SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, ANO B
Dia da Paz
Tema: Um olhar para Maria.
Na primeira leitura, sublinha-se a presença de Deus na nossa caminhada.
Evangelho: a chegada do projeto libertador
de Deus provoca alegria e felicidade. Maria é o modelo do crente que é sensível
aos projetos de Deus e que colabora com Deus na concretização do projeto divino
de salvação para o mundo.
Na segunda leitura:, Deus nos envia seu filho e através dele nos torna também seus filhos.
Na segunda leitura:, Deus nos envia seu filho e através dele nos torna também seus filhos.
6. PRIMEIRA LEITURA (Nm
6,22-27) Leitura do Livro dos Números.
O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a
seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e
te guarde! ‘O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O
Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome
sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.
AMBIENTE - O nosso texto situa-nos no Sinai, frente à montanha onde se celebrou a aliança entre Deus e o seu Povo… No contexto das últimas instruções de Jahwéh a Moisés, antes de Israel levantar o acampamento e iniciar a caminhada em direção à Terra Prometida, é apresentada uma fórmula de bênção, que os “filhos de Aarão” (sacerdotes) deviam pronunciar sobre a comunidade.
Provavelmente, trata-se de uma
fórmula litúrgica utilizada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade,
no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo regressar a suas casas…
Essa bênção é aqui apresentada como um dom de Deus, no Sinai.
A “bênção” (“beraka”) é concebida,
no universo dos povos semitas, como uma comunicação de vida, real e eficaz, que
atinge o “abençoado” e que lhe transmite vigor, força, êxito, felicidade. É um
dom que, uma vez pronunciado, não pode ser retirado nem anulado. Aqui, essa
comunicação de vida – fruto da generosidade e do amor de Deus – derrama-se
sobre os membros da comunidade por intermédio dos sacerdotes (no Antigo
Testamento, os intermediários entre o mundo de Jahwéh e a comunidade
israelita).
MENSAGEM - Esta “bênção” apresenta-se numa tríplice fórmula, sempre em crescendo (no texto hebraico, a primeira afirmação tem três palavras; a segunda, cinco; a terceira, sete). Em cada uma das fórmulas, é pronunciado o nome de Jahwéh… Ora, pronunciar três vezes o nome do Deus da aliança é dar uma nova atualidade à aliança, às suas promessas e às suas exigências; é lembrar aos israelitas que é do Deus da aliança que recebem a vida nas suas múltiplas manifestações e que tudo é um dom de Deus.
A cada uma das invocações,
correspondem dois pedidos de bênção: “que Jahwéh te abençoe (isto é, que te
comunique a sua vida) e te proteja”; “que Jahwéh faça brilhar sobre ti a sua
face (hebraísmo que se pode traduzir como ‘que te mostre um rosto sorridente e
favorável’) e te conceda a sua graça”; que Jahwéh dirija para ti o seu olhar
(hebraísmo que significa ‘olhar para ti com benevolência’, ‘acolher-te’) e te
conceda a paz” (em hebraico: ‘shalom’ – no sentido de bem-estar, harmonia,
felicidade plena).
Este texto lembra ao israelita que
tudo é um dom do amor de Jahwéh e que o Deus da aliança está ao lado do seu
Povo em cada dia do ano, oferecendo-lhe a vida plena e a felicidade em
abundância.
ATUALIZAÇÃO
• Em primeiro lugar, somos convidados a tomar consciência da generosidade do nosso Deus, que nunca nos abandona, mas que continua a sua tarefa criadora derramando sobre nós, continuamente, a vida em plenitude.
• É de Deus que tudo recebemos: vida, saúde, força, amor e aquelas mil e uma pequeninas coisas que enchem a nossa vida e que nos dão instantes plenos. Tendo consciência dessa presença contínua de Deus ao nosso lado, do seu amor e do seu cuidado, somos gratos por isso? No nosso diálogo com Ele, sentimos a necessidade de O louvar e de Lhe agradecer por tudo o que Ele nos oferece? Agradecemos todos os dons que Ele derramou sobre nós no ano que acaba de terminar?
• É preciso ter consciência de que
a “bênção” de Deus não cai do céu como uma chuva mágica que nos molha, quer
queiramos, quer não (magia e Deus não combinam); mas a vida de Deus, derramada
sobre nós continuamente, tem de ser acolhida com amor e gratidão e, depois,
transformada em gestos concretos de amor e de paz. É preciso que o nosso
coração diga “sim”, para que a vida de Deus nos atinja e nos transforme.
7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 66 (67)
Que Deus nos dê a sua graça e a sua benção.
• Que Deus nos dê a sua graça e a sua benção, / e
sua
face resplandeça sobre nós! / Que na terra se
conheça
o seu caminho / e a sua salvação por entre os
povos.
• Exulte de alegria a terra inteira, / pois julgais
o universo
com justiça; / os povos governais com retidão / e
guiais,
em toda a terra, as nações.
• Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, / que
todas as
nações vos glorifiquem! / Que o Senhor e nosso Deus
nos abençoe, / e o respeitem os confins de toda a
terra
10. EVANGELHO (Lc 2,16-21) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, os pastores foram às pressas a Belém
e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o
visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os
pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava
todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram,
glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme
lhes tinha sido dito. Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do
menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser
concebido.
AMBIENTE - O texto do Evangelho de hoje é a continuação daquele que foi lido na noite de Natal: após o anúncio do “anjo do Senhor”, os pastores (destinatários desse anúncio) dirigiram-se a Belém e encontraram o menino, deitado numa manjedoura de uma gruta de animais. Mais uma vez, Lucas não está interessado em fazer a reportagem do nascimento de Jesus, ou a crónica social das “visitas” que, então, o menino de Belém recebeu; mas está, sobretudo, interessado em apresentar uma catequese que dê a entender quem é esse menino e qual a missão de que ele foi investido por Deus. Nesta catequese fica bem claro que Jesus é o Messias libertador, enviado a trazer a paz; e há também uma reflexão sobre a resposta que Deus espera do homem.
MENSAGEM - Em Jesus, a proposta libertadora que Deus tinha para nos oferecer veio ao nosso encontro e materializou-se no meio dos homens; o próprio nome (“Jesus” significa “Jahwéh salva”) que foi dado ao menino por indicação do anjo que anunciou o seu nascimento aponta nesse sentido. Por outro lado, o fato dessa “boa notícia” ser dada, em primeiro lugar, aos pastores (classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da salvação) significa que a proposta de Jesus se destina, de forma especial, aos pobres e marginalizados, àqueles que a teologia oficial excluía e condenava. Diz-lhes que Deus os ama, que conta com eles e que os convoca para fazer parte da sua família.
Definida a questão essencial,
atentemos nas atitudes dos intervenientes e na forma como eles respondem à
chegada de Jesus…
Em primeiro lugar, repare-se como
os pastores, depois de escutarem a “boa nova” do nascimento do libertador, se
dirigem “apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente”
sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a ação
libertadora de Deus em seu favor. Aqueles que vivem numa situação intolerável
de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e
apressam-se a ir ao seu encontro. É d’Ele e de mais ninguém que brota a
libertação por que os oprimidos anseiam. A disponibilidade de coração para
acolher a sua proposta é a primeira coisa que Deus pede.
Em segundo lugar, repare-se como
os pastores reagem ao encontro com Jesus… Começam por glorificar e louvar a
Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se
converte em ação de graças ao Deus libertador. Depois, esse louvor torna-se
testemunho: quem faz a experiência do encontro com Deus libertador tem
obrigatoriamente de dar testemunho, a fim de que os outros homens possam
participar da mesma experiência gratificante.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as ações do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as ações do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.
ATUALIZAÇÃO
• No Evangelho que nos é, hoje, proposto, fica claro o fio condutor da história da salvação: Deus ama-nos, quer a nossa plena felicidade e, por isso, tem um projeto de salvação para levar-nos a superar a nossa fragilidade e debilidade; e esse projeto foi-nos apresentado na pessoa, nas palavras e nos gestos de Jesus. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou na posição que ocupamos na escala social? Porque é que tantos dos nossos irmãos vivem afogados no desespero e na frustração? Porque é que tanta gente procura “salvar-se” em programas de televisão que lhes dê uns minutos de fama, ou num consumismo alienante? Não será porque não fomos capazes de lhes apresentar a proposta libertadora de Jesus?
• Diante da “boa nova” da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a ação de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu amor e pelo seu empenho em nos libertar da escravidão?
• Os pastores, após terem tomado contato com o projeto libertador de Deus, fizeram-se “testemunhas” desse projeto. Sentimos também o imperativo do testemunho? Temos consciência de que a experiência da libertação é para ser passada aos nossos irmãos que ainda a desconhecem?
• Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, atuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos mais ou menos banais do nosso dia a dia?
8. SEGUNDA LEITURA (Gl 4,4-7) Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.
Irmãos, quando se completou o tempo previsto, Deus enviou
o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os
que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E
porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho,
que clama: Abá – ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e se és filho, és
também herdeiro: tudo isso por graça de Deus.
AMBIENTE - Entre as comunidades cristãs do
norte da Galácia manifestou-se, pelos anos 55/56, uma grave crise… À região
gálata chegaram pregadores cristãos de origem judaica, que punham em causa a
validade e a legitimidade do Evangelho anunciado por Paulo. Este era acusado de
pregar um Evangelho mutilado, distante do Evangelho pregado pelos apóstolos de
Jerusalém… Para estes pregadores (“judaizantes”), a fé em Cristo devia ser
complementada pelo cumprimento rigoroso da Lei de Moisés, nomeadamente pelo rito
da circuncisão.
Paulo foi avisado da situação
quando estava em Éfeso. Não o preocupava que a sua pessoa fosse posta em causa;
preocupava-o o dano que este tipo de discurso podia trazer às comunidades
cristãs… Paulo estava convencido que o movimento religioso iniciado por Jesus
de Nazaré, não era uma religião formalista e ritual, uma religião de práticas
exteriores, como o judaísmo farisaico do seu tempo, que se preocupava com
questões formais e secundárias; além disso, estava convencido de que a salvação
não tinha a ver com conquistas humanas (como se a salvação fosse conseguida à
custa dos atos heróicos do homem), mas era um dom de Deus.
