rebanhos,
para seres o chefe do meu povo de Israel”). Estou disponível para que Deus,
através de mim, possa continuar a oferecer a salvação aos meus irmãos,
particularmente aos pobres, aos humildes, aos marginalizados, aos excluídos do
mundo?
6.
SALMO RESPONSORIAL / Sl 88(89)
Ó
Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor!
•
Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, / de geração em
geração eu cantarei vossa verdade! /
Porque
dissestes: “O amor é garantido para sempre”! / E a vossa lealdade é tão firme
como os céus.
•
“Eu firmei uma aliança com meu servo, meu eleito, / eu fiz um
juramento a Davi, meu servidor. / Para sempre,
no
teu trono, firmarei tua linhagem, / de geração em geração garantirei o teu
reinado!
•
Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu
Deus, / sois meu Rochedo onde encontro a salvação’! / Guardarei eternamente para ele a minha
graça / e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel”.
9. EVANGELHO (Lc 1,26-38) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
9. EVANGELHO (Lc 1,26-38) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele
tempo, no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da
Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem
chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. O anjo
entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está
contigo!” Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual
seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo,
Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à
luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho
do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará
para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria
perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” O
anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá
com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de
Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o
sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é
impossível”. Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim
segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.
AMBIENTE:
O texto que nos é hoje proposto pertence ao “Evangelho da
Infância” na versão de Lucas. De acordo com os biblistas atuais, os textos do
“Evangelho da Infância” pertencem a um gênero literário especial, chamado homologese.
Este gênero não pretende ser um relato jornalístico e histórico de
acontecimentos; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a proclamar certas
realidades salvíficas (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o
“Deus conosco”). Desenvolve-se em forma de narração e recorre às técnicas do
midrash haggádico (uma técnica de leitura e de interpretação do texto sagrado
usada pelos rabis judeus da época de Jesus). A homologese utiliza e mistura
tipologias (fatos e pessoas do Antigo Testamento encontram a sua
correspondência em fatos e pessoas do Novo Testamento) e aparições
apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) para fazer avançar a narração e para
explicitar determinada catequese sobre Jesus. O Evangelho que nos é hoje
proposto deve ser entendido a esta luz: não interessa, pois, estar aqui à
procura de fatos históricos; interessa, sobretudo, perceber o que é que a
catequese cristã primitiva nos ensina, através destas narrações, sobre Jesus.
A cena situa-nos numa aldeia da Galileia, chamada Nazaré. A Galileia, região a norte da Palestina, à volta do Lago de Tiberíades, era considerada pelos judeus uma terra longínqua e estranha, em permanente contacto com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que “da Galileia não pode vir nada de bom”. Quanto a Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto (de acordo com a mentalidade judaica), completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.
Maria, a jovem de Nazaré que está no centro deste episódio, era “uma virgem desposada com um homem chamado José”. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27)… E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio. José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas já tinham celebrado os “esponsais”.
A cena situa-nos numa aldeia da Galileia, chamada Nazaré. A Galileia, região a norte da Palestina, à volta do Lago de Tiberíades, era considerada pelos judeus uma terra longínqua e estranha, em permanente contacto com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que “da Galileia não pode vir nada de bom”. Quanto a Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto (de acordo com a mentalidade judaica), completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.
Maria, a jovem de Nazaré que está no centro deste episódio, era “uma virgem desposada com um homem chamado José”. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27)… E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio. José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas já tinham celebrado os “esponsais”.
MENSAGEM:
Depois da apresentação do “ambiente” do quadro, Lucas apresenta
o diálogo entre Maria e o anjo. A conversa começa com a saudação do anjo. Na
boca deste, são colocados termos e expressões com ressonância
vétero-testamentária, ligados a contextos de eleição, de vocação e de missão.
