quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

CELEBRAÇÃO DO DIA DE NATAL, subsídios para o dia de Natal

Natal  Celebração do Dia 25
Sinopse: TEMA: O amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus; Ele é a Palavra que se fez Pessoa no meio de nós, dando-nos dignidade de “filhos de Deus”;
Primeira leitura: anuncia a chegada do Deus libertador. O profeta convida a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
Evangelho: apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus e criando condições para que nasça o Homem Novo..
Segunda leitura: apresenta o plano de Deus que os homens devem escutar e acolher.

6. PRIMEIRA LEITURA (Is 52,7-10) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Como são belos... os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem, prega a salvação e diz a Sião: “Reina teu Deus!” Ouve-se a voz de teus vigias, eles levantam a voz, estão  exultantes de alegria, sabem que verão com os próprios olhos o Senhor voltar a Sião. Alegrai-vos e exultai ao mesmo tempo, ó ruínas de Jerusalém, o Senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém. O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus.
AMBIENTE
Entre 586 e 539 a.C., o Povo no Exílio na Babilônia. Sem perspectivas de futuro, Judá não vê saída. No final do Exílio, as vitórias de Ciro, rei dos Persas, os exilados começam a ver uma pequena luz ao fundo do túnel; É aí que aparece o Deutero-Isaías (cf. Is 40-55); diz que a libertação está próxima e é obra de Jahwéh. É neste ambiente que podemos situar a primeira leitura de hoje.
MENSAGEM
Para revitalizar a esperança ele anuncia “a paz” (“shalom”: paz, bem-estar, harmonia, felicidade), proclama a “salvação” e promete o “reinado de Deus”. A questão é esta: Deus assume se como “rei” de Judá… Ele não reinará à maneira desses reis que conduziram o Povo por caminhos de egoísmo e de morte até à catástrofe final do Exílio; mas Jahwéh exercerá a realeza de forma a proporcionar a “salvação” ao seu Povo – inaugurando uma era de paz, de bem-estar, de felicidade sem fim. Com Deus, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, cheia de alegria e de festa.
ATUALIZAÇÃO
¨ A alegria pela libertação do cativeiro anuncia essa outra libertação, plena e total, que Deus vai oferecer ao seu Povo através de Jesus. É isso que celebramos hoje: o nascimento de Jesus significa que chegou a paz definitiva, que o “reinado de Deus” alcançou a nossa história.
¨ As sentinelas identificam a chegada do Deus libertador, convidam-nos a ler, os sinais de Deus no mundo e a anunciar a todos que Deus aí está, para reinar sobre nós e dar a salvação e a paz.

10. EVANGELHO (Jo 1,1-18) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. ...Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez.... Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá la. ...João... veio como testemunha... da luz... Ele não era a luz... A Palavra estava no mundo ...mas o mundo não quis conhecê-la. ...Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tomarem filhos de Deus... E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, ...Dele, João dá testemunho...: “...O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”.... A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-la deu a conhecer.
AMBIENTE
O hino expressa a fé da comunidade joanina em Cristo, Palavra de Deus, eterna, divina, a sua influência no mundo e na história, possibilitando aos homens tornar-se “filhos de Deus”.
MENSAGEM
A expressão “no princípio”: lembra o relato da criação (Gn 1,1: em Jesus vai acontecer a intervenção de Deus para dar vida ao homem … Jesus fará nascer um homem novo; a “Palavra” (“Lógos”) é anterior ao céu e à terra. Esta “Palavra” não só estava junto de Deus, mas “era Deus”. Essa “Palavra” é geradora de vida para o homem, concretizando o projeto de Deus. Essa “Palavra” fez-se “carne” (pessoa). Essa “Palavra” “montou a sua tenda no meio de nós”. A função dessa “Palavra” está ligada ao binômio “vida/luz”, a luz que ilumina o caminho do homem para a vida plena. Jesus Cristo vai deparar-se com a oposição à “vida/luz” que Ele traz. Os dirigentes judeus que enfrentam Jesus e o condenam à morte são o rosto visível dessa Lei. Recusar a “vida/luz” significa preferir caminhar nas trevas (mentira, escravidão, opressão), independentemente de Deus; significa recusar chegar a ser homem pleno, livre, criação acabada e elevada à sua máxima potencialidade. Mas o acolhimento da “Palavra” implica a participação na vida de Deus. Acolher a “Palavra” significa tornar-se “filho de Deus”: Deus dá vida em plenitude ao homem. Isto é uma “nova criação”, um novo nascimento, que não provém da carne e do sangue, mas sim de Deus. A incarnação de Jesus significa, portanto, que Deus oferece à humanidade a vida em plenitude. Toda a obra de Jesus consistirá em capacitar o homem para a vida nova, para a vida  plena, a fim de que Ele possa realizar em si mesmo o projeto de Deus: a semelhança com o Pai.
ATUALIZAÇÃO
¨ A transformação da “Palavra” em “carne” é o amor sem limite manifestado por nossa salvação.  ¨ Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena como  “filhos de Deus”.