Alarmado pela gravidade da
situação, Paulo escreveu aos gálatas. Com alguma dureza (justificada pela
gravidade do problema), Paulo diz aos gálatas que o cristianismo é liberdade e
que a ação de Cristo libertou os homens da escravidão da Lei… Os gálatas devem,
portanto, fazer a sua escolha: pela escravidão, ou pela liberdade; no entanto –
não deixa de observar Paulo – é uma estupidez ter experimentado a liberdade e
querer voltar à escravidão…
No texto que nos é proposto, Paulo recorda aos gálatas a incarnação de Cristo e o objetivo da sua vinda ao mundo: fazer dos que a Ele aderem “filhos de Deus” livres.
No texto que nos é proposto, Paulo recorda aos gálatas a incarnação de Cristo e o objetivo da sua vinda ao mundo: fazer dos que a Ele aderem “filhos de Deus” livres.
MENSAGEM - Paulo recorda aqui aos gálatas algo de fundamental: Cristo veio a este mundo para libertá-los, definitivamente, do jugo da Lei; a consequência da ação redentora de Cristo é que os homens deixaram de ser escravos e passaram a ser “filhos” que partilham a vida de Deus.
A palavra-chave é, aqui, a palavra
“filho”, aplicada tanto a Cristo como aos cristãos. Cristo, o “Filho”, foi
enviado ao mundo pelo Pai com uma missão concreta: libertar os homens de uma
religião de ritos estéreis e inúteis, que não potenciava o encontro entre Deus
e os homens; e Cristo, identificando os homens com Ele, levou-os a um novo tipo
de relacionamento com Deus e fê-los “filhos” de Deus. Por ação de Cristo, os
homens deixaram de ser escravos (que cumprem obrigatoriamente regras e leis) e
passaram a relacionar-se com Deus como “filhos” livres e amados, herdeiros com
Cristo da vida eterna. Depois desta “promoção”, fará algum sentido querer
voltar a ser escravo da religião das leis e dos ritos?
A nova situação dos homens dá-lhes
o direito de chamar a Deus “abbá” (“papá”). Paulo utiliza esta palavra aqui
(bem como na Carta aos Romanos), apesar de os judeus nunca designarem Deus
desta forma. Ela expressa uma relação muito próxima, muito íntima, do género
daquela que uma criança tem com o seu pai: exprime a confiança absoluta, a
entrega total, o amor sem limites. A insistência de Paulo nesta palavra deve
ter a ver com o Jesus histórico: Jesus adoptou a para expressar a sua confiança
filial em Deus e a sua entrega total à sua causa. Ora, é este tipo de relação
que os cristãos, identificados com Cristo, são convidados a estabelecer com
Deus.
Gal 4,4 é o único lugar em que Paulo se refere à mãe de Jesus (“Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”); no entanto, Paulo não parece interessado, aqui, em falar de Nossa Senhora, mas em sublinhar a solidariedade de Cristo com o gênero humano.
Gal 4,4 é o único lugar em que Paulo se refere à mãe de Jesus (“Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”); no entanto, Paulo não parece interessado, aqui, em falar de Nossa Senhora, mas em sublinhar a solidariedade de Cristo com o gênero humano.
ATUALIZAÇÃO
• A experiência cristã é fundamentalmente uma experiência de encontro com um Deus que é “abbá” – isto é, que é um “papá” muito próximo, com quem nos identificamos, a quem amamos, a quem nos entregamos e em quem confiamos plenamente. É esta proximidade libertadora e confiante que temos com o nosso Deus?
• A nossa experiência cristã
leva-nos a sentirmo-nos “filhos” amados, ou ao cumprimento de regras e de obrigações?
Na Igreja não se põe, às vezes, a ênfase em cumprir leis e ritos externos,
esquecendo o essencial – a experiência de “filhos” livres e amados de Deus?
• A importante constatação de que
somos “filhos” de Deus leva-nos a uma descoberta fundamental: estamos unidos a
todos os outros homens – “filhos” de Deus como nós – por laços fraternos. É a
mesma vida de Deus que circula em todos nós… O que é que esta constatação
implica, em termos concretos? A que é que ela nos obriga? Faz algum sentido
marginalizar alguém por causa da sua raça ou estatuto social? Aquilo que
acontece aos outros – de bom e de mau – não nos diz respeito?
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe.
Carvalho
– Os pastores encontraram Maria e José,
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Hoje, primeiro dia do ano,
além de ser o Dia Mundial da Paz, nós celebramos a solenidade da Santa Mãe de
Deus Maria. O Evangelho narra a visita dos pastores ao Menino Jesus.
“Os pastores encontraram
Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura.”