Assim, o termo “ave” (em grego, “kaire”) com que o anjo se dirige a Maria é
mais do que uma saudação: é o eco dos anúncios de salvação à “filha de Sião” –
uma figura fraca e delicada que personifica o Povo de Israel, em cuja fraqueza
se apresenta e representa essa salvação oferecida por Deus e que Israel deve
testemunhar diante dos outros povos (cf. 2 Re 19,21-28; Is 1,8;12,6; Jer 4,31;
Sof 3,14-17). A expressão “cheia de graça” significa que Maria é objeto da
predileção e do amor de Deus. A outra expressão, “o Senhor está contigo”, é uma
expressão que aparece com frequência ligada aos relatos de vocação no Antigo
Testamento (cf. Ex 3,12 – vocação de Moisés; Jz 6,12 – vocação de Gedeão; Jer
1,8.19 – vocação de Jeremias) e que serve para assegurar ao “chamado” a
assistência de Deus na missão que lhe é pedida. Estamos, portanto, diante do
“relato de vocação” de Maria: a visita do anjo destina-se a apresentar à jovem
de Nazaré uma proposta de Deus. Essa proposta vai exigir uma resposta clara de
Maria. Qual é, então, o papel proposto a Maria no projeto de Deus?
A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial… Desse “filho” diz-se, em primeiro lugar, que Ele se chamará “Jesus”. O nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos a 2 Sm 7 e à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Natã. Esse “filho” é descrito nos mesmos termos em que a teologia de Israel descrevia o “Messias” libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse “Messias” que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas. Como é que Maria responde ao projeto de Deus? A resposta de Maria começa com uma objeção… A objeção faz sempre parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11;6,30; Is 6,5; Jer 1,6). É uma reação natural de um “chamado”, assustado com a perspectiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos “chamados”, faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo. Diante da “objeção”, o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes (Oteniel – cf. Jz 3,10; Gedeão – cf. Jz 6,34; Jefté – cf. Jz 11,29; Sansão – cf. Jz 14,6), sobre os reis (Saul – cf. 1 Sm 11,6; David – cf. 1 Sm 16,13), sobre os profetas (cf. Maria, a profetisa irmã de Aarão – cf. Ex 15,20; os anciãos de Israel – cf. Nm 11,25-26; Ezequiel – cf. Ez 2,1; 3,12; o Trito-Isaías – cf. Is 61,1), a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo. A “sombra” ou “nuvem” leva-nos também à “coluna de nuvem” (cf. Ex 13,21) que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova. A questão é a seguinte: apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, fazer-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens. O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Afirmar-se como “serva” significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica – pois, no Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que Ele reservou para o seu serviço e que Ele enviou ao mundo com uma missão (essa designação aparece, por exemplo, no Deutero-Isaías – cf. Is 42,1;49,3;50,10;52,13;53,2.11 – em referência à figura enigmática do “servo de Jahwéh”). Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.
A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial… Desse “filho” diz-se, em primeiro lugar, que Ele se chamará “Jesus”. O nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos a 2 Sm 7 e à promessa feita por Deus ao rei David através das palavras do profeta Natã. Esse “filho” é descrito nos mesmos termos em que a teologia de Israel descrevia o “Messias” libertador. O que é proposto a Maria é, pois, que ela aceite ser a mãe desse “Messias” que Israel esperava, o libertador enviado por Deus ao seu Povo para lhe oferecer a vida e a salvação definitivas. Como é que Maria responde ao projeto de Deus? A resposta de Maria começa com uma objeção… A objeção faz sempre parte dos relatos de vocação do Antigo Testamento (cf. Ex 3,11;6,30; Is 6,5; Jer 1,6). É uma reação natural de um “chamado”, assustado com a perspectiva do compromisso com algo que o ultrapassa; mas é, sobretudo, uma forma de mostrar a grandeza e o poder de Deus que, apesar da fragilidade e das limitações dos “chamados”, faz deles instrumentos da sua salvação no meio dos homens e do mundo. Diante da “objeção”, o anjo garante a Maria que o Espírito Santo virá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra. Este Espírito é o mesmo que foi derramado sobre os juízes (Oteniel – cf. Jz 3,10; Gedeão – cf. Jz 6,34; Jefté – cf. Jz 11,29; Sansão – cf. Jz 14,6), sobre os reis (Saul – cf. 1 Sm 11,6; David – cf. 1 Sm 16,13), sobre os profetas (cf. Maria, a profetisa irmã de Aarão – cf. Ex 15,20; os anciãos de Israel – cf. Nm 11,25-26; Ezequiel – cf. Ez 2,1; 3,12; o Trito-Isaías – cf. Is 61,1), a fim de que eles pudessem ser uma presença eficaz da salvação de Deus no meio