8. SEGUNDA LEITURA (Hb 1,1-6) Leitura da Carta aos Hebreus.
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus pelos profetas; nestes dias... nos falou por meio do Filho... e pelo qual também ele criou o universo. Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas. Ele foi colocado tanto acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o nome deles. De fato, a qual dos anjos Deus disse alguma vez: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei?” Ou ainda: “Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho?” Mas, quando faz entrar o Primogênito no mundo, Deus diz: “Todos os anjos devem adorá-lo!”
AMBIENTE
A Carta aos Hebreus é um escrito anônimo. O objetivo é estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé. Para isso, expõe o mistério de Cristo ( “o sacerdote” da Nova Aliança) e recorda a fé tradicional da Igreja.
MENSAGEM
Deus é o protagonista dessa história. Esse projeto manifestou-se, numa primeira fase, através dos porta-vozes de Deus – os profetas; eles transmitiram aos homens a proposta salvadora e libertadora de Deus. Veio, depois, uma segunda etapa da história da salvação: “nestes dias”, Deus manifestou-se através do próprio “Filho” – Jesus Cristo, o “menino de Belém”, a Palavra plena, definitiva, perfeita, através da qual Deus vem ao nosso encontro para nos “dizer” o caminho da salvação e da vida nova. O nosso texto reflete sobre a relação de Jesus com o Pai, com os homens e com os anjos (comunidade que dava importância excessiva ao culto dos “anjos”). Para o autor, Jesus, o “Filho”, identifica-Se plenamente com o Pai. Ele é o esplendor da glória do Pai, a imagem do ser do Pai, a reprodução exata e perfeita da substância do Pai: desta forma, o autor da carta afirma que Jesus procede do Pai e é igual ao Pai. N’Ele manifesta-se o Pai; quem olha para Ele, encontra o Pai. Definida a relação de Jesus com Deus, o autor reflete sobre a relação de Jesus com o mundo… O Filho está na origem do universo (e, portanto, também do homem); por isso, Ele tem um senhorio pleno sobre toda a criação. Essa soberania expressa-se, inclusive, na incarnação e redenção: Ele veio ao encontro do homem e purificou-o do pecado: dessa forma, Ele completou a obra começada pela Palavra criadora, no início. É como “o Senhor” – que possui soberania sobre os homens e sobre o mundo, que cria e que salva – que os homens o devem ver e acolher. A igualdade fundamental do “Filho” com o Pai o faz muito superior aos anjos: os anjos não são “filhos”; mas Jesus é “o Filho” e o próprio Deus proclamou essa relação de filiação plena, real, perfeita. Não são os anjos que salvam, mas sim “o Filho”. Ele deve ser escutado como o caminho mais seguro para a vida nova que o Pai propõe.
ATUALIZAÇÃO
¨ Celebrar o nascimento de Jesus é contemplar o amor de um Deus que enviou o próprio Filho para conduzir o homem ao encontro da vida definitiva, da salvação plena.
¨ Jesus Cristo é a Palavra viva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus… “Escutar” essa Palavra é fazer dele a nossa referência, o critério que orienta as nossas atitudes e as nossas opções.
Vitória. Perdão. Vida. Tudo isso nos é dado porque “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, A vitória vem pela Cruz! Mas o despojamento da Cruz já se prefigura em Belém.
Mas, quem é este Menino? Quem é este Filho? Agora, com o sol já claro e alto, podemos enxergar melhor o Mistério: Ele não veio para julgar ninguém. Não nasceu para condenar. Por isso ele apareceu como criancinha e não como um rei; pode ser encontrado na manjedoura, não no trono.! São Jerônimo medita sobre este mistério: “O Cristo não encontra lugar no Santo dos Santos, onde o ouro, as pedras preciosas, a seda e a prata reluziam: não, ele não nasce entre o ouro e as riquezas, mas nasce num estábulo, na lama dos nossos pecados. Ele nasce num estábulo para reerguer os que jazem no meio do estrume: ‘Ele retira o pobre do estrume’. o paganismo merece prata e ouro. A fé cristã merece o estábulo de palha. salmista: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça. Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!”
 “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião: o teu Deus reina! O Senhor consolou o seu povo! O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão dever a salvação que vem do nosso Deus”. Sejamos mensageiros dessa paz, dessa boa nova, sejamos testemunhas do Menino, irradiemos a graça do Santo Natal! Amém.
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Natal Celebração do Dia 25 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)
TEMA: O amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus; Ele é a Palavra que se fez Pessoa no meio de nós, dando-nos dignidade de “filhos de Deus”;
Primeira leitura: anuncia a chegada do Deus libertador. O profeta convida a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
Evangelho: apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus e criando condições para que nasça o Homem Novo..
Segunda leitura: apresenta o plano de Deus que os homens devem escutar e acolher.