Maria Santíssima é Mãe de
Jesus. Jesus é Deus, portanto ela é Mãe de Deus. Não Mãe da divindade,
evidentemente, mas Mãe de Jesus que é Deus. É um mistério muito grande. Cabe
a nós ter a mesma atitude de Maria: Guardar todos esses fatos e meditar sobre
eles em nosso coração. Meditar para descobrir o que eles nos ensinam, pois,
como Maria e José, nós também queremos fazer a vontade de Deus.
Aí está o segredo da
santidade: Ouvir ou ler a Palavra de Deus, meditar sobre ela e trazê-la para
a nossa vida do dia-a-dia. A Palavra de Deus entra em nós pelos olhos ou
pelos ouvidos, mas precisa ir para o nosso coração e depois sair pelas mãos,
pés, pala-vras e atos, produzindo frutos e enchendo o mundo de alegria.
Em seguida, o Evangelho fala:
“Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o
nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo...” Tudo em obediência a Deus. O
casal cumpria direitinho seus deveres religiosos. Verdadeiro modelo para nós.
“Se alguém guarda a minha
palavra, nunca verá a morte” (Jo 8,51). Quer dizer, viverá eternamente com
Deus.
“O meu ensinamento não vem de mim mesmo, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer-lhe a vontade, saberá se meu ensinamento é de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7,16-17). Em outras palavras, Jesus está dizendo que quem faz a vontade de Deus, entende os seus ensinamentos; quem não faz, não entende. Que a Santa Mãe de Deus Maria nos ajude a imitá-la, fazendo em tudo a vontade de Deus. Certa vez, em um mosteiro, um noviço procurou o padre mestre e lhe disse: “Sr. Padre, estou preocupado. Minha memória é muito fraca. Eu não consigo guardar o que o senhor fala nas palestras e não guardo nem as leituras bíblicas que faço. Esqueço tudo. Esforço-me ao máximo para guardar as coisas, mas logo esqueço. Este é o meu grande problema”.
O mestre tinha em seu quarto
dois cântaros vazios, que estavam no chão em um canto do quarto. Ele disse ao
noviço: “Pegue um desses cântaros, vá ao riacho e lave-o. Depois de limpo,
enxugue-o bem e traga aqui”.
O noviço fez tudo direitinho. Ao trazer, o mestre lhe disse: “Coloque o cântaro novamente ao lado do outro.” Ele o fez. E o mestre perguntou: “Qual dos dois cântaros está mais limpo?” “É este que eu lavei”, respondeu o jovem. Então o padre explicou: “No entanto, meu caro, nós não estamos vendo a água que o lavou. Também aquele que lê ou ouve alguma coisa boa, o importante é estar com o coração aberto, porque assim, mesmo que não se recorde das palavras, o ensinamento vai para o coração e o transforma. O importante é que o seu coração esteja tão puro, tão limpo como este cântaro!”
A lição é clara, e vale para
todos nós. Em relação aos mistérios de Deus, o importante é fazer como Maria:
Guardá-los no coração, meditar sobre eles e colocá-los em prática.
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Maria, Mãe de Deus
Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações
diversas.
Celebra-se a Solenidade de Santa Maria, MÃE DE DEUS:
Somos convidados a contemplar a figura
de Maria, aquela mulher que, com o seu
"sim" ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se também o DIA MUNDIAL DA PAZ: em 1968, o
Papa Paulo VI propôs que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se ainda o primeiro dia do ano civil: é o
início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama e que
todo o dia nos oferece a sua bênção e a vida em plenitude.
As leituras nos propõem esses temas:
A 1ª Leitura, sublinha a
presença contínua de Deus em nossa caminhada e recorda que a sua bênção nos
proporciona a vida em plenitude. (Nm 6,22-27)
Era uma fórmula de Bênção usada no Templo de Jerusalém para
abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo
regressar a suas casas:
"O Senhor te
abençoe e te guarde!
O Senhor faça
brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti!
O Senhor volte para
ti o seu rosto e te dê a Paz".
* A Bênção de Deus sempre é uma garantia de sua presença e
uma fonte de paz.
Fortalecidos pela
nova luz que provêm da fé, queremos iniciar o novo Ano.
A 2ª Leitura evoca outra vez
o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os
libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus "filhos".
É nessa situação privilegiada de "filhos" livres
e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe 'abbá"
("papai").
Cristo se "humaniza" para divinizar o homem. (Gl 4,4-7)
O Evangelho
apresenta Maria, recebendo feliz a visita dos PASTORES... e meditando em seu coração tudo o que falavam do
Messias. (Lc 2,16-21)
O texto não é uma reportagem do nascimento de Jesus;
Mais uma catequese sobre quem é esse menino e qual a sua
missão: Jesus é o Messias libertador, enviado a trazer a paz.
- Quem são os Destinatários do anúncio?
Os Pastores, classe marginalizada, considerada
impura, pecadora e muito longe de Deus e da Salvação.
* A proposta de Jesus se destina de modo especial àqueles que
a teologia oficial excluía e condenava.
Deus os ama, conta com eles e os convoca para fazer parte
da sua família..
- Como reagem?
Depois de escutarem a "boa nova" do nascimento
do libertador, dirigem-se "apressadamente" ao encontro do
menino.
Sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados
esperam a ação libertadora de Deus e apressam-se para ir ao seu encontro.
A disponibilidade de coração é a primeira coisa que Deus
pede.
- Glorificam e
louvam a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela
libertação que se converte em ação de graças.
Depois, vão correndo anunciar aos outros a sua
grande alegria e todos os que os escutam também ficam admirados...
- A Atitude de Maria:
Ela "conservava
todas estas palavras, meditando-as no seu coração".
É a atitude de quem é capaz de abismar-se com a ação do
Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos
homens.
A Maternidade de Maria não termina em Belém, prolonga-se
até a Cruz e a toda a Igreja.
- A atitude meditativa de Maria, que
interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude "missionária"
dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no
nascimento de Jesus.
Estas duas atitudes são essenciais na existência de quem
crê.
+ Hoje também é o 48º
DIA MUNDIAL DA PAZ dedicado ao tema: "Não
mais escravos, mas irmãos".
Durante as festas de
Natal, ouvimos com frequência a palavra "Paz".
Maria é apresentada
como aquela que gerou o "Principe da Paz".
A Igreja quer nos lembrar desde o primeiro dia do ano, que a paz anunciada pelos anjos em Belém, é possível...
O Papa, na Mensagem
para o dia de hoje, aborda uma questão urgente: "A luta contra a escravidão no
mundo contemporâneo."
A
escravidão não é algo do passado, mas um flagelo social muito presente. "A
escravidão tem muitos rostos abomináveis: o tráfico de seres humanos, o
tráfico de imigrantes e a
prostituição, a escravidão no trabalho, a exploração do homem pelo homem...
Os indivíduos e os grupos especulam sobre esta escravidão, beneficiando-se
dos conflitos no mundo, do contexto de crise econômica e da
corrupção"...
+ Mais um ano... que
começa...
Desejo que o novo ano seja para todos vocês, cheio de Paz e Prosperidade,
com todas as bênçãos de Deus...
Aproveitemos essa celebração para agradecer
a DEUS pelo dom da Vida, pela sua Graça, pela sua Força...
Peçamos Perdão pelas vezes que falhamos e façamos uma Prece, para que Deus nos acompanhe sempre nesse ano que estamos iniciando.
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilias
de D. Henrique Soares
(Maria
Mãe de Deus)
Hoje é a Oitava do Santo Natal, Primeiro do Ano. Nesta Eucaristia,
é necessário que tenhamos em vista alguns aspectos importantes.
Primeiro. No Oriente, era costume, no dia
seguinte ao parto, cumprimentar uma mulher que houvesse dado à luz. Por isso,
nossos irmãos orientais, desde o século IV, no dia seguinte ao Natal, celebram
a Festa da Congratulação da Mãe de Deus – uma homenagem, um parabém Àquela que
deu à luz o Salvador. No Ocidente, a congratulação da Virgem é hoje, oito dias
após o santo Natal. A Igreja, com os pastores, vai ao encontro do Menino e o
encontra com sua Mãe; e proclama que este Menino é o Deus verdadeiro. Ele não é
somente a criancinha frágil; mas o Deus forte, feito pequeno por nós! Por isso,
o povo de Deus saúda, hoje, a Virgem, com o título antiqüíssimo de Mãe de Deus,
isto é, Mãe de Deus Filho! “Bendita sejais, Virgem Maria!
Trouxestes no ventre quem fez o universo! Vós destes à luz a quem vos criou e
permaneceis Virgem para sempre!” Este
Menino, o Deus verdadeiro, fez-se realmente um de nós, nascido realmente de uma
Virgem. Ele não é a mãe de Deus Pai - isto seria uma blasfêmia! Também não é
mãe do Espírito Santo - isto seria loucura! Não se pode tampouco dizer que ela
é mãe da natureza divina - isto seria heresia! O que a Igreja crê, professa,
testemunha e ensina com todo acerto e toda piedade é que a sempre Virgem Maria
é Mãe santíssima do Deus Filho feito homem! Tudo quanto o Filho é na sua
humanidade, ele o recebeu de Maria! O Filho não somente nasceu através de
Maria, mas de Maria!
Mais ainda: os Orientais gostam de invocar
Jesus exclamando: Deus nascido da Virgem, salvai-nos! Estejamos atentos! Não
somente Deus concebido de Maria, a Virgem, mas também Deus nascido de modo
inefável, miraculoso, misterioso, da Virgem: Deus nascido da Virgem! Admirada
com um nascimento assim, tão divino, tão único, a Igreja exclama: “Como a sarça, que Moisés viu
arder sem se consumir, assim intacta é a vossa admirável virgindade. Virgem
Maria, Mãe de Deus, por nós intercedei”. Deste modo, a Solenidade de hoje nos
recorda não somente que a Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, mas que ela é
sempre virgem: antes, durante e depois do parto! O Cristo nosso Deus não
somente foi concebido da Virgem Maria, mas o Credo diz que ele nasceu da Virgem
Maria! Nasceu sem destruir a virgindade da Mãe! Para o nosso mundo atual, que
supervaloriza o sexo e faz com que os jovens tenham até mesmo vergonha de
admitir que são virgens, proclamar a virgindade perpétua de Maria, recorda-nos
que a castidade é uma preciosa e cara virtude cristã e a virgindade deve ser
vista por nós como um valor e um ideal a ser buscado! Em Maria, a Virgem, o
permanecer na virgindade exprime que ela sempre foi toda de Deus, absolutamente
de Deus, em corpo e alma, em todo o seu ser, de modo constante e absoluto!