do mundo. A “sombra” ou “nuvem” leva-nos também à “coluna de nuvem” (cf. Ex 13,21) que acompanhava a caminhada do Povo de Deus em marcha pelo deserto, indicando o caminho para a Terra Prometida da liberdade e da vida nova. A questão é a seguinte: apesar da fragilidade de Maria, Deus vai, através dela, fazer-se presente no mundo para oferecer a salvação a todos os homens. O relato termina com a resposta final de Maria: “eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Afirmar-se como “serva” significa, mais do que humildade, reconhecer que se é um eleito de Deus e aceitar essa eleição, com tudo o que ela implica – pois, no Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de glória, reservado àqueles que Deus escolheu, que Ele reservou para o seu serviço e que Ele enviou ao mundo com uma missão (essa designação aparece, por exemplo, no Deutero-Isaías – cf. Is 42,1;49,3;50,10;52,13;53,2.11 – em referência à figura enigmática do “servo de Jahwéh”). Desta forma, Maria reconhece que Deus a escolheu, aceita com disponibilidade essa escolha e manifesta a sua disposição de cumprir, com fidelidade, o projeto de Deus.
ATUALIZAÇÃO:
• Também o Evangelho deste domingo (na linha das outras duas
leituras) afirma, de forma clara e insofismável, que Deus ama os homens e tem
um projeto de vida plena para lhes oferecer. Como é que esse Deus cheio de amor
pelos seus filhos intervém na história humana e concretiza, dia a dia, essa
oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré (bem como a de tantos outros
“chamados”) responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e
mulheres atentos aos projetos de Deus e de coração disponível para o serviço
dos irmãos, que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor,
que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da
realização plena. Já pensamos que é através dos nossos gestos de amor, de
partilha e de serviço que Deus Se torna presente no mundo e transforma o mundo?
• Neste domingo que precede o Natal de Jesus, a história de
Maria mostra como é possível fazer Jesus nascer no mundo: através de um “sim”
incondicional aos projetos de Deus. É preciso que, através dos nossos “sins” de
cada instante, da nossa disponibilidade e entrega, Jesus possa vir ao mundo e
oferecer aos nossos irmãos – particularmente aos pobres, aos humildes, aos
infelizes, aos marginalizados – a salvação e a vida de Deus.
• Outra questão é a dos instrumentos de que Deus se serve para
realizar os seus planos… Maria era uma jovem mulher de uma aldeia obscura dessa
“Galileia dos pagãos” de onde não podia “vir nada de bom”. Não consta que
tivesse uma significativa preparação intelectual, extraordinários conhecimentos
teológicos, ou amigos poderosos nos círculos de poder e de influência da
Palestina de então… Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um
papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A
história vocacional de Maria deixa claro que, na perspectiva de Deus, não são o
poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a
capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres,
independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a
disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus.
• Diante dos apelos de Deus ao compromisso, qual deve ser a
resposta do homem? É aí que somos colocados diante do exemplo de Maria…
Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um “sim” total e
incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus
projetos pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais
passaram naturalmente e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria
não há qualquer sinal de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega
total nas mãos de Deus e um acolhimento radical dos caminhos de Deus. O testemunho
de Maria é um testemunho questionante, que nos interpela fortemente… Que
atitude assumimos diante dos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com
amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus, ou assumimos uma
atitude egoísta de defesa intransigente dos nossos projetos pessoais e dos
nossos interesses egoístas?
• É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem
reservas, sem medir os prós e os contras? Como é que se chega a esta confiança
incondicional em Deus e nos seus projetos? Naturalmente, não se chega a esta
confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão,
de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem
Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré
foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do
encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele. No meio da agitação de
todos os dias, encontro tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em
comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que Ele me
dá dia a dia?
7.