6. PRIMEIRA LEITURA (Is 52,7-10) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem, prega a salvação e diz a Sião: “Reina teu Deus!” Ouve-se a voz de teus vigias, eles levantam a voz, estão  exultantes de alegria, sabem que verão com os próprios olhos o Senhor voltar a Sião. Alegrai-vos e exultai ao mesmo tempo, ó ruínas de Jerusalém, o Senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém. O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus.
AMBIENTE
Entre 586 e 539 a.C., o Povo de Deus experimenta a prova do Exílio na Babilônia. À frustração pela derrota, juntam-se as saudades de Jerusalém. Ao povo exilado, parece que Deus os abandonou. Rodeado de inimigos, sem perspectivas de futuro, Judá não vê saída para a sua triste situação. Quando, já na fase final do Exílio, as vitórias de Ciro, rei dos Persas, os exilados começam a ver uma pequena luz ao fundo do túnel; É neste contexto que aparece o testemunho profético do Deutero-Isaías. A sua mensagem (cf. Is 40-55) é uma mensagem de consolação e de esperança; diz que a libertação está próxima e é obra de Jahwéh. O nosso texto está integrado na segunda parte do “Livro da Consolação” (cf. Is 40-55). Aí, o profeta fala da reconstrução e da restauração de Jerusalém. O profeta garante que Deus não Se esqueceu da sua cidade em ruínas e vai fazer dela uma cidade bela e cheia de vida, como uma noiva em dia de casamento. É neste ambiente que podemos situar a primeira leitura de hoje.
MENSAGEM
Para revitalizar a esperança ele anuncia “a paz” (“shalom”: paz, bem-estar, harmonia, felicidade), proclama a “salvação” e promete o “reinado de Deus”. A questão é esta: Deus assume se como “rei” de Judá… Ele não reinará à maneira desses reis que conduziram o Povo por caminhos de egoísmo e de morte até à catástrofe final do Exílio; mas Jahwéh exercerá a realeza de forma a proporcionar a “salvação” ao seu Povo – inaugurando uma era de paz, de bem-estar, de felicidade sem fim. Com Deus, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, cheia de alegria e de festa.
ATUALIZAÇÃO
¨ A alegria pela libertação do cativeiro anuncia essa outra libertação, plena e total, que Deus vai oferecer ao seu Povo através de Jesus. É isso que celebramos hoje: o nascimento de Jesus significa que chegou a paz definitiva, que o “reinado de Deus” alcançou a nossa história. Para que essa “boa notícia” se cumpra é preciso acolher Jesus e aderir ao “Reino” que Ele veio propor.
¨ As sentinelas atentas,  que identificam a chegada do Deus libertador, convidam-nos a ler, os sinais da presença libertadora de Deus no mundo e a anunciar a todos os homens que Deus aí está, para reinar sobre nós e para nos dar a salvação e a paz.

10. EVANGELHO (Jo 1,1-18) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus.
Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá la. Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. A Palavra estava no mundo - e o mundo foi feito por meio dela - mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tomarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai. como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-la deu a conhecer.
AMBIENTE
O hino cristológico que chegou até nós expressa, em forma de confissão, a fé da comunidade joanina em Cristo enquanto Palavra viva de Deus, a sua origem eterna, a sua procedência divina, a sua influência no mundo e na história, possibilitando aos homens que O acolhem e escutam tornar-se “filhos de Deus”.
MENSAGEM
O prólogo ao Quarto Evangelho começa com a expressão “no princípio”: dessa forma, João enlaça o seu Evangelho com o relato da criação (Gn 1,1), oferecendo-nos assim, desde logo, uma chave de interpretação para o seu escrito… Aquilo que ele vai narrar sobre Jesus está em relação com a obra criadora de Deus: em Jesus vai acontecer a definitiva intervenção criadora de Deus no sentido de dar vida ao homem e ao mundo… A atividade de Jesus, enviado do Pai, consiste em fazer nascer um homem novo; a sua ação coroa a obra criadora iniciada por Deus “no princípio”. João apresenta, logo a seguir, a “Palavra” (“Lógos”). A “ Palavra” é – de acordo com o autor do Quarto Evangelho – uma realidade anterior ao céu e à terra, implicada já na primeira criação. Esta “Palavra” apresenta-se com as características que o “Livro dos Provérbios” atribuía à “sabedoria”: pré-existência (cf. Prov 8,22-24) e colaboração com Deus na obra da criação (cf. Prov 8,24-30). No entanto, essa “Palavra” não só estava junto de Deus e colaborava com Deus, mas “era Deus”. Identifica-se totalmente com Deus, com o ser de Deus, com a obra criadora de Deus. É como que o projeto íntimo de Deus, que se expressa e se comunica como “Palavra”. Deus faz-Se inteligível através da “Palavra”. Essa “Palavra” é geradora de vida para o homem e para o mundo, concretizando o projeto de Deus. Essa “Palavra” veio ao encontro dos homens e fez-se “carne” (pessoa). João identifica claramente a “Palavra” com Jesus, o “Filho único cheio de amor e de verdade”, que veio ao encontro do homem. Nessa pessoa (Jesus), podemos contemplar o projeto ideal de homem, o homem que nos é proposto como modelo, a meta final da criação de Deus. Essa “Palavra” “montou a sua tenda no meio de nós”. Agora, a “tenda de Deus”, o local onde Ele habita no meio dos homens, é o Homem/Jesus. Quem quiser encontrar Deus e receber d’Ele vida em plenitude (“salvação”), é para Jesus que se tem de voltar. A função dessa “Palavra” está ligada ao binômio “vida/luz”: comunicar ao homem a vida em plenitude; ou, por outras palavras, trata-se de acender a luz que ilumina o caminho do homem, possibilitando-lhe encontrar a vida verdadeira, a vida plena. Jesus Cristo vai, no entanto, deparar-se com a oposição à “vida/luz” que Ele traz. Ao longo do Evangelho, João irá contando essa história do confronto da “vida/luz” com o sistema injusto e opressor que pretende manter os homens prisioneiros do egoísmo e do pecado (e que João identifica com a Lei. Os dirigentes judeus que enfrentam Jesus e o condenam à morte são o rosto visível dessa Lei). Recusar a “vida/luz” significa preferir continuar a caminhar nas trevas (que se identificam com a mentira, a escravidão, a opressão), independentemente de Deus; significa recusar chegar a ser homem pleno, livre, criação acabada e elevada à sua máxima potencialidade. Mas o acolhimento da “Palavra” implica a participação na vida de Deus. João diz mesmo que acolher a “Palavra” significa tornar-se “filho de Deus”. Começa, para quem acolhe a “Palavra”/Jesus, uma nova relação entre o homem e Deus, aqui expressa em termos de filiação: Deus dá vida em plenitude ao homem, oferecendo-lhe, assim, uma qualidade de vida que potencia o seu ser e lhe permite crescer até à dimensão do homem novo, do homem acabado e perfeito. Isto é uma “nova criação”, um novo nascimento, que não provém da carne e do sangue, mas sim de Deus. A incarnação de Jesus significa, portanto, que Deus oferece à humanidade a vida em plenitude. Toda a obra de Jesus consistirá em capacitar o homem para a vida nova, para a vida  plena, a fim de que Ele possa realizar em si mesmo o projeto de Deus: a semelhança com o Pai.