Não é por acaso que, segundo o Evangelho de São Mateus, os
magos encontraram o Menino com Maria, sua Mãe (cf. 2,11). É assim que Aquele
que nos nasceu é sempre encontrado, pois o Deus que de nada necessita, contou com
o “sim” da Virgem e dela, como de uma terra nova e virgem, gerou segundo a
natureza humana o seu Filho para nossa salvação. É este mistério que a Igreja
hoje celebra: este Menino é o Deus verdadeiro e sua Mãe faz parte do plano da
salvação, pois “quando chegou a plenitude do
tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma Mulher... a fim de resgatar os
que eram sujeitos à Lei”. Na
nossa salvação, esteve, está e estará sempre presente a Mulher, a Virgem Maria.
Alegremo-nos, portanto, com a Virgem Maria e, com toda Igreja, digamos: “Virgem
Santa e Imaculada, eu não sei com que louvores poderei engrandecer-vos! Pois
Aquele a quem os céus não puderam abranger, repousou em vosso seio. Sois
bendita entre as mulheres e bendito é o fruto que nasceu do vosso ventre!”
Há um segundo aspecto deste hoje. O Primeiro do ano e dia da confraternização
universal, início do ano civil. A pedido do Papa Paulo VI, a ONU transformou
esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz, dia da
confraternização entre os povos, nações, culturas... Ora, nós cristãos sabemos
que a paz não é uma idéia, um sonho, um desejo; a paz é uma pessoa. São Leão
Magno dizia, no século V: “O Natal do Senhor é o Natal da
Paz. Cristo é a nossa paz!” Não
foi a respeito dele que o profeta afirmou: “Ele será chamado Admirável,
Deus, Príncipe da Paz, Pai do mundo novo”? (Is 9,2-6) Não foi ele
mesmo quem disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz
vos sou; não vo-la dou como o mundo a dá?” (Jo 14,27). Que tenhamos cada vez mais
sólida esta convicção: a paz que almejamos, a paz tão sonhada, a paz para o
mundo e para a nossa vida, somente no Cristo poderá ser encontrada de modo
definitivo e pleno! Nele, nem as tristezas, nem as desilusões, nem as angústias,
nem as provações, poderão nos fazer perder a paz! Cristo, nossa Paz!
Finalmente, hoje, também, é dia da circuncisão do Menino. Como descendente de
Abraão, ele foi circuncidado, passando a fazer parte do Povo da antiga Aliança,
e recebeu o nome de Jesus, isto é, Deus salva! Que nome belo, que nome
eloqüente, que nome bendito a nos encher de certa esperança para os dias de
2004 que chegou! Jesus, nome acima de todo nome, único nome no qual podemos
encontrar salvação no céu e na terra. Jesus, doce lembrança do nosso coração,
doce alívio nas dores, forte certeza nos momentos difíceis. Jesus, amigo certo
de todas as horas, única certeza e apoio de nossa existência! Por isso mesmo, a
primeira leitura da Missa de hoje, faz-nos ouvir a bênção de Aarão, que, por
três vezes, invoca o nome do Senhor sobre o povo! Para os cristãos, o Senhor é
Jesus, e não há outro! Pois é neste nome bendito que todos e cada um queremos
iniciar o novo ano civil: “O Senhor te abençoe e te
guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O
Senhor volte para ti o seu olhar e te dê a paz!” Que o Cristo Jesus, Príncipe da Paz,
esteja conosco no novo ano e sempre. Amém.
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Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus - II
Lc 2,16-21
Hoje é a Oitava do Santo Natal. É um antiqüíssimo costume da
Igreja de Roma, voltar seu coração e sua mente, neste dia, para Aquela de quem
nasceu o Salvador do mundo. O Evangelho de São Mateus afirma que os magos, ao
entrarem onde estava a Sagrada Família, “viram o Menino com Maria, sua
Mãe e, prostrando-se, o homenagearam” (2,11). Trata-se da homenagem
solene e ritual prestada aos reis orientais. E, no Oriente, a Mãe do rei,
chamada gebirah, exercia um papel importantíssimo. Pois, eis aqui, na cena do
Evangelho, o Rei dos judeus, o Rei-Messias, o Rei que é Deus, e sua Rainha-Mãe,
sua gebirah, a Virgem Maria! Agradecida pelo seu “sim” ao plano de Deus, a
Igreja chama-a, desde os primórdios da fé cristã, de “Mãe de Deus”, isto é,
“Mãe de Deus-Filho feito homem”! Com isto, nós confessamos que o Menino nascido
da Virgem é Deus verdadeiro e perfeito, uma Pessoa divina com a natureza divina
completa e uma verdadeira natureza humana. Ele, Filho do eterno Pai, fez-se
realmente, como homem, filho de Maria Virgem, sem deixar de ser Deus! Na Virgem
Santíssima, que trouxe em seu seio a segunda Pessoa da Trindade Santa, o divino
e o humano se encontraram para sempre, os céus e a terra se abraçaram para
nunca mais se deixarem!