SEGUNDA LEITURA (Rm
16,25-27) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos:
Glória seja dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu
evangelho e à pregação
de
Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério mantido em sigilo desde
sempre. Agora este mistério foi
manifestado e, mediante as
Escrituras proféticas, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao
conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé. A ele, o
único Deus, o sábio, por meio de Jesus Cristo, a glória, pelos séculos dos
séculos. Amém!
AMBIENTE:
No final da década de 50 (a Carta aos Romanos apareceu por volta
de 57/58), multiplicavam-se as “crises” entre os cristãos oriundos do mundo
judaico e os cristãos oriundos do mundo pagão. Uns e outros tinham perspectivas
diferentes da salvação e da forma de viver o compromisso com Jesus Cristo e com
o seu Evangelho. Os cristãos de origem judaica consideravam que, além da fé em Jesus Cristo , era
necessário cumprir as obras da Lei (nomeadamente a prática da circuncisão) para
ter acesso à salvação; mas os cristãos de origem pagã recusavam-se a aceitar a
obrigatoriedade das práticas judaicas. Era uma questão “quente”, que ameaçava a
unidade da Igreja. Este problema também era sentido pela comunidade cristã de
Roma.
Neste cenário, Paulo vai mostrar a todos os crentes (a Carta aos Romanos, mais do que uma carta para a comunidade cristã de Roma, é uma carta para as comunidades cristãs, em geral) a unidade da revelação e da história da salvação: judeus e não judeus são, de igual forma, chamados por Deus à salvação; o essencial não é cumprir a Lei de Moisés – que nunca assegurou a ninguém a salvação; o essencial é acolher a oferta de salvação que Deus faz a todos, por Jesus Cristo.
O texto que nos é proposto apresenta-nos precisamente os últimos versículos da Carta aos Romanos. Trata-se de uma solene Doxologia final que não parece, contudo, ser de Paulo (ainda que os conceitos sejam paulinos, a terminologia é diferente). Provavelmente, constituía o remate final do epistolário paulino, numa antiga edição do mesmo. De qualquer forma, trata-se de um texto maduramente refletido e trabalhado, sem dúvida fruto de uma profunda reflexão teológica levada a cabo no seio da comunidade cristã. O seu autor foi, certamente, um cristão dos finais do século I ou dos princípios do séc. II. Profundo conhecedor da teologia paulina e absolutamente comprometido com a Igreja a que pertencia, este cristão procurou sintetizar nestes versículos toda a doutrina do apóstolo Paulo.
Neste cenário, Paulo vai mostrar a todos os crentes (a Carta aos Romanos, mais do que uma carta para a comunidade cristã de Roma, é uma carta para as comunidades cristãs, em geral) a unidade da revelação e da história da salvação: judeus e não judeus são, de igual forma, chamados por Deus à salvação; o essencial não é cumprir a Lei de Moisés – que nunca assegurou a ninguém a salvação; o essencial é acolher a oferta de salvação que Deus faz a todos, por Jesus Cristo.
O texto que nos é proposto apresenta-nos precisamente os últimos versículos da Carta aos Romanos. Trata-se de uma solene Doxologia final que não parece, contudo, ser de Paulo (ainda que os conceitos sejam paulinos, a terminologia é diferente). Provavelmente, constituía o remate final do epistolário paulino, numa antiga edição do mesmo. De qualquer forma, trata-se de um texto maduramente refletido e trabalhado, sem dúvida fruto de uma profunda reflexão teológica levada a cabo no seio da comunidade cristã. O seu autor foi, certamente, um cristão dos finais do século I ou dos princípios do séc. II. Profundo conhecedor da teologia paulina e absolutamente comprometido com a Igreja a que pertencia, este cristão procurou sintetizar nestes versículos toda a doutrina do apóstolo Paulo.
MENSAGEM:
O conceito que preside a estes versículos é o conceito de
“mistério” (mystêrion”). Na teologia paulina, o “mistério” refere-se ao plano
de salvação que Deus tem para os homens e para o mundo. Mantido em segredo
durante muitos séculos, o “mistério” foi plenamente manifestado em Cristo, nos
seus gestos, nas suas palavras, sobretudo na sua morte e na sua ressurreição;
revelado aos apóstolos e aos profetas pelo Espírito Santo, o “mistério” foi
depois transmitido a todos os povos – nomeadamente aos pagãos – para fazer
deles membros de um único corpo (“Corpo de Cristo”) e para associá-los à
herança de Cristo (cf. 1 Cor 2,1.7; Ef 1,9;3,3-10;6,19; Col 1,26-27;2,2;4,3).