ATUALIZAÇÃO
¨ A transformação da “Palavra” em “carne” (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de adoração, esse passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.
¨ Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, “filhos de Deus”.
¨ Hoje, como ontem, a “Palavra” continua a confrontar-se com os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar, na origem, tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem.

8. SEGUNDA LEITURA (Hb 1,1-6) Leitura da Carta aos Hebreus.
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os
últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também
ele criou o universo. Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas. Ele foi colocado tanto acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o nome deles. De fato, a qual dos anjos Deus disse alguma vez: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei?” Ou ainda: “Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho?” Mas, quando faz entrar o Primogênito no mundo, Deus diz: “Todos os anjos devem adorá-lo!”
AMBIENTE
A Carta aos Hebreus é um escrito anônimo. É possível que se dirija a uma comunidade cristã. Trata-se de cristãos em situação difícil, expostos a perseguições e que vivem num ambiente hostil à fé.  São, também, cristãos que se deixam vencer pelo desalento, que perderam o fervor inicial e que cedem às seduções de doutrinas não muito coerentes com a fé recebida dos apóstolos. O objetivo é estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé. Para isso, expõe o mistério de Cristo (apresentado, sobretudo, como “o sacerdote” da Nova Aliança) e recorda a fé tradicional da Igreja.

MENSAGEM
Temos aqui esboçadas, que Deus é o protagonista dessa história. Esse projeto manifestou-se, numa primeira fase, através dos porta-vozes de Deus – os profetas; eles transmitiram aos homens a proposta salvadora e libertadora de Deus. Veio, depois, uma segunda etapa da história da salvação: “nestes dias que são os últimos”, Deus manifestou-se através do próprio “Filho” – Jesus Cristo, o “menino de Belém”, a Palavra plena, definitiva, perfeita, através da qual Deus vem ao nosso encontro para nos “dizer” o caminho da salvação e da vida nova. O nosso texto reflete sobre a relação de Jesus com o Pai, com os homens e com os anjos (o que nos situa no ambiente de uma comunidade que dava importância excessiva ao culto dos “anjos” e que lhes concedia um papel preponderante na salvação do homem). Para o autor da Carta aos Hebreus, Jesus, o “Filho”, identifica-Se plenamente com o Pai. Ele é o esplendor da glória do Pai, a imagem do ser do Pai, a reprodução exata e perfeita da substância do Pai: desta forma, o autor da carta afirma que Jesus procede do Pai e é igual ao Pai. N’Ele manifesta-se o Pai; quem olha para Ele, encontra o Pai. Definida a relação de Jesus com Deus, o autor reflete sobre a relação de Jesus com o mundo… O Filho está na origem do universo (e, portanto, também do homem); por isso, Ele tem um senhorio pleno sobre toda a criação. Essa soberania expressa-se, inclusive, na incarnação e redenção: Ele veio ao encontro do homem e purificou-o do pecado: dessa forma, Ele completou a obra começada pela Palavra criadora, no início. É como “o Senhor” – que possui soberania sobre os homens e sobre o mundo, que cria e que salva – que os homens o devem ver e acolher. A igualdade fundamental do “Filho” com o Pai o faz muito superior aos anjos: os anjos não são “filhos”; mas Jesus é “o Filho” e o próprio Deus proclamou essa relação de filiação plena, real, perfeita. Não são os anjos que salvam, mas sim “o Filho”. Sendo a Palavra última e definitiva de Deus, Ele deve ser escutado pelos homens como o caminho mais seguro para chegar a essa vida nova que o Pai nos quer propor. É tendo consciência desse fato que devemos acolher o “menino de Belém”.