Ao recordar a Maternidade Divina de Nossa Senhora, a Igreja
recorda também as condições maravilhosas dessa maternidade: ela aconteceu de
modo virginal! Com efeito, a Mãe do Senhor concebeu virginalmente,
virginalmente deu à luz e virgem permaneceu para sempre! A Virgem não somente
concebeu, mas também virginalmente deu à luz um filho – eis a profecia de
Isaías (cf. 7,14). A Igreja canta esse mistério com palavras admiráveis: “Na sarça que Moisés via arder sem se consumir,
admiramos o sinal da vossa incomparável virgindade, ó Mãe de Deus!” e ainda, pensando na porta selada,
pela qual somente o Senhor passaria, como profetizou Ezequiel (cf. 44,2), a
Igreja exclama: “A porta eterna do Templo
eternamente fechado feliz e pronta se abre somente ao Rei esperado!”.
Aqui silencia a imaginação humana, pois que pertence ao segredo de Deus o modo
como, Virgem, Nossa Senhora concebeu e ainda como, virginalmente, deu à luz!
Uma coisa é certa: sua virgindade perpétua quer nos mostrar o quanto esse
Menino todo vindo de Deus é um novo começo, um novo início para toda a criação
e toda a humanidade! Além do mais, revela o quanto Maria Virgem foi
integralmente de Deus, de corpo e alma. Num mundo que endeusa o sexo e exalta
de modo abusivo a sensualidade, a Santíssima Virgem nos aponta outros valores e
revela a beleza da virgindade e da castidade como expressão do ser humano
vivendo livre, debaixo do senhorio de Cristo, no seu corpo, no seu afeto e na
sua alma! Quanto mais alguém vive totalmente para o Senhor, mais fecundo se
torna em sua vida e mais traz Jesus ao mundo, como testemunha do Reino dos
céus. Por isso a saudação que a Igreja hoje dirige à Virgem Maria: “Salve, ó Santa Mãe de Deus, vós destes à luz o
Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!”
Hoje também, oitavo dia do nascimento do Fruto do ventre da
Virgem, a Igreja recorda a circuncisão do Menino. Ele, circuncidado, passou a
fazer parte do Povo de Israel. Assim, cumpriu-se a promessa que Deus fizera a
Abraão, nosso Pai. Da sua descendência o Senhor fizera surgir um Salvador para
todas as nações: “Quando se completou o tempo
previsto, Deus enviou o seu filho, nascido de uma Mulher, nascido sob a Lei!”. Circuncidado, o Menino recebeu o nome
de Jesus, que significa “o Senhor salva”. Seu nome revela sua identidade, sua
missão e a causa da nossa alegria! Ele é a salvação que Deus nos concede, ele é
a nossa Paz, pois nos reconcilia com Deus e nos abre as portas dos céus. Por
isso mesmo, os cristãos hoje, juntamente com toda a humanidade, celebram o Dia
da Paz. Para nós, essa Paz tem um nome, tem um rosto, tem um sorriso. Podemos
encontrar tudo isso naquele que veio de Maria, a Virgem! Somente abrindo-se para
ele, o mundo encontrará a verdadeira paz!
Confiemos, pois, os dias do novo Ano civil que está começando, a
este Menino, o Príncipe da Paz. Que o seu nome repouse sobre nós, como uma
bênção! Certamente, neste 2005 choraremos e sorriremos, venceremos e
fracassaremos, cairemos e nos ergueremos... Não importa! Importa, sim, que
estejamos com o Senhor, ele, que estará sempre conosco. Ele foi apelidado – não
esqueçamos – de Emanuel, Deus-conosco! Que este ano seja, como se colocavam nos
antigos documentos, “Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo!”
Estamos iniciando o Ano Novo profundamente feridos e perplexos com
a tragédia da Ásia. Escapa-nos o porquê de tanta dor, sofrimento e morte. Mas,
teimamos em acreditar que há um Deus no céu, que, em Cristo, esse Deus fez-se
presente como amor, como companhia, como ternura e consolo para toda a
humanidade. Cremos que, neste Menino que nasceu e cresceu e chorou e sofreu e
morreu, Deus faz-se, para sempre, solidário conosco. Queremos recordar cada
morto e cada sobrevivente dessa tragédia; queremos recordar aqueles montes de
cadáveres em decomposição, sem tempo para uma sepultura digna; queremos dizer
que tudo isso é muito triste, é absurdamente incompreensível! Mas, queremos
também colocar tudo isso nas mãos desse Menininho; também ele pobre, também ele
perseguido, também ele sem abrigo, também ele sofredor até a morte de cruz, até
o silêncio da sepultura, para dar sentido às nossas dores e vencer a nossa
morte. Nesse Menino crucificado, a dor humana não se explica, mas encontra
consolo; nesse Emanuel, nós sabemos que Deus está conosco, mesmo quando parece
se calar ante uma tragédia como a que estamos assistindo!