É por esse “mistério”, que reflete o amor de Deus pelos homens, que o autor destes versículos pede que “seja dada glória pelos séculos dos séculos”… E a comunidade interpelada responde: “amen” (vers. 27).
É por esse “mistério”, que reflete o amor de Deus pelos homens, que o autor destes versículos pede que “seja dada glória pelos séculos dos séculos”… E a comunidade interpelada responde: “amen” (vers. 27).
ATUALIZAÇÃO:
• A segunda leitura reitera a mensagem fundamental da primeira:
Deus tem um plano de salvação para oferecer aos homens. O fato de esse projeto
existir “desde os tempos eternos” mostra que a preocupação e o amor de Deus
pelos seus filhos não é um facto acidental ou uma moda passageira, mas algo que
faz parte do ser de Deus e que está eternamente no projecto de Deus. Não
esqueçamos isto: não somos seres abandonados à nossa sorte, perdidos e à deriva
num universo sem fim; mas somos seres amados por Deus, pessoas únicas e
irrepetíveis que Deus conduz com amor ao longo da caminhada pela história e
para quem Deus tem um projecto eterno de vida plena, de felicidade total, de
salvação. Tal constatação deve encher de alegria, de esperança e também de
gratidão os nossos corações.
• A nossa leitura deixa ainda claro que esse projecto de
salvação foi totalmente revelado em Jesus Cristo – no seu amor até ao extremo, nos
seus gestos de bondade e de misericórdia, na sua atitude de doação e de
serviço, no seu anúncio do Reino de Deus. Prepararmo-nos para o Natal significa
preparar o nosso coração para acolher Jesus, para aceitar os seus valores, para
compreender o seu jeito de viver, para aderir ao projeto de salvação que,
através d’Ele, Deus Pai nos propõe.
Pe. Joaquim, Pe. Manuel, Pe. José (Dehonianos)
MOMENTO
DE LOUVOR NA CELEBRAÇÃO DA PALAVRA

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à COM JESUS PRESENTE
ENTRE NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Alegres
aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai,
nós vos louvamos porque sois bondoso e fiel. Desde o começo do mundo vos
revelastes como Deus de amor e por meio dos profetas alimentastes nossa
esperança de nos enviar o Salvador. Vosso profeta João Batista nos indicou que
Jesus era o nosso Messias, o nosso Salvador.
T: Alegres
aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai, bendito seja o Vosso nome sobre em todo
o universo. Grande é vosso amor nos enviando vosso Filho para nos guiar ao
Vosso Reino. Pai, agradecemos pela nossa vida, pelo nosso batismo e pela
esperança da vida eterna.
T: Alegres
aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
à Senhor, nosso Deus e Pai, enviai o Espírito Santo sobre nós, para
que nos transformemos e tenhamos força e coragem de levar vosso nome sobre
todos os nossos irmãos que não vos conhecem ou que vos abandonaram. Que o
Cristo que renasce seja luz de justiça, de paz, de amor para todos os povos.
T: Alegres
aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
à... à PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...
Uma Morada
Nesse advento, a Liturgia
apresenta vários personagens que prepararam os homens para a 1a
vinda de Cristo.
MARIA vai ser hoje a
grande companheira na caminhada. Ela é modelo de fé e de esperança aos que
aguardam a manifestação da Salvação.
Jesus veio ao mundo para torná-lo
a sua nova casa, habitando em cada ser humano que o acolhe como Maria ao dar o
seu SIM ao anjo e se tornar o primeiro templo vivo do Salvador...
Na 1ª Leitura, Davi
prepara uma MORADA para Deus. (2Sm
7,1-5.8b-12.14ª.16)
Davi, já idoso, mostra-se
insatisfeito em morar numa casa luxuosa e a Arca da Aliança, sinal da presença
de Deus no meio do Povo, estar numa simples tenda, debaixo de uma lona...