ATUALIZAÇÃO
¨ Celebrar o nascimento de Jesus é, em primeiro lugar, contemplar o amor de um Deus que nunca abandonou os homens à sua sorte; por isso, encontrou forma de dialogar com o homem e enviou o próprio Filho para conduzir o homem ao encontro da vida definitiva, da salvação plena. O Deus em quem acreditamos é o Deus do amor e da relação, que continua a nascer no mundo, a apostar nos homens, a querer dialogar com eles um caminho para chegar à felicidade plena.
¨ Jesus Cristo é a Palavra viva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus… “Escutar” essa Palavra é acolher o projeto que Jesus veio apresentar e fazer dele a nossa referência, o critério que orienta as nossas atitudes e as nossas opções.

- Pe. Manuel - Pe. Ornelas  Pe. Joaquim

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PE. PEDRINHO - Homilia no dia do NATAL ANO 2011

Como são belos os pés dos mensageiros que anunciam a paz. Esta é realmente a nossa missão, ainda que andemos pelos caminhos, pelas fábricas, nos lares, visitando aos enfermos, etc., este é um compromisso de todo cristão, anunciar a paz, para que todos se sintam amados. Por que isso? A segunda leitura nos fala que de muitos modos e de muitas maneiras nos falou o Senhor Deus a nossos pais. Nestes dias, que são os últimos, nos falou através do Filho. Nós, por graça de Deus, fomos chamados e acolhemos Deus na pessoa de Jesus e nos sentimos tão felizes por isso. Ele nos dá tanta esperança e presença na vida, que seria um egoísmo não anunciar aos outros.  É evidente que eu não preciso deixar tudo que faço para ir anunciar Jesus. Eu anuncio Jesus naquilo que eu faço. Este, talvez, seja um detalhe que muitos acabem não compreendendo. Eu não preciso deixar a minha vida para anunciar o evangelho, mas eu posso anunciar o Evangelho através de minha vida. Através de tudo o que eu faço, de tudo o que eu participo. É esta a grande maravilha. O Evangelho de hoje é um dos trechos mais belos que existe. Muitos o acham difícil de ser compreendido. Ele é chamado de prólogo de João. Ou seja, ele foi escrito como a conclusão de todo o Evangelho. Para quem não sabe bem, o prólogo nos dá uma introdução de tudo o que vai falar. É evidente que ele é escrito por último, porque ele pretende percorrer de maneira bem resumida aquilo que todo o Evangelho vai dizer. Temos aqui uma síntese de todo o Evangelho de São João.
É importante nós compreendermos algo. O Evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito. Capitulo 1, versículo 1 diz: princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Pra são Marcos isto era o suficiente. Depois outros começaram a se perguntar; “quem era esse Jesus, Filho de Deus?” então, Mateus foi responder isso. Aí, Temos Mateus, capítulo um, versículo 1 a 17; “Jesus Cristo, Filho de Deus, Filho de Abraão. Abraão gerou Isac, Isac gerou Jacó, Jacó gerou José... e aí traz toda uma genealogia, pra dizer que Jesus pertence ao povo de Deus. Então os não eram judeus disserem; “e nós? Ele é exclusivo do povo judeu? Nós não temos participação?”
Então Lucas disse: Tem sim. No capítulo 3, versículo 23... conforme se supunha, Jesus tinha 30 anos quando  começa seu ministério. Então começa a sua genealogia. Ao contrário de Mateus, ele começa do fim para o começo; Jesus, filho de José, filho de Jacó... e vai do fim para o começo, até que diz filho de Adão, ou seja, se é filho de Adão, Jesus é filho de toda a humanidade, Filho de Deus. Voltaram no ponto inicial de Marcos. Para João isto não é suficiente. Jesus não é somente um Filho de Deus. Isto todos nós somos. É evidente que se eu olhar para ele na manjedoura só como Filho de Deus, eu vou reduzir, pois Ele é mais do que isso. E aí ele começa; Jesus é a Palavra de Deus. No princípio era a Palavra, a Palavra estava em Deus, até que ele diz que a Palavra era Deus.  Então é João que nos ajudou a compreender que Jesus é Deus feito homem. Então, ele olhando da terra para o céu, Jesus é um homem que atinge a Divindade. Olhando do céu para a terra, Deus é tão bom, que assume a humanidade. De tal maneira que daqui para cima e de cima para baixo, Deus é o mesmo homem e Deus. O único ser com duas naturezas. Esta é a beleza da nossa fé e já são dois mil anos que contemplamos este mistério, e cada vez ele é mais rico e mais completo.  Então, é João que nos ensina que Jesus é Deus. Ora, mas então eu posso acreditar e quem não consegue acreditar, deve pedir a ajuda de Deus. Quem de fato acredita, recebe uma grande graça.
Hoje é muito difícil crer na palavra, porque as pessoas não honram muito a palavra. Estou generalizando, evidentemente. No caso do Evangelho, esta é uma palavra que já foi colocada no cadinho, colocada a prova por dois mil anos e permanece firme. Alguns perguntaram; como é que Jesus pode ser Deus, se também Ele foi criado, se também Ele nasceu. Então a Igreja responde já lá pelos anos trezentos, que Jesus foi gerado e não criado. É o que nós vamos falar daqui a pouco. É o que nós vamos professar daqui a pouco; gerado, não criado, consubstancial ao Pai, da mesma natureza do Pai. Quando nós comtemplamos o Pai, vemos Jesus e quando comtemplamos Jesus, vemos o Pai.
Por isso, não é suficiente celebrar o natal, é necessário compreender o natal, porque quando celebro o natal, celebro a generosidade de Deus, onde Jesus se apresenta como um irmão nosso.