Coloquemos, pois, os dias de nossa vida nas mãos do Salvador. E, como
penhor de que nossas preces serão ouvidas, supliquemos à Mãe de Deus toda
Santa: “À vossa proteção recorremos, ó
Santa Mãe de Deus! Protegei os pobres, ajudai os fracos, consolai os tristes,
rogai pela Igreja, protegei o clero, ajudai-nos todos, sede nossa salvação!
Santa Maria, sois a Mãe dos homens, sois a Mãe do Cristo que nos fez irmãos!
Rogai pela Igreja, pela humanidade e fazei que, enfim, tenhamos paz e
salvação!”
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Solenidade de Santa Maria Mãe
de Deus - III
Caríssimos
em Cristo, certamente o pensamento mais presente neste hoje é o do início do
Ano da graça de 2006, que iniciamos. Precisamente por este motivo, a primeira
leitura da Missa invocou a bênção e a paz sobre nós: “O
Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se
compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” Três vezes foi pronunciado o nome do
Senhor! Começamos bem o ano de 2006! Mas, nunca esqueçamos quem é este Senhor:
é o Menino que nos nasceu, o Filho que nos foi dado e que, precisamente, hoje,
oito dias após o seu admirável nascimento, recebeu o nome de Jesus, que
significa Deus salva! Eis: em Jesus, Deus nos salva com a verdadeira paz, paz
que brota da comunhão com o Senhor! Que ele inunde com sua doce paz os dias do
novo Ano, criança como o Menino de Belém!
Mas,
hoje, é também a Oitava do Santo Natal, dia no qual a Igreja volta-se para a
Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o verdadeiro Deus feito homem. Chegou
a plenitude dos tempos e “Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher”, aquela mesma que os pastores encontraram
velando o “recém-nascido deitado na
manjedoura”. Somos gratos à Virgem Santa e, contemplando o seu
filhinho, reconhecemos nele o Deus perfeito e a proclamamos verdadeiramente Mãe
de Deus: “Salve, ó Santa Mãe de Deus!
Vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!’ – assim canta a Igreja hoje, saudando
a Toda Santa Virgem Maria. Nossos irmãos orientais, de rito bizantino, no
Natal, cantam assim: “Ó Cristo, que podemos
oferecer-vos como dom por vos terdes manifestado sobre a terra na nossa
humanidade? Com efeito, cada uma das vossas criaturas exprime a sua ação de
graças, e a vós traz: os Anjos, o seu cântico; o céu, uma estrela; os Magos, os
seus dons; os Pastores, a admiração; a terra, uma gruta; o deserto, uma
manjedoura; e nós, uma Virgem Mãe!” Eis, pois, caríssimos irmãos, nossa
presente ao Salvador: a mais bela flor de nossa raça, o mais belo membro da
Igreja, a Virgem Maria!
Comprometamo-nos, então, a viver os dias do Novo Ano com as mesmas atitudes de
Nossa Senhora! Primeiro, uma atitude de fé: ela escutou a Palavra, ela creu de
todo o coração. Foi mulher totalmente aberta ao seu Senhor. Que neste 2006,
saibamos, também nós, viver de fé; mesmo quando tudo parecer escuro, mesmo nos
dias difíceis, mesmos nos momentos de pranto e nossa inteligência não conseguir
compreender nem nossa vista conseguir enxergar os passos do Senhor. Em segundo
lugar, uma atitude de disponibilidade à missão. Nossa Senhor não se furtou ao
convite do Senhor, não se acomodou numa vida centrada nos seus próprios
interesses: fez-se serva, fez-se disponível, fez-se ministra do plano salvífico
do Senhor em nosso favor. Do mesmo modo, saibamos nós discernir o que o Senhor
nos vai pedir e, sem medo, sem mesquinho fechamento, digamos-lhe “sim”, mesmo
quando tal resposta for difícil e sofrida! Mas, tudo isso será impossível sem
uma terceira atitude que devemos aprender da Mãe de Deus: aquela de escuta
silenciosa e contemplativa. O Evangelho nos dá conta que Maria “guardava
todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração!” Eis! A Virgem rezava, a Virgem pensava
nos acontecimentos à luz de Deus, na presença silenciosa do Senhor, procurando
entender o sentido profundo das coisas. Somente quem faz assim pode ver sempre
Deus em todas as coisas e em todas as circunstâncias...
Caríssimos, certamente, haveremos de sorrir e chorar nestes dias do novo ano.
Que lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas, abraços e separações, sejam
vividos na luz do Senhor, do Menino que brilhou como luz nas nossas trevas e
que, nele, encontremos sempre a paz. Para tanto, valha-nos, cada dia deste
2006, as preces da Toda Santa Mãe de Deus! Amém.
D. Henrique Soares
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