Por isso, deseja construir um
templo. O Profeta Natã lhe diz: "Vai
e faz tudo o que tens no coração, porque o Senhor está contigo..."
Deus lhe PROMETE uma casa, uma
dinastia perene... Essa promessa se realiza plenamente em Jesus.
A 2ª Leitura é um
Hino de louvor a Deus, pelo plano de salvação por Ele preparado e que se
manifestou em Jesus a todos os povos. (Rm
16,25-27)
O Evangelho mostra a
realização da promessa de Deus: MARIA, com o seu SIM, torna-se a MORADA de
Jesus, preparada pelo próprio Deus. (Lc 1,26-38)
- Israel esperava o Messias: um
grande rei, forte, rico e poderoso... Por isso olhava para Belém, a cidade
natal de Davi.
- Mas o olhar de Deus não se
voltou para as cidades famosas da Judéia, mas para um povoado pobre e insignificante da
Galiléia (Nazaré)...
+ A Saudação do Anjo: "Alegra-te,
ó amada de Deus, o Senhor está contigo."
A alegria de Maria não nasce por se tornar a futura mãe de Jesus, mas
sobretudo porque o "Senhor está com
ela...", antes mesmo de conceber...
A alegria de Natal só pode ser plena, se o Senhor estiver conosco.
+ A Proposta de Deus: "Conceberás um Filho..".
Deus a convida para ser a Mãe do Messias, que Israel tanto esperava.
Diante da dificuldade apresentada, de ainda não viver com um homem, o
Anjo lhe garante: "O Espírito Santo
descerá sobre ti... e conceberás e darás
à luz um Filho..."
E como garantia, o Anjo lhe afirma que até sua prima Isabel conceberá um
filho na velhice... "porque nada é
impossível para Deus..."
+ A Resposta de Maria: Diante disso, Maria dá o seu SIM:
"Eis aqui a
"Serva" do Senhor, 'FAÇA-SE'
(Fiat) em mim segundo a tua palavra."
* O "Faça-se" de Deus criou do
nada todas as coisas...
O "Faça-se" de Maria tornou possível a Redenção...
O "Faça-se" de Maria foi a sua resposta livre e corajosa ao
convite de Deus, que esperava a colaboração dela para realizar o projeto de
amor e salvação.
Maria torna-se o templo da Nova Aliança, muito mais precioso que
o templo desejado por Davi: um templo
vivo que encerra não a Arca sagrada, mas o Filho de Deus.
A História de Maria o que tem a nos dizer?
1. Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer, através
de Jesus Cristo.
2. Maria mostra como fazer Jesus nascer no
mundo:Através de um Sim aos
projetos de Deus.
* Ele espera também o nosso Sim
para continuar vindo ao mundo e oferecer
aos irmãos a Salvação e a Vida de Deus.
3. Maria torna-se instrumento de Deus
Uma jovem "mulher" de uma desconhecida aldeia, mas disponível em acolher e testemunhar com amor as propostas
de Deus.
4. Qual a nossa resposta aos apelos de
Deus?
Maria respondeu com um "sim"... A exemplo dela, também devemos
dar o nosso "Sim" generoso, numa atitude de entrega total a Deus
5. Como é possível essa entrega total a
Deus?
Através de uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus.
Maria de Nazaré foi uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele. O caminho é o mesmo ainda hoje... para todos nós...
Maria de Nazaré foi uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele. O caminho é o mesmo ainda hoje... para todos nós...
* No meio da agitação de todos os
dias, encontramos tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em
comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais?
A exemplo de Maria, digamos um SIM
ao Senhor. E o nosso coração e a nossa família serão uma MORADA para o
Salvador. Só assim o "Senhor estará
também conosco..." e a nossa alegria nesse Natal será completa...
Pe.
Antônio
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Aproxima-se a justiça de Deus
Escreveu um teólogo do século XX que “a justiça e o reino são a mesma coisa.