PE. PEDRINHO.


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Vitória, perdão e vida junto ao Menino-Deus

“Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida” (S. Leão Magno).
Vitória. Perdão. Vida. Tudo isso nos é dado porque “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). No dia 25 de março, a Igreja celebra a anunciação do Senhor e a encarnação do Verbo; nove meses depois, no dia 25 de dezembro, o Verbo encarnado nasce para que possamos ver a sua glória velada, mas real. O menino frágil e dependente de Maria e de José é o Filho de Deus encarnado, é ele e somente ele quem pode dar-nos a vitória, o perdão e a vida.
Vitória! Esta palavra me lembra daquele canto tradicional: “Vitória! Tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás!” A vitória vem pela Cruz! Mas o despojamento da Cruz já se prefigura em Belém. O Filho de Deus, desde o seu nascimento temporal, se deixa acompanhar pela pobreza, pela simplicidade e até pela perseguição. E aí se encontra a vitória? Para uma mentalidade hedonista, materialista e sem fé, tal coisa seria um absurdo. Malgrado, tal maneira de pensar está penetrando em muitos cristãos que, em nome de uma “corrente da prosperidade”, já não querem abraçar a cruz das tribulações nesta vida. Ao contrário, pretendem viver sem tribulações nesta vida e na outra. Na outra, tudo bem. Nesta vida, porém, a coisa é diferente! Jesus passou por muitas dificuldades e abraçou a cruz amorosamente desde o seu nascimento… E nós? Por que tanto medo da cruz? Por que tanto medo de encontrar-nos com o Cristo pobre e simples? Por que tanto medo da vitória de Deus que é, de maneira patente, vitória sobre o nosso egoísmo e aburguesamento?
Mas podemos recomeçar! O perdão de Deus se nos oferece constantemente para que, com alegria, vivamos a nossa fé. Por mais pecador que sejamos não tenhamos medo do Senhor, ele fez-se tão pequeno para que os pequenos deste mundo se aproximassem dele com a esperança da reconciliação com Deus e com todos os homens. Nem permitiremos que alguma falta de perdão aos outros invada o nosso coração neste dia santo. Abriremos de par em par o nosso ser a Deus e a todos os homens e mulheres, máxime àqueles que estão próximos a nós. Tais pessoas merecem a nossa atenção, gratidão e estima. Lembremo-nos da oração que o Senhor nos ensinou: “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Perdoemos! Perdoemos de coração a quem nos ofendeu e sentiremos um grande alívio, uma grande paz, uma restauração que vai do mais profundo ao mais periférico do nosso ser.
“Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1,5). A vida do Filho de Deus ilumina a vida dos filhos dos homens. Ilumina-a porque a retira das trevas do pecado e da morte. Ilumina-a porque dá sentido ao que antes estava desorientado. Ilumina-a porque dá todos os meios necessários para alcançar a felicidade já neste mundo e, depois, na eternidade. Talvez muitas pessoas considerem-se como que “jogadas aí na existência” e aí deixadas simplesmente porque não descobriram o projeto de Deus para as suas vidas. É misterioso e, ao mesmo tempo, é duro pensar que nós, seres humanos, podemos frustrar os desígnios de Deus. Foi exatamente isso que aconteceu com alguns dos contemporâneos de Jesus, fariseus e mestres da Lei, dos quais se diz que ao rejeitarem o batismo de João e, posteriormente, o de Jesus “tornaram inútil para si mesmos o projeto de Deus” (Lc 7,30).
Não tornaremos inútil o projeto de Deus para nós. Ao participarmos das celebrações da Igreja durante esses dias solenes, aproximar-nos-emos do presépio humilde de Belém e diremos ao Senhor que a sua Vida encha a nossa vida, que o nosso amor encha o nosso coração e que nas nossas vidas se cumpram os eternos desígnios da Santíssima Trindade. Maria, a Mãe de Jesus, está segurando o Menino Jesus nos seus braços e quer deixar que também nós tenhamos em nossos braços o Divino Infante. Ela sabe que só ele tem a chave para todos os mistérios da nossa vida. Jesus, sendo verdadeiro Deus, é também o verdadeiro homem que mostra em si mesmo como deve ser a pessoa humana segundo os projetos eternos.
Feliz Natal!                            Pe. Françoá Costa
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Jo 1,1-18
“Um Menino nasceu para nós: um Filho nos foi dado! O poder repousa nos seus ombros. Ele será chamado ‘Mensageiro do Conselho de Deus’”. Estas palavras, lidas na leitura da Missa da Noite, dão bem o sentido da presente celebração. Nasceu para nós um Menino; foi-nos dado um Filho! Vamos encontrá-lo pobrezinho e frágil, deitado na manjedoura, alimentado por uma Virgem Mãe, guardado por um pobre carpinteiro. Mas, quem é este Menino? Quem é este Filho? Agora, com o sol já claro e alto, podemos enxergar melhor o Mistério: meditemos bem sobre o que celebramos na noite de ontem para hoje, no que professamos neste dia tão santo!
Este menininho, a Escritura nos diz que ele é a Palavra eterna do Pai: esta Palavra “no princípio estava com Deus… e a Palavra era Deus”. Esta Palavra, que dorme agora no presépio, depois de ter mamado, é aquela Palavra poderosa pela qual tudo que existe foi feito, “e sem ela nada se fez de tudo que foi feito”. Esta Palavra tão potente, feita tão frágil, esta Palavra que sempre existiu e que nasceu na madrugada de hoje, esta Palavra que é Deus, feita agora recém-nascido, é a própria Vida, e esta Vida é a nossa luz, é a luz de toda humanidade. Fora dela, só há treva confusa e densa! Sim, fora do Deus feito homem, do Emanuel, não há vida verdadeira! O Autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura, diz que, após ter falado aos nossos pais de tantos modos, Deus, agora, falou-nos pessoalmente no seu Filho, “a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo”; somente a ele, o Pai disse: “tu és o meu Filho, eu hoje te gerei!” Por isso, somente eles nos dá o dom da vida do próprio Deus!
Eis o mistério da festa de hoje: nesta criancinha nascida para nós, Deus visitou o seu povo, Deus entrou na humanidade. Que mistério tão profundo: ele, sem deixar de ser Deus, tornou-se homem verdadeiramente. Deus se humanizou! Veio desposar a nossa condição humana, veio caminhar pelos nossos caminhos, veio experimentar a dor e a alegria de viver humanamente: amou com um coração humano, sonhou sonhos humanos, chorou lágrimas humanas, sentiu a angústia humana… Ele, Filho eterno do Pai, tornou-se filho dos homens para salvar toda a humanidade, “tornou-se de tal modo um de nós, que nós nos tornamos eternos!”
Ó criatura humana, por que temes com a vinda do Senhor? Ele não veio para julgar ninguém. Não nasceu para condenar. Por isso ele apareceu como criancinha e não como um rei potente; pode ser encontrado na manjedoura, não no trono. Seu chorinho é doce, não afugenta ninguém. Sua mãe enfeixou seus bracinhos frágeis: por que ainda temes? Ele não veio armado para punir. Ele está aí franzino para ficar junto de nós e nos libertar! Celebra, pois, a chegada do teu maior Amigo! Canta Aquele que foi sempre, no sono e na vigília, esperado e ansiado, o guarda de Israel, o consolo da humanidade, o alento do nosso coração. Ele chegou, finalmente! Chegou para nunca mais nos deixar, porque desposou para sempre a nossa pobre humanidade! São Jerônimo, com palavras cheias de ternura, medita sobre este mistério: “O Cristo não encontra lugar no Santo dos Santos, onde o ouro, as pedras preciosas, a seda e a prata reluziam: não, ele não nasce entre o ouro e as riquezas, mas nasce num estábulo, na lama dos nossos pecados. Ele nasce num estábulo para reerguer os que jazem no meio do estrume: ‘Ele retira o pobre do estrume’. Que todos os pobres encontrem nisso consolo! Não havia outro lugar para o nascimento do Senhor, a não ser um estábulo; um estábulo onde se achavam amarrados bois e burros! Ah! Se me fosse dado ver este estábulo onde Deus repousou! Na realidade, pensamos honrar o Cristo retirando o presépio de palha e substituindo-o por um de prata… Para mim tem mais valor justamente o que foi retirado: o paganismo merece prata e ouro. A fé cristã merece o estábulo de palha. Pois bem! Ouvimos a criança choramingar no estábulo: adoremo-la, todos nós, no dia de hoje. Ergamo-la em nossos braços, adoremos o Filho de Deus. Um Deus poderoso, que por longo tempo, bradou alto dos céus e não salvou ninguém: agora choramingou e salvou. A elevação jamais salva; o que salva é a humildade! O Filho de Deus estava no céu, e não era adorado; desce à terra e passa a ser adorado. Mantinha sob seu domínio o sol, a lua, os anjos, e não era adorado; nasce na terra, homem, homem completo, integralmente homem, a fim de curar a terra inteira. Tudo o que não assumisse de humano, também não salvaria…”
É este o mistério do Santo Natal! Tenhamos o cuidado de não parar nas aparências, de não ficarmos somente na meiga cena do Menino, com a Virgem e são José! Este Menino é o Emanuel, o Deus-conosco! Este Menino veio como sinal de contradição, pois diante dele ninguém pode ser indiferente: ou se o acolhe, ou se o rejeita: “A Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não quis conhece-la. Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. Mas, a todos os que a acolheram, deram a capacidade de se tornarem filhos de Deus…” Pois bem: acolhamo-la, a Palavra que se fez Menino, Filho que nos foi dado! Se o acolhermos de verdade, na pobreza do dia-a-dia, no esforço de uma vida santa, então poderemos cantar com o salmista: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça. Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!”
Vamos todos! Sejamos testemunhas da graça deste dia, da novidade desta festa. E cumpram-se em nós as palavras da Escritura na leitura da missa de hoje: “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião: o teu Deus reina! O Senhor consolou o seu povo! O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão dever a salvação que vem do nosso Deus”. Sejamos mensageiros dessa paz, dessa boa nova, sejamos testemunhas do Menino, irradiemos a graça do Santo Natal! Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
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Homilia do Mons. José Maria – Natal