Trata-se da ordem das coisas na qual o plano de Deus triunfa. (…) A justiça de
Deus não se define em referência ao homem, mas ao próprio Deus: ela é a
fidelidade do amor de Deus a si mesmo. Dessa maneira, vemos porque a ordem que
Deus institui é a melhor. Crer que Deus é justo é crer que é ele que finalmente
terá razão, apesar das aparências contrárias” (Jean Daniélou).Hoje, no Evangelho, nós lemos o anúncio da justiça de Deus que chegará no Natal, que é Cristo, pois Cristo é o Reino. A humanidade santíssima de Cristo é o lugar onde Deus reina plenamente. Jesus mesmo é rei e a um rei compete exercer principalmente a justiça. “Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,32-33).
A justiça na Sagrada Escritura se apresenta como prolongamento da verdade e exige dos seres humanos uma conversão, isto é, a descentralização de si mesmos e o voltar-se para Cristo. No fundo, essa conversão é a vivência constante daquelas palavras de Nossa Senhora: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Quem se coloca como servo de Jesus Cristo, servo do reino, vai se convertendo cada dia mais até chegar à plenitude dos desígnios de Deus para a sua vida.
A justiça que olha a miséria do pecador e vai ao seu encontro para salvá-lo, para convertê-lo, para atrai-lo ao Reino, só pode ser coisa de um Deus bondoso e misericordioso. Daí que a nossa justiça, sendo autêntica justiça, não pode ser justiça estrita no sentido de “cumprimento estrito da estrita lei”… isso seria odioso!
Para exemplificar um pouquinho sirva aquilo que aconteceu com S. Tomás Moro. A sua esposa recebera de presente um cãozinho, que uma pessoa amiga tinha encontrado na rua. Um dia apresentou-se em sua casa um mendigo, que dizia ser o dono do animal. Disposto a fazer justiça, sir Thomas More colocou sua esposa num dos lados do salão e o mendigo no outro, levando o cãozinho para o centro. Dando então sinal para que Lady Moore e o reclamante chamassem o cachorrinho ao mesmo tempo, sem nenhuma indecisão o animalzinho atendeu à chamada do mendigo: identificara, portanto, a voz do dono. A sentença foi minorada ante a tristeza de Lady More. O mendigo levou consigo, não o bicho, mas uma moeda de ouro a título de indenização. Assim ambas as partes ficaram satisfeitas com o estranho processo de descobrir a verdade.
“Fazer justiça” será para um cristão, a exemplo de Cristo, “andar segundo a vontade de Deus”, que é a mesma coisa que andar segundo a verdade que Deus revelou para a nossa salvação e felicidade. É dizer aquelas palavras de Nossa Senhora deixando que elas ecoem durante toda a nossa existência: “faça-se em mim segundo a tua palavra”, que não são senão outra versão daquelas que nós rezamos todos os dias no Pai-nosso: “Seja feita a vossa vontade”.
Aproxima-se o Natal. No próximo domingo experimentaremos uma alegria humana e sobrenatural que encherá o nosso coração de paz e de simplicidade. Vamos preparar-nos bem através de uma boa confissão, se ainda não a realizamos. Outra coisa que é preciso ter em conta é que devemos “fazer justiça”, isto é, ir ao encontro das misérias dos nossos semelhantes, perdoando-os e ajudando-os. Não se pode celebrar um feliz Natal com falta de perdão, com intrigas, com remorsos.
Vamos permitir que Deus reine em nós; dessa maneira se estará cumprindo a justiça. Durante essa semana, ao preparar os presentes, a ceia de Natal e o “amigo oculto”, vamos procurar dar um presente ao aniversariante Jesus (não nos esqueçamos dele!), vamos participar o mais dignamente possível da sua Ceia (Missa e Comunhão) e faremos de tudo para que ele seja o nosso amigo oculto e manifesto.
A descrição a seguir é do grande literata russo, F. Dostoievski. Acho que poderá animar-nos a fazer um propósito bem concreto, refiro-me à importância de “fazer justiça”, deixar que o reino de Deus aconteça entre nós através da generosidade, uma das grandes manifestações dos servidores do reino. Uma das obras do escritor russo, “Noites brancas”, começa assim: “Era uma noite maravilhosa, uma dessas noites que apenas são possíveis quando somos jovens, amigo leitor. O céu estava tão cheio de estrelas, tão luminoso, que quem erguesse os olhos para ele se veria forçado a perguntar a si mesmo: será possível que sob um céu assim possam viver homens irritados e caprichosos?”
Pe. Françoá Costa
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A Virgem e o Emanuel
No Quarto Domingo do Advento entra Ao descrever a genealogia de Jesus, Mateus demonstra que é verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão; ao narrar o Seu nascimento de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar o profeta Isaias, declara que Ele é o Salvador prometido pelos profetas, o Emanuel, o Deus conosco.
Nossa Senhora fomenta na alma a alegria, porque, quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações (Lc. 1, 18).
Dentro de poucos dias veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma prova de misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite de Natal, tudo pára dentro de mim. Estar diante dEle; não há nada mais do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí… Ele é o Deus amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam poucos dias para que vejamos no presépio Aquele que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Desde o presépio de Belém até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, em vigilante espera, e compreendemos que somente com Ele poderemos aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que celebramos por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo
A devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o Messias anunciado pelos Profetas.
Mons. José Maria Pereira
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Lc 1,26-38
Eis! Estamos no último dos quatro Domingos do santo Advento! Estamos já
O que nos deve encantar neste Domingo, caríssimos, não é somente a grandiosidade desse Mistério, dessa surpresa de um Deus que, desde sempre, preocupou-se com todos, com toda a humanidade e não só com Israel… o que nos deve encantar é também o modo como o Senhor realiza o seu desígnio: ele age nos escondido da história humana, no pequenininho de nossas vidas, nas humildes decisões de nossa existência. Pensemos bem! Primeiro, o rei Davi, humilde pastor de Belém, mais novo dos muitos filhos do velho Jessé. E Deus o escolheu: para rei e para dele fazer uma dinastia da qual nasceria o Santo Messias. Davi, que desejava humildemente construir uma Casa, um Templo para o Senhor, fica sabendo que é Deus quem lhe construirá uma Casa, isto é, uma Dinastia, uma descendência, da qual nascerá Aquele bendito Descendente que enche de alegria o nosso coração: “O Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realiza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre!” Eis a bondade do Senhor, que de um simples pastorzinho fará nascer o Salvador que reina para sempre. Depois, podemos pensar em José, naquele que tinha recebido como prometida em casamento uma virgem mocinha chamada Maria… José, homem simples, moço de Deus. Membro pobre da família real de Davi, simples artesão. Moço de Deus, que vivia na justiça do Senhor, praticando a Lei do Deus de Israel. E o Senhor, misteriosamente o escolhe para ser o esposo daquela na qual se cumprirão as palavras do Senhor. Recordemo-nos do Evangelho segundo São Mateus: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21). Pobre José! Bendito José! Jamais esperaria tal coisa, tal gesto imprevisto do Santo de Israel! Ele, um simples carpinteiro, cuidador, tutor, guardador, de um filho que não seria seu filho! Ele escutaria, doravante, o Filho eterno do eterno Pai, chamá-lo de pai!
Finalmente, pensemos
Eis, caríssimos, irmãos! Tão grande plano de Deus, tão grande salvação, deu-se na simplicidade de vidas humanas que foram dizendo sim ao Senhor, que foram se abrindo para ele nas pequenas e escondidas ocasiões da vida: Maria, a Virgem, José, o pobre descendente de Davi, Davi, o pastor que se tornou rei… E agora – ainda agora – o Senhor vem e nos convida a nós – a mim e a você – a que abramos nossa vida, nosso pequeno cotidiano, para a sua presença. Através de cada um de nós ele deseja continuar a obra de sua salvação, a marca da sua presença neste mundo enfermo e cansado.
Virgem Maria, Mãe de Deus, São José, esposo da virgem, São Davi, rei e profeta, intercedei por nós, para que sejamos dóceis e úteis instrumentos da salvação que Deus hoje quer revelar e atuar no coração dos homens e do mundo. Que através de nossa pobre vida, vivida com disponibilidade, o Senhor Jesus seja visto no nosso mundo tão confuso, tão disperso, tão superficial e ameaçado por tantas trevas. Amém.
D. Henrique Soares
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