Somos convidados a formar coro com os anjos: Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na Terra às pessoas de boa vontade. Chegou a salvação! A luz se manifestou para iluminar os caminhos da humanidade, que anseia por paz e fraternidade. Deus se torna presente em nosso meio. A palavra se fez carne e veio morar junto a nós!
Alegremo-nos todos no Senhor! Hoje nasceu o Salvador do mundo; hoje desceu do céu a verdadeira paz. “Acabamos de ouvir uma mensagem transbordante de alegria e digna de todo o apreço: Cristo Jesus, o Filho de Deus, nasceu em Belém de Judá. A notícia faz-me estremecer, o meu espírito acende-se no meu interior e apressa-se, como sempre, a comunicar-vos esta alegria e este júbilo”, anuncia São Bernardo. Coloquemo-nos a caminho para contemplar e adorar Jesus, pois todos temos necessidade dEle; é unicamente dEle que temos verdadeira necessidade. A verdade é que nenhum caminho que empreendemos vale a pena se não termina no Menino-Deus.
“Hoje nasceu o nosso Salvador. Não pode haver lugar para a tristeza, quando acaba de nascer a própria vida, a mesma que põe fim ao temor da mortalidade e nos infunde a alegria da eternidade prometida. Ninguém deve sentir-se incapaz de participar de tal felicidade, a todos é comum o motivo para o júbilo; pois Nosso Senhor, destrutor do pecado e da morte, como não encontrou ninguém livre de culpa, veio libertar-nos a todos. Alegre-se o santo, já que se aproxima a vitória. Alegre-se o gentio, já que é chamado à vida. Pois o Filho, ao chegar a plenitude dos tempos, assumiu a natureza do gênero humano para reconciliá-la com o seu Criador” (São Leão Magno). Daqui nasce para todos, como um rio que não pode ser contido, a alegria destas festas.
Vamos à Gruta de Belém levando o nosso presente! E talvez aquilo que mais agrade à Virgem Maria seja uma alma mais delicada, mais limpa, mais alegre por ser mais consciente da sua filiação divina, mais bem preparada por meio de uma confissão realmente contrita, a fim de que o Senhor resida com mais plenitude em nós: essa confissão que talvez Deus esteja esperando há tanto tempo…
Maria e José estão nos convidando a entrar. E, já dentro, dizemos a Jesus com a Igreja: “Rei do universo, a quem os pastores encontraram envolto em panos, ajudai-nos a imitar sempre a vossa pobreza e a vossa simplicidade” (Preces das Laudes de 5 de janeiro).
No presépio contemplamos Jesus, recém nascido, que não fala; mas é a Palavra eterna do Pai. Já se disse que o Presépio é uma cátedra. Nós deveríamos hoje “entender as lições que Jesus nos dá, já desde Menino, desde recém-nascido, desde que os seus olhos se abriram para esta bendita terra dos homens” (São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa, nº14).
Jesus nasce pobre e ensina-nos que a felicidade não se encontra na abundância de bens. Vem ao mundo sem, ostentação alguma, e anima-nos a ser humildes e a não estar preocupados com o aplauso dos homens.
Quando nos aproximarmos hoje do Menino para beijá-lo, quando contemplarmos o presépio ou meditarmos neste grande mistério, agradeçamos a Deus o seu desejo de descer até nós para se fazer entender e amar, e decidamo-nos, nós também a tornar-nos crianças, para podermos assim entrar no Reino dos Céus.
Sejamos anunciadores da Boa Nova da Salvação que veio até nós! Na verdade, para que serviria celebrar o Natal de Jesus se os cristãos não soubessem anunciá-Lo aos seus irmãos com a sua própria vida? Celebra verdadeiramente o Natal todo aquele que, em si mesmo, acolhe o Salvador, com fé e com amor cada vez mais intensos, aquele que O deixa nascer e viver em seu coração para que possa manifestar-Se ao mundo na bondade, benignidade e doação generosa de quantos n’Ele acreditamos.
Um Feliz e Santo Natal para todos!
Mons. José Maria Pereira







PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA




















LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
à Deus Nosso Pai, pela vinda do Vosso  Filho Jesus ao nosso mundo, fizestes-nos descobrir a Luz que dissipa as trevas, que ultrapassa o ódio e a discórdia. Nós vos confiamos as nossas posses e a nossa vida. Que a Boa Nova de Natal nos inspire acolher Jesus e nos transformarmos...
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
à Senhor, através no Vosso Filho encarnado no meio de nós,
     manifestastes todo o vosso amor pela humanidade.
     Que saibamos acolher e seguir o vosso Filho rumo ao Vosso Reino.
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
à Senhor, através de Vosso Filho reconciliastes toda a humanidade.
     Ele é o nosso caminho e a nossa salvação.
     Dai-nos força para que nos transformemos em novas pessoas.
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
à Senhor Deus, bendito sejais, porque iluminastes a humanidade
   com a presença de vosso Filho. Eis o nosso Salvador, eis o menino de Belém. Que o Espírito Santo nos Santifique e nos conduza.
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.

à àPAI NOSSO...   A PAZ DE CRISTO...   EIS O CORDEIRO